Mais de US$ 3,7 bilhões. É esse o valor de uma das mais novas empresas a estrear em Wall Street, já com alta de 163% no valor de suas ações. Trata-se da Beyond Meat, especializada em carne à base de proteína vegetal. A empresa, que tem entre seus primeiros investidores o ator Leonardo DiCaprio e o guru da tecnologia Bill Gates, é o exemplo de sucesso de um mercado que tem potencial no mundo todo: o do
veganismo. A Food Revolution, entidade ligada a questões alimentares, mostrou que, em três anos, o número de pessoas que se identificam como veganas cresceu 600% nos Estados Unidos, o país que mais exporta carne bovina no mundo. Mas a expansão não está limitada aos EUA. A carne vegetal está chegando também ao Brasil.
Marcos Leta, o empresário que fundou a marca de bebidas Do Bem, é também o criador da Fazenda Futuro, a startup de alimentação que lança este mês um hambúrguer que promete reproduzir a cor, a textura e o aroma do produto com o qual os consumidores estão acostumados. “Quando começamos a pensar em que alternativas traríamos, não queríamos competir no mercado vegano, e sim no mercado de carne. A empresa tem produto vegano, mas ela está entrando no mercado comum”.
Para ele, o crescimento na demanda por esse tipo de alimento e de seus simpatizantes tem a ver com a busca não só por equilíbrio alimentar, mas também por equilíbrio ambiental. “As pessoas estão levando em conta uma consciência sobre como o boi é abatido para produzir a carne. Então, acho que é um pouco desse equilíbrio do ponto de vista da alimentação e uma consciência sobre o planeta também”, explica Leta.
Não é só impressão. Em 2018, o IBOPE Inteligência constatou a expansão desse mercado ao revelar que 55% dos brasileiros comprariam mais produtos veganos se eles tivem embalagens com informações mais claras. Nas capitais, esse índice sobe para 65%. Já o número de pessoas vegetarianas – aquelas que não comem carne, mas consomem outros produtos de origem animal, como mel e ovos – também aumentou. Em 2012, o percentual de vegetarianos correspondia a 8% dos brasileiros em áreas metropolitanas, seis anos depois esse número chegou a 14%.
MAIS INFORMAÇÃO
Para Anderson Rodrigues, fundador da Vida Veg, empresa que se juntou a outras iniciativas para suprir a crescente demanda por alimentos livres de carne, esse crescimento se explica porque um número maior de pessoas percebe que a dieta baseada em vegetais é benéfica à saúde. Além disso, o empresário salienta a contribuição da internet. “Com as redes sociais, as pesquisas têm se tornado mais acessíveis. Isso contribuiu para que as informações cheguem a um número maior de pessoas, que estão se conscientizando principalmente sobre a parte ligada à saúde”, analisa ele.
Em 2011, o brasileiro Anderson Rodrigues fazia mestrado sobre o comportamento de consumidores conscientes quando percebeu que ser vegano ou vegetariano naquele momento era ter de conviver com ausências: a de produtos acessíveis, de qualidade e sabor. Foi quando teve a ideia de criar uma empresa para driblar esse cenário. “Com o veganismo, eu vi uma oportunidade de mercado e uma forma de contribuir para a defesa dos animais”, explica o empresário. Quatro anos depois, nascia a Vida Veg,
De fato, entidades médicas têm mostrado que o consumo exagerado de carne pode trazer riscos à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou que o consumo de carne processada, tais como linguiça e bacon, pode aumentar a chance de desenvolver câncer no intestino. Em razão de seu potencial cancerígeno, esses alimentos foram colocados no grupo 1, no qual fazem parte o tabaco e o amianto.
