Contrária à prática, Natura não vende seus produtos na China, que exige testes em animais. Mas o império de venda direta da Avon tem pernas e mãos por lá
Empoderamento feminino das consultoras, modelo multimarcas e crescimento multicanal em diferentes mercados…Não faltam notas em comum na atuação da Natura e da Avon que agigantam o simbolismo da união das duas
empresas, anunciada na semana passada. Há, contudo, uma nota que destoa, pelo menos na prática: testes de produtos em animais.
No Brasil, a Natura foi uma das primeiras gigantes do setor a extinguir essa prática, em 2006. Desde então, a empresa desenvolveu mais de 60 metodologias alternativas para avaliar tanto a segurança quanto a eficácia dos ingredientes e cosméticos. O comprometimento com a causa “cruelty-free” (livre de crueldade, ou seja, que não envolve tratamento cruel aos animais) rendeu à empresa em setembro passado o selo The Leaping Bunny, concedido pela Cruelty Free International, uma das organizações mais antigas e respeitadas na luta pelo fim dos testes em animais.
Já a norte-americana Avon foi uma das primeiras grandes empresas de cosméticos no mundo a suspender testes de produtos em animais há 30 anos. Chegou a integrar a tradicional lista de companhias “sem crueldade” da organização de defesa animal People for the Ethical Treatment of Animals (PeTA). Mas em uma reviravolta surpreendente, a empresa foi removida em 2012, e hoje a é alvo de uma petição da ONG para que deixe de testar em animais. Segundo a PeTA, alguns fabricantes de cosméticos que antes eram livres de crueldade, incluindo a Avon, mudaram silenciosamente suas políticas e estavam terceirizando testes em animais para vender seus produtos na China.
É aí que o negócio que deu origem à quarta maior empresa de cosmético do mundo desafina. Natura não vende seus produtos na China, considerada território proibido já que o país exige a realização de testes em animais para a comercialização de cosméticos em seu mercado. Tampouco o fazem as outras empresas do grupo Natura &Co (The Body Shop e Aesop). Mas o império de venda direta da Avon tem pernas e mãos por lá, embora não defina o quão representativa é a fatia chinesa (mas, bem, trata-se do segundo maior mercado consumidor de beleza e higiene no mundo).
Como a Natura &Co vai resolver esse dilema é uma questão em aberto. Em entrevista para grupo de jornalistas na semana passada sobre a união de forças, Roberto Marques, presidente executivo do grupo, afirmou que as duas empresas são contra a realização de testes de produtos em animais. Segundo o executivo, a Avon está alinhada com a política da Natura, embora “não mantenha o controle em alguns mercados”. Contatada pelo site EXAME sobre as estratégias para a China, a empresa não retornou.
Apesar de fazer vista grossa para os testes em animais exigidos naquele país, a Avon mantém publicamente uma posição contrária à prática. Em abril deste ano, a empresa até se uniu à campanha #LibertesedaCrueldade da organização Humane Society International em favor da proibição global dos testes em animais para produtos cosméticos. A campanha pressiona por mudanças legislativas para proibir os testes de produtos cosméticos em animais nos principais mercados globais de beleza até o ano de 2023, particularmente na América Latina e no Sudeste Asiático.
Mudando as regras
Eliminar todo e qualquer teste na indústria cosmética mundial exige mudanças de regras. São diversas as leis que regulamentam a produção de cosméticos no mundo. Há países que permitem o uso de cobaias animais em casos específicos, por exemplo, para avaliar irritação, alergias e corrosão da pele, testes oculares e de toxicidade.
É o caso do Japão e do Brasil, onde esse tipo de prática é permitida, embora não obrigatória. Na União Europeia, testes de produtos cosméticos em animais são proibidos há cinco anos. Mas a prática ainda é obrigatória na China, um dos maiores mercados de produtos de beleza e com grande potencial para a expansão das outras três marcas da Natura &Co, que ainda não atuam por lá.
Em teleconferência com analistas em dezembro de 2017, Robert Chatwin, vice-presidente internacional da Natura, afirmou que o grupo poderia “ter um plano China”, embora não tenha detalhado que plano seria. Seja como for, a expansão de cosméticos “cruelty free” no mercado asiático é totalmente dependente da mudança da legislação chinesa. Com a compra da Avon, a Natura &Co ultrapassa essa barreira regulatória. Resta saber qual impacto a investida pode ter para a imagem “cruelty free” do grupo.
