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4/04/2019

Descoberta diz ter revelado os eventos exatos da extinção dos dinossauros

Como sabemos, há cerca de 66 milhões de anos o choque de um asteroide com a superfície terrestre na região onde hoje fica a Península de Yucatan, no México, foi o responsável pela extinção dos dinossauros. Mas, de acordo com um estudo que será publicado nesta semana pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, novas descobertas tornam possível saber o que exatamente aconteceu no momento logo
após o impacto.

A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores liderados por Robert DePalma, curador de paleontologia do Museu de História Natural de Palm Beach, na Flórida, e doutorando na Universidade do Kansas. A descoberta foi feita em um local de escavações da Dakota do Norte conhecido como Tanis, onde o pesquisador trabalha desde 2013. Segundo DePalma, foi possível encontrar em uma camada do solo, que data da época do fim dos dinossauros, restos fossilizados de peixes, criaturas parecidas com moluscos conhecidas como amonites, um réptil marinho conhecido como mosassauro, além de animais terrestres, como diversos mamíferos e até mesmo um tricerátops. Juntos com esses fósseis estavam também pedaços de casca de madeira queimados, além de pequenas rochas de vidro, conhecidas como tectitos.

Para DePalma, essa descoberta ajuda a entender melhor quais foram os eventos que aconteceram após o impacto do asteróide com o planeta, que significou o fim do período Cretáceo e o início do Paleogeno, e que deixou uma assinatura geológica conhecida por arqueólogos como Nível K-Pg. Isso porque nunca antes foi encontrado uma amostra tão grande de diferentes organismos em um mesmo local, representando diferentes espécies em diferentes estágios da vida, que estavam associados ao Nível K-Pg, tendo morrido todos juntos e ao mesmo tempo.

Ao estudar o solo onde esses fósseis foram encontrados, DePalma afirma que, junto com seus colegas, conseguiu reconstruir toda a sequência de eventos que ocorreu logo após o impacto. O trabalho de análise da descoberta contou ainda com a ajuda ilustre de Mark Richards, professor de ciências espaciais da Universidade de Washington, e Walter Alvarez, professor da Universidade de Berkeley, na Califórnia, conhecido por ser o primeiro cientista a ter proposto a hipótese da queda do asteroide como o evento de extinção dos dinossauros no planeta.

Roteiro do fim do mundo

De acordo com as conclusões dos três pesquisadores, tudo se iniciou com a queda do asteroide, que com o impacto teria criado enormes tsunamis e um tremor com força suficiente para ser classificado como algo entre 10 e 11 da atual Escala Richter. A mistura dessas ondas gigantes com um tremor capaz de dividir continentes acabou por criar um corpo de água com seiches (ondas estacionárias) no local conhecido como Mar Interior Ocidental, e seria a movimentação lenta desses seiches a responsável pela separação da América dos outros continentes.

Além do tremor e dos tsunamis, o impacto do asteroide também teria jogado para a atmosfera uma quantidade massiva de rocha derretida do local onde o asteróide se chocou com o planeta. Essas rochas acabaram se condensando ao atingirem alturas mais elevadas, tornando-se os tectitos encontrados no local. Esses tectitos retornaram à Terra como uma “chuva” de vidro, e se espalharam por praticamente todas as regiões do globo. Essa teoria é confirmada pela alta presença de Irídio (metal raríssimo no planeta mas muito comum em corpos espaciais) no local da escavação, o que prova que os fósseis encontrados ali tinham relação direta com o asteróide que se chocou com o planeta.

A partir daí, a devastação da região ocorreu de forma muito rápida. Isso porque, ainda que o tsunami gerado pelo impacto fosse demorar algumas horas para chegar no local (a Dakota do Norte fica bem ao norte dos Estados Unidos, fazendo divisa com o Canadá), as ondas sísmicas do impacto afetaram o ambiente em questão de minutos. Os pesquisadores também encontraram alguns exemplares de tectitos presentes nas guelras de peixes, um indício de que eles foram as primeiras vítimas do evento catastrófico.

O ato final de toda essa destruição ocorreu quanto os tectitos, que chegaram a quase sair de órbita de tão forte o impacto, caem de volta na Terra em uma “chuva de fogo” devido à alta temperatura dessas rochas, causando enormes incêndios por todo o planeta, que acabou matando o restante das criaturas que sobreviveram aos tsunamis e às ondas sísmicas — seja pelo impacto da queda dessas rochas, pelo fogo gerado por elas, pela inalação excessiva de fumaça ou pelo fim de praticamente toda a possível alimentação dessas criaturas, que se tornaram apenas cinzas.

Polêmica na comunidade
Apesar da descoberta fascinante, alguns arqueólogos estão duvidando das conclusões a que os três pesquisadores chegaram, até mesmo antes do estudo ter sido publicado oficialmente. Um desses críticos é o paleontólogo Kenneth Lacovara, que utilizou o Twitter para apontar que existem diversas inconsistências na história contada pelos jornais, e que tudo pode não passar de um caso onde um pesquisador exagera suas descobertas em busca de fama.

Quem também comenta sobre o caso é o paleontólogo Steve Brusatte, que diz ter tido a oportunidade de ler o relatório completo da descoberta e ter encontrado um bom trabalho de geologia e uma conclusão crível dos eventos que ocorreram em Nível K-Pg, mas que acha estranho o trabalho não apresentar nenhum “cemitério de dinossauros” em sua conclusão, e citar apenas os fragmento de ossos de um único dinossauro durante todo o estudo.

Por enquanto, é necessário esperar que a descoberta de DePalma seja oficialmente divulgada e possa ser criticamente analisada por toda a comunidade de paleontologia para que possamos chegar a uma conclusão sobre a validade ou não do que ele está dizendo, mas mesmos nas críticas é possível ver indícios de que, mesmo que o pesquisador esteja dando uma exagerada nas suas descobertas, ele ainda está em um caminho que pode mudar nosso conhecimento sobre o evento que extinguiu os dinossauros e mudou para sempre o destino do planeta.

FONTE: canaltech

Um comentário:

  1. É claro que não passa de mais uma teoria, mas mesmo assim, fascinante.

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