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3/27/2019

Causa animal: o difícil trabalho de quem doa grande parte do tempo para salvar vidas

Não é fácil não..... nosso amor pelos animais superam tudo....
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Voluntários em Santarém enfrentam diversas dificuldades diariamente para ajudar animais e às vezes até desenvolvem problemas psicológicos, mas não desistem.

As pessoas que dedicam grande parte do tempo para proteger e salvar animais enfrentam uma luta diária para conseguir manter o trabalho em prol dos animais. Voluntários de ONGs de Santarém, no oeste do Pará, afirmam que, além de lidar com os casos de animais que precisam de
ajuda, recebem críticas por não conseguirem atender todos os pedidos de socorro.

Atualmente, ONGs da cidade diminuíram os resgates por estarem com altas dívidas em clínicas veterinárias.

Em muitos casos, os animais que precisam de ajuda sofreram algum tipo de maus tratos ou foram abandonados. Além disto, há pedidos de donos que não têm condições financeiras de custear as despesas dos seus animais. As ONGs também realizam castrações de cães e gatos para evitar que os filhotes de animais de famílias com baixa renda sejam abandonados nas ruas, por exemplo.

Integrantes da ONG “União Animal” contam que recebem mais de 30 pedidos de ajuda por dia. A ONG conta com apenas 10 voluntários, que muitas vezes abdicam de momentos de lazer para ajudar o maior número de animais possível.

A voluntária Naiara Camicia ressalta que geralmente as pessoas que solicitam resgate de animais nas ruas não se dispõem a ajudar, mas criticam quando a ONG não consegue resgatá-los. "Somos muito pressionados. As pessoas pensam que por sermos da ONG temos que servir a cidade inteira, resgatar cada animal que pedem ajuda", conta.

Entre as dificuldades enfrentadas pelos voluntários estão, segundo eles, em primeiro lugar, a questão financeira, seguida da pouca quantidade de voluntários, falta de transporte e abrigo para os animais, que ficam em lares temporários dos próprios voluntários.

Segundo Naiara, os integrantes se sobrecarregam tentando ajudar. Há pessoas que chegaram a ficar com 30 animais em casa. “Imagine alimentar todos esses animais, o que essas pessoas não passam", relata. "Somos apenas 10 pessoas. Como que 10 pessoas vão mudar a cidade? [...] Nós resgatamos um animal, gastamos R$ 1.000, aí abandonam 10 no mesmo dia”.


Estas questões chegam a afetar o psicológico dos voluntários. De acordo com Naiara, muitos deles adquirem depressão. Além de os voluntários estarem superlotados de animais em casa, não podem levá-los para as clínicas veterinárias parceiras, porque as contas estão muito altas, e outras clínicas aceitam somente dinheiro à vista.

"Eu trabalho de manhã, estudo e faço estágio e administro a página da ONG. Imagina você estar no seu trabalho sabendo que tem um animal agonizando na rua e não poder fazer nada, e que as pessoas que estão lá não ajudam. Ficamos com muita dor no coração e cansados de enxugar gelo"

A voluntária Denise Albuquerque explicou que a situação atual está muito complicada. São muitas as dívidas em clínicas e a quantidade de animais que precisam de ajuda não diminui. “Às vezes as pessoas pensam que ajudar um animal é coisa rápida. Pensam que temos abrigos de animais e não temos. Eles ficam em lares temporários e agora estamos sem. As pessoas que ajudavam a gente já têm muitos animais abrigados. Às vezes tem que ficar na clínica, que nos dá desconto, mas mesmo assim tem que pagar a diária”.

A voluntária da ONG “Lar do amor” Amanda Carvalho ressalta que os voluntários estudam e trabalham, e muitas vezes acabam preenchendo o tempo livre para salvar a vida de animais, pois sabem que se não ajudarem, eles irão morrer.


"Nos deparamos com todo tipo de atrocidade que mexe muito com a gente. São muitos problemas e nós somos poucos para dar conta. Às vezes pensamos em desistir, porque é muito trabalhoso, mas continuamos porque eles não têm voz, não tem ninguém e se não for o trabalho que fazemos, eles vão ficar desamparados", destacou a voluntária.