“Vai levar um tempo para entender qual o real desdobramento disso. Fusões e aquisições de empresas acontecem o tempo todo. Uma coisa é o discurso e outra coisa e a prática. Em geral, a cultura da empresa compradora sobressai à da empresa comprada. Então nesse caso, a cultura Natura deve prevalecer e deve mudar a cultura Avon. Cabe a nós, porém, um estado de vigilância para ver o que pode acontecer, se o discurso politicamente correto da Natura vai prevalecer”, diz ao site EXAME, o especialista em posicionamento de marcas Marcos Hiller, da consultoria de branding True Stories.
“A China é certamente relevante. Se a Natura vai levar até as últimas consequências sua política de não-testes e suspender as operações por lá ou se vai comprar uma briga geopolítica com o governo chinês, é esperar para ver. Essa é a hora da verdade para o grupo que tanto orgulha os brasileiros”, avalia Hiller.
O tempo pode ajudar a empresa a resolver esse dilema, já que a transação, feita por meio da troca de ações entre as duas companhias, precisa ser aprovada pelos acionistas de ambas as empresas, bem como por autoridades de combate à concentração de mercado. A conclusão da operação é esperada para o começo de 2020.
A aquisição da Avon cria uma gigante com faturamento superior a US$ 10 bilhões, mais de 6,3 milhões de representantes e consultoras, 3.200 lojas, mais de 40 mil colaboradores e presença em cem países. “É a formação de uma importante força no mercado global de beleza”, enalteceu o co-fundador da Natura, Guilherme Leal, em entrevista com jornalistas na quinta-feira (23). Quem sabe essa força consiga mudar as regras do jogo em prol dos animais.
Empoderamento feminino das consultoras, modelo multimarcas e crescimento multicanal em diferentes mercados…Não faltam notas em comum na atuação da Natura e da Avon que agigantam o simbolismo da união das duas
empresas, anunciada na semana passada. Há, contudo, uma nota que destoa, pelo menos na prática: testes de produtos em animais.
No Brasil, a Natura foi uma das primeiras gigantes do setor a extinguir essa prática, em 2006. Desde então, a empresa desenvolveu mais de 60 metodologias alternativas para avaliar tanto a segurança quanto a eficácia dos ingredientes e cosméticos. O comprometimento com a causa “cruelty-free” (livre de crueldade, ou seja, que não envolve tratamento cruel aos animais) rendeu à empresa em setembro passado o selo The Leaping Bunny, concedido pela Cruelty Free International, uma das organizações mais antigas e respeitadas na luta pelo fim dos testes em animais.
Já a norte-americana Avon foi uma das primeiras grandes empresas de cosméticos no mundo a suspender testes de produtos em animais há 30 anos. Chegou a integrar a tradicional lista de companhias “sem crueldade” da organização de defesa animal People for the Ethical Treatment of Animals (PeTA). Mas em uma reviravolta surpreendente, a empresa foi removida em 2012, e hoje a é alvo de uma petição da ONG para que deixe de testar em animais. Segundo a PeTA, alguns fabricantes de cosméticos que antes eram livres de crueldade, incluindo a Avon, mudaram silenciosamente suas políticas e estavam terceirizando testes em animais para vender seus produtos na China.
É aí que o negócio que deu origem à quarta maior empresa de cosmético do mundo desafina. Natura não vende seus produtos na China, considerada território proibido já que o país exige a realização de testes em animais para a comercialização de cosméticos em seu mercado. Tampouco o fazem as outras empresas do grupo Natura &Co (The Body Shop e Aesop). Mas o império de venda direta da Avon tem pernas e mãos por lá, embora não defina o quão representativa é a fatia chinesa (mas, bem, trata-se do segundo maior mercado consumidor de beleza e higiene no mundo).
Como a Natura &Co vai resolver esse dilema é uma questão em aberto. Em entrevista para grupo de jornalistas na semana passada sobre a união de forças, Roberto Marques, presidente executivo do grupo, afirmou que as duas empresas são contra a realização de testes de produtos em animais. Segundo o executivo, a Avon está alinhada com a política da Natura, embora “não mantenha o controle em alguns mercados”. Contatada pelo site EXAME sobre as estratégias para a China, a empresa não retornou.
