Cursos d’água que cortam a capital ainda abrigam muita vida, mas quase passam despercebidas aos olhos da população da capital
Não tem como passar pelos igarapés da área urbana de Manaus e não ficar impressionado com o cenário de degradação. É difícil imaginar que em suas águas contaminadas e matas ciliares diversas espécies de animais selvagens tentam sobreviver. A diversidade não é tão grande como
outrora, mas muitos bichos ainda resistem bravamente à poluição provocada pelo homem, entre os quais, que podem ser notados, estão jacarés, quelônios, capivaras, jiboias, sucuris, iguanas, preguiças, macacos, além de dezenas de aves.
A explicação para a sobrevivência desses animais nesses ambientes hostis pode estar relacionada à resistência natural que eles têm. “Os jacarés, por exemplo, têm um sistema imunológico muito forte”, conta o biólogo Ronis da Silveira, professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Mas a fundo, ressaltou ele, não se sabe como esses bichos aguentam. “Nunca foi realizada uma pesquisa nesse sentido”, apontou.
O problema, de acordo com o biólogo, especialista em crocodilianos, é que está ficando cada vez mais difícil para esses animais continuarem sobrevivendo, visto que a degradação só aumenta. Ele cita o exemplo dos jacarés que, por falta de alimentação adequada, comem restos de alimentos e resíduos jogados dentro de sacolas plásticas. O material plástico, porém, depois que entra no estômago do animal não sai mais porque não é digerido e vai acumulando.
“Tem muito jacaré com abdômen bem dilatado por conta do plástico que ele engole no dia a dia. Isso em longo prazo vai gerar problema e levá-lo até a morte. Às vezes, ficamos preocupados com as tartarugas marinhas que estão se alimentando de plástico, mas isso está acontecendo debaixo dos nossos narizes, com os jacarés, e ninguém se indigna”, alertou.
A bióloga e ambientalista Erika Schloemp disse que os igarapés que cortam a cidade, mesmo poluídos, concentram muitas vidas, que só não são notadas porque a população não olha para esses locais, mas os vê como esgoto. “Tem sucuri, saracura, macacos na mata ciliar e como tem iguanas nas árvores ao lado dos igarapés. Também tem capivara. No igarapé dos Franceses, próximo ao conjunto dos Jornalistas, tem uma família de capivara que todo fim de tarde vai pastar naquela área, entra na água imunda e circula tudo aquilo”, contou.
Quem também viu as capivaras foi o engenheiro florestal Daniel Praia. No dia 4 de abril, ele avistou três filhotes nas margens do igarapé do Bindá. “Eu tinha encontrado vestígios desse tipo de animal nos igarapés do Mindu e dos Franceses, e nesse dia os vi no Bindá. A mãe não estava com eles, mas acredito que se encontrava nas proximidades”, relatou, evidenciando que já teve a oportunidade de contemplar outros bichos, como jacaretinga, jacaré-coroa, tracajá, além de arara, papagaio e outras aves, que utilizam a vegetação da mata ciliar como fonte de alimentação.
Variedade de espécies
Durante uma palestra sobre “Igarapés, natureza, desafios e oportunidades”, o biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Jansen Zuanon afirmou que em um igarapé típico de um a três metros de largura poderia se encontrar até 50 espécies nativas de peixes. Mas quando o ambiente é degradado, com a retirada da floresta e com a poluição, estas espécies podem simplesmente desaparecer daquele local.
Tem papel fundamental
O biólogo Ronis da Silveira disse que não se sabe o que pode acontecer casos os animais que ainda vivem nos igarapés sejam dizimados. Mas ele aponta que os jacarés, por exemplo, podem ter um papel fundamental.
“Eles podem está regulando a população de roedores, uma vez que comem bastantes ratos, mantendo assim o ambiente mais limpo. Às vezes, as pessoas ficam preocupadas com os jacarés, mas não sabem que os animais estão fazendo algo útil. Então é melhor com eles do que sem”, salientou.
Silveira frisou que esses bichos já viviam nessas áreas dentro da cidade, que eram naturais e sofreram impactos em decorrência do crescimento urbano desordenado. Ele ressalta também que os animais silvestres têm que ser protegidos e tem essa proteção garantida por lei (que proíbe sua caça, destruição, comercialização, entre outros).
Omissão
Para a bióloga e ambientalista Erika Schloemp, o atual cenário dos igarapés na área urbano de Manaus é consequência da omissão ambiental dos habitantes e órgãos públicos.
Opinião semelhante tem o biólogo e professor da Ufam Ronis da Silveira. De acordo com ele, a população não trata bem essas áreas e o poder público vai junto – este último inclusive só faz algo quando é obrigado ou quando existe uma demanda da sociedade.
“Está faltando consciência nossa, enquanto morador, de querer ter um ambiente melhor e não só para os animais, mas para nós também. O que está acontecendo no mundo, retorno de doenças, por exemplo, é porque não estamos fazendo o dever de casa e direto ou