Ela ressalta que é este o trabalho que dá oportunidade de um animal conhecer a felicidade. Isto faz com que os voluntários não desistam.

"A única coisa que nos faz continuar é ver um animal que, por exemplo, estava à beira da morte, feliz e saudável, tendo um lar, sendo bem cuidado, animais que se tivessem ficados na rua, não teriam chance"

De acordo com Amanda, a persistência dos voluntários em ajudar os animais já causou até separações de casais. Além disto, eles sofrem com agressões verbais e até físicas por reclamarem com algumas pessoas sobre a forma como tratam seus animais e elas não aceitarem.

A ONG “Lar do amor” presta ajuda a animais resgatados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Santarém. Os voluntários procuram possíveis donos para os animais abandonados e realizam entrevistas e acompanhamento criterioso para ter certeza de que eles serão bem cuidados e não voltem para as ruas. Trabalhos de conscientização também são feitos.

Maus tratos

Segundo a Amanda, diferente do que a maioria das pessoas pensam, os casos de maus tratos a animais em Santarém ainda são muitos. Apesar de as ONGs estarem com os resgates suspensos, há casos em que os voluntários não deixam de atender, devido à gravidade da situação.

Na sexta-feira (15), um cachorro com a pata decepada foi resgatado pela ONG “Lar do amor”. Na quarta-feira (13), uma gata foi violentada sexualmente. Apesar de todas as dificuldades, os voluntários acabam prestando apoio, pois contam que se não ajudarem os animais permanecem na mesma situação.


A ONG “União animal” atualmente está acompanhando um cachorro que foi encontrado com o focinho bastante lesionado, onde o osso estava aparecendo. Ele está internado em uma clínica desde fevereiro deste ano. De acordo com a ONG, quando o cachorro foi encontrado, jovens estavam agredindo ele e algumas pessoas até queriam matar o animal.

“Cachorros e gatos são atropelados várias vezes em avenidas e as pessoas não fazem nada. É impressionante como o descaso contra os animais ainda é tão forte aqui em Santarém. [...] Muitos animais são mutilados e as pessoas que fazem isso não são punidas, o que faz com que elas continuem maltratando”, relatou.

A volutária Denise Albuquerque ressaltou que estes crimes precisam de punimento, pois os responsáveis sempre voltam a cometê-los. "Não adianta a ONG resgatar o animal e a pessoa ir lá e maltratar outro", disse. As denúncias podem ser feitas na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), localizada na travessa Sete de Setembro, bairro Aldeia.

Audiência pública

No dia 26 de março, será realizada uma audiência pública com o poder público, ONGs e entidades para tratar sobre o combate aos maus tratos aos animais. A audiência ocorrerá na Câmara Municipal de Santarém, Plenário Benedito Magalhães, com início às 15h.

Além dos casos de maus tratos, os voluntários explicam que precisam lidar com situações de irresponsabilidade de donos que não têm os devidos cuidados com os animais, como levá-los para vacinar. Outra questão mencionada são os frequentes casos de abandono devido a doenças que os animais acabam adquirindo por falta de cuidados. Segundo Amanda Carvalho, muitas vezes os animais são abandonados ou vão para eutanásia com doenças que poderiam ser tratadas e até curadas.

“Aqui ainda há a cultura de que animais são descartáveis. Adoeceu, abandona e pega outro. No caso da doença do calazar, por exemplo, há uma coleira com função repelente que não deixa o mosquito chegar perto do animal, já que ela é transmitida pela picada do mosquito, e existe cura dos sintomas. O animal pode viver com qualidade e muito bem”, explicou.

As ONGs promovem eventos beneficentes toda semana, rifas, ações com venda de comidas e bazares para arrecadar dinheiro em prol dos animais.

Como ajudar?
União Animal

Banco do Brasil
Agência: 0130-9
Conta corrente: 95.715-1

Contatos:
Instagram: ong.uniaoanimal
Facebook: União Animal – Santarém

Lar do amor

Banco do Brasil
Agência: 0130-9
Conta: 72894-2

Contatos:
Instagram: lardoamor26
Facebook: Lar do amor

FONTE: G1

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