Quando criei o programa em 1995 e administrei até julho de 2001, tive dois casos de protetoras que se atreveram cobrar castração. Esculhambei elas e desliguei do meu grupo de protetoras que atendiam suas comunidades. Nunca mais nenhuma se atreveu porque, na época, disse que denunciaria na polícia. E o faria tranquilamente porque é um absurdo o que algumas "ditas protetoras" criaram para viver deste expediente.
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Subsecretária denuncia venda de vagas para castração de animais na rede pública
A subsecretária municipal de Bem-Estar Animal, Suzane Rizzo, irá nesta sexta-feira à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente para denunciar a venda de vagas para castração, que seriam anunciadas por até R$ 300 em redes sociais. Segundo ela, pessoas estariam usando o serviço, que é publico e gratuito, para fins particulares.
Nas redes sociais, a reclamação em relação ao serviço parte de grupos de protetores. Segundo eles, a quantidade de cirurgias foi reduzida quase pela metade nas unidades municipais e, com isso, acaba crescendo o número de crias e, consequentemente, o de animais abandonados. Além disso, sem o devido controle de natalidade, aumentam os casos de zoonoses. A prefeitura, no entanto, alega que está fazendo uma vistoria rigorosa nos agendamentos, que agora são realizados pela internet.
Presidente da Associação Nacional de Implementação de Direitos dos Animais, Andréa Lambert diz que há um ano eram feitas 28 castrações de cães e gatos por dia, em cada um dos nove postos da prefeitura, dentro do Programa Bicho Rio. Atualmente, segundo ela, são agendadas apenas 15 cirurgias por dia: - Nossa preocupação é que acabem com o serviço - diz a protetora, que lamenta pelo sofrimento dos animais. - As pessoas não têm como controlar o cio e os bichos acabam cruzando. Eu sou veterinária, posso castrar. Mas a maioria dos protetores depende do serviço nos postos.
De acordo com Andréa, ao mesmo tempo em que houve a redução na oferta de vagas, aumentou o número de pessoas interessadas nesse tipo de atendimento público, devido à crise financeira. - Muitas pessoas estão deixando de resgatar animais porque não vão ter como castrar - diz a veterinária, acrescentando que o abrigo municipal, em Guaratiba, está lotado e sofre com a falta de medicamentos. - É o caos. Há animais com filária, um verme que ataca o coração, mas não há remédios para o tratamento.
Suzane Rizzo, que é veterinária, diz que nunca ficou provada a realização de 28 castrações por dia nos postos. Segundo ela, não havia controle desse tipo de serviço e, ao assumir a subsecretaria, foi estabelecida a quantidade de 15 castrações diárias. Além dos atendimento nos postos, ela conta que a prefeitura tem feito mutirões em comunidades, onde fazem contato com associações de moradores. Os interessados são cadastrados, e uma van recolhe os animais, que depois são devolvidos aos donos: - Esse é um serviço que tem dado muito certo, até porque nas comunidades as pessoas não tinham acesso ao serviço. Em Vila Kennedy, por exemplo, fez muito sucesso.
Apesar de protetoras consultadas pelo GLOBO alegarem que não conseguem agendar as castrações, Suzane diz que a prefeitura reserva 20 atendimentos para cada uma delas, por mês. E todo cidadão pode marcar até duas cirurgias de animais por mês (o controle é feito pelo CPF), no site
http://saa.rio.rj.gov.br/pessoapublico/index.
- Protetores que não conseguem marcar é porque não fizeram o recadastramento - diz a subsecretária, que quer identificar quem tenta burlar as regras dos postos. - A secretaria não tem poder de polícia, por isso estou indo à delegacia.
Segundo Suzane, é fato que o serviço atualmente não consegue atender à demanda, até porque muitas pessoas perderam os empregos e não podem agendar o serviço na rede particular. Ela diz que precisa de mais verba para ampliar o atendimento e que, para isso, tem buscado parcerias público-privadas com universidades e instituições.
PROTESTO EM DEFESA DE NÚCLEO DE PROTEÇÃO ANIMAL
Na segunda-feira, dia 7, protetores farão uma manifestação às 17h, em frente ao prédio da Polícia Civil, na Rua da Relação, no Centro, para pedir a volta de inspetores especializados para atendimento no Núcleo de Proteção Animal. A unidade funcionava informalmente na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. Segundo Andréa Lamber, o serviço era comandando por dois veterinários, que foram retirados da função. - Queremos a volta dos inspetores e a criação oficial do núcleo. O projeto já está na Alerj, aguardando a tramitação - diz Andréa.