De acordo com a nutricionista Bianca Oliveira, a alimentação sem carne ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, diminui a incidência de diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer. A profissional lembra, porém, que é preciso tomar cuidados ao abandonar de vez a carne. Desde que balanceada, essa dieta pode fornecer os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, com exceção da vitamina B12. “Se a pessoa fizer uma dieta da cabeça dela, vai ter deficiência nutricional. Mas não porque a dieta seja ruim, mas, sim, porque ela não vai saber equilibrar os ingredientes ali.” No caso da vitamina B12, ela diz que cabe ao profissional de nutrição mensurar a dosagem do suplemento, que poderá ser obtido por meio de cápsulas ou injeções.
A nutricionista também diz que o veganismo não é exclusividade de pessoas ricas, como se pensava há alguns anos. “Existe um grupo do Facebook chamado Veganos Pobres do Brasil em que as pessoas compartilham receitas baratas. É interessante, porque tenho atendido pacientes de poder aquisitivo mais baixo que decidiram ser veganos. Então a procura tem aumentado muito, o pessoal vai montando grupos e a gente tem formado uma grande família.”
MEIO AMBIENTE
Se abdicar do consumo de carne traz benefícios ao corpo, o mesmo pode ser dito sobre o meio ambiente. “Quando a pessoa tira do prato produtos de origem animal, ela está atingindo a indústria que corresponde a 98% da exploração e morte de animais no mundo”, explica Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira. No que se refere ao meio ambiente, ele diz que a pecuário é a indústria que mais utiliza água potável do mundo e aquela que mais pressiona as regiões de florestas virgens para transformá-las em pastos ou monoculturas. “Se a gente somar todo o espaço utilizado para a pecuária, é um continente africano inteiro sendo usado só para pasto e uma Austrália inteira só de produção agrícola para alimentar esses animais. O impacto ambiental é absurdo.”
Além disso, Laurino comenta que grandes empresas deixam de lutar contra a tendência de diminuir o consumo de carne e buscam incorporar produtos de origem vegetal. A demanda gerada por preocupações médicas e ambientais fez com que essas companhias enxergassem a possibilidade de expandir seu mercado consumidor. Para exemplificar, Laurino cita a rede de fast food McDonald, que se rendeu à tendência e disponibilizou um lanche para o público vegano. “Na apresentação do produto, eles mostraram que o mercado de pessoas veganas é pequeno para eles, mas mercado dos interessados e dos simpatizantes está crescendo demais. Esse, sim, interessa a eles.”
veganismo. A Food Revolution, entidade ligada a questões alimentares, mostrou que, em três anos, o número de pessoas que se identificam como veganas cresceu 600% nos Estados Unidos, o país que mais exporta carne bovina no mundo. Mas a expansão não está limitada aos EUA. A carne vegetal está chegando também ao Brasil.
Marcos Leta, o empresário que fundou a marca de bebidas Do Bem, é também o criador da Fazenda Futuro, a startup de alimentação que lança este mês um hambúrguer que promete reproduzir a cor, a textura e o aroma do produto com o qual os consumidores estão acostumados. “Quando começamos a pensar em que alternativas traríamos, não queríamos competir no mercado vegano, e sim no mercado de carne. A empresa tem produto vegano, mas ela está entrando no mercado comum”.
Para ele, o crescimento na demanda por esse tipo de alimento e de seus simpatizantes tem a ver com a busca não só por equilíbrio alimentar, mas também por equilíbrio ambiental. “As pessoas estão levando em conta uma consciência sobre como o boi é abatido para produzir a carne. Então, acho que é um pouco desse equilíbrio do ponto de vista da alimentação e uma consciência sobre o planeta também”, explica Leta.
Não é só impressão. Em 2018, o IBOPE Inteligência constatou a expansão desse mercado ao revelar que 55% dos brasileiros comprariam mais produtos veganos se eles tivem embalagens com informações mais claras. Nas capitais, esse índice sobe para 65%. Já o número de pessoas vegetarianas – aquelas que não comem carne, mas consomem outros produtos de origem animal, como mel e ovos – também aumentou. Em 2012, o percentual de vegetarianos correspondia a 8% dos brasileiros em áreas metropolitanas, seis anos depois esse número chegou a 14%.