Apesar de fazer vista grossa para os testes em animais exigidos naquele país, a Avon mantém publicamente uma posição contrária à prática. Em abril deste ano, a empresa até se uniu à campanha #LibertesedaCrueldade da organização Humane Society International em favor da proibição global dos testes em animais para produtos cosméticos. A campanha pressiona por mudanças legislativas para proibir os testes de produtos cosméticos em animais nos principais mercados globais de beleza até o ano de 2023, particularmente na América Latina e no Sudeste Asiático.
Mudando as regras
Eliminar todo e qualquer teste na indústria cosmética mundial exige mudanças de regras. São diversas as leis que regulamentam a produção de cosméticos no mundo. Há países que permitem o uso de cobaias animais em casos específicos, por exemplo, para avaliar irritação, alergias e corrosão da pele, testes oculares e de toxicidade.
É o caso do Japão e do Brasil, onde esse tipo de prática é permitida, embora não obrigatória. Na União Europeia, testes de produtos cosméticos em animais são proibidos há cinco anos. Mas a prática ainda é obrigatória na China, um dos maiores mercados de produtos de beleza e com grande potencial para a expansão das outras três marcas da Natura &Co, que ainda não atuam por lá.
Em teleconferência com analistas em dezembro de 2017, Robert Chatwin, vice-presidente internacional da Natura, afirmou que o grupo poderia “ter um plano China”, embora não tenha detalhado que plano seria. Seja como for, a expansão de cosméticos “cruelty free” no mercado asiático é totalmente dependente da mudança da legislação chinesa. Com a compra da Avon, a Natura &Co ultrapassa essa barreira regulatória. Resta saber qual impacto a investida pode ter para a imagem “cruelty free” do grupo.
“Vai levar um tempo para entender qual o real desdobramento disso. Fusões e aquisições de empresas acontecem o tempo todo. Uma coisa é o discurso e outra coisa e a prática. Em geral, a cultura da empresa compradora sobressai à da empresa comprada. Então nesse caso, a cultura Natura deve prevalecer e deve mudar a cultura Avon. Cabe a nós, porém, um estado de vigilância para ver o que pode acontecer, se o discurso politicamente correto da Natura vai prevalecer”, diz ao site EXAME, o especialista em posicionamento de marcas Marcos Hiller, da consultoria de branding True Stories.
“A China é certamente relevante. Se a Natura vai levar até as últimas consequências sua política de não-testes e suspender as operações por lá ou se vai comprar uma briga geopolítica com o governo chinês, é esperar para ver. Essa é a hora da verdade para o grupo que tanto orgulha os brasileiros”, avalia Hiller.
O tempo pode ajudar a empresa a resolver esse dilema, já que a transação, feita por meio da troca de ações entre as duas companhias, precisa ser aprovada pelos acionistas de ambas as empresas, bem como por autoridades de combate à concentração de mercado. A conclusão da operação é esperada para o começo de 2020.
A aquisição da Avon cria uma gigante com faturamento superior a US$ 10 bilhões, mais de 6,3 milhões de representantes e consultoras, 3.200 lojas, mais de 40 mil colaboradores e presença em cem países. “É a formação de uma importante força no mercado global de beleza”, enalteceu o co-fundador da Natura, Guilherme Leal, em entrevista com jornalistas na quinta-feira (23). Quem sabe essa força consiga mudar as regras do jogo em prol dos animais.
FONTE: exame
Não importa a marca do produto nem o país que o comercializa, o que não se concebe mais é esse inferno de cobaias serem manipuladas por tempo indeterminado até morrerem exaustas e feridas, para que a gente pinte a cara, embeleze os cabelos, passe batom e hidrate a pele. Uma prática abominável, concebível em tempos primitivos, quando bárbaros pintavam e bordavam com seres inocentes que lhes cruzasse o caminho para devorá-los, torturá-los ou simplesmente brincar com eles, arrancado-lhes pedaços, lentamente, até que morressem. Civilizados diplomados fazem a mesma coisa e recebem medalhas e menções honrosas por isso, porque considerados cientistas e professores renomados, ainda que prepotentes e vaidosos, para os quais os animais são apenas coisas e não, vidas. Estes mesmos humanos até que são bonzinhos, quando em dias de folga levam seus amados filhinhos no parque e fazem questão de que sejam felizes, preocupados em que não fiquem resfriados ou tenham dor de barriga. Mas esse lado sombra deles, esse pezinho no inferno que não tiram nem que a vaca tussa é o que os categoriza na classe dos inaptos para merecer as bênçãos de Deus, que criou com o mesmo amor, seus filhos humanos que eles idolatram e as cobaias que eles matam.
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