MAIS INFORMAÇÃO
Para Anderson Rodrigues, fundador da Vida Veg, empresa que se juntou a outras iniciativas para suprir a crescente demanda por alimentos livres de carne, esse crescimento se explica porque um número maior de pessoas percebe que a dieta baseada em vegetais é benéfica à saúde. Além disso, o empresário salienta a contribuição da internet. “Com as redes sociais, as pesquisas têm se tornado mais acessíveis. Isso contribuiu para que as informações cheguem a um número maior de pessoas, que estão se conscientizando principalmente sobre a parte ligada à saúde”, analisa ele.
Em 2011, o brasileiro Anderson Rodrigues fazia mestrado sobre o comportamento de consumidores conscientes quando percebeu que ser vegano ou vegetariano naquele momento era ter de conviver com ausências: a de produtos acessíveis, de qualidade e sabor. Foi quando teve a ideia de criar uma empresa para driblar esse cenário. “Com o veganismo, eu vi uma oportunidade de mercado e uma forma de contribuir para a defesa dos animais”, explica o empresário. Quatro anos depois, nascia a Vida Veg,
De fato, entidades médicas têm mostrado que o consumo exagerado de carne pode trazer riscos à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou que o consumo de carne processada, tais como linguiça e bacon, pode aumentar a chance de desenvolver câncer no intestino. Em razão de seu potencial cancerígeno, esses alimentos foram colocados no grupo 1, no qual fazem parte o tabaco e o amianto.
De acordo com a nutricionista Bianca Oliveira, a alimentação sem carne ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, diminui a incidência de diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer. A profissional lembra, porém, que é preciso tomar cuidados ao abandonar de vez a carne. Desde que balanceada, essa dieta pode fornecer os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, com exceção da vitamina B12. “Se a pessoa fizer uma dieta da cabeça dela, vai ter deficiência nutricional. Mas não porque a dieta seja ruim, mas, sim, porque ela não vai saber equilibrar os ingredientes ali.” No caso da vitamina B12, ela diz que cabe ao profissional de nutrição mensurar a dosagem do suplemento, que poderá ser obtido por meio de cápsulas ou injeções.
A nutricionista também diz que o veganismo não é exclusividade de pessoas ricas, como se pensava há alguns anos. “Existe um grupo do Facebook chamado Veganos Pobres do Brasil em que as pessoas compartilham receitas baratas. É interessante, porque tenho atendido pacientes de poder aquisitivo mais baixo que decidiram ser veganos. Então a procura tem aumentado muito, o pessoal vai montando grupos e a gente tem formado uma grande família.”
MEIO AMBIENTE
Se abdicar do consumo de carne traz benefícios ao corpo, o mesmo pode ser dito sobre o meio ambiente. “Quando a pessoa tira do prato produtos de origem animal, ela está atingindo a indústria que corresponde a 98% da exploração e morte de animais no mundo”, explica Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira. No que se refere ao meio ambiente, ele diz que a pecuário é a indústria que mais utiliza água potável do mundo e aquela que mais pressiona as regiões de florestas virgens para transformá-las em pastos ou monoculturas. “Se a gente somar todo o espaço utilizado para a pecuária, é um continente africano inteiro sendo usado só para pasto e uma Austrália inteira só de produção agrícola para alimentar esses animais. O impacto ambiental é absurdo.”
Além disso, Laurino comenta que grandes empresas deixam de lutar contra a tendência de diminuir o consumo de carne e buscam incorporar produtos de origem vegetal. A demanda gerada por preocupações médicas e ambientais fez com que essas companhias enxergassem a possibilidade de expandir seu mercado consumidor. Para exemplificar, Laurino cita a rede de fast food McDonald, que se rendeu à tendência e disponibilizou um lanche para o público vegano. “Na apresentação do produto, eles mostraram que o mercado de pessoas veganas é pequeno para eles, mas mercado dos interessados e dos simpatizantes está crescendo demais. Esse, sim, interessa a eles.”
FONTE: epoca.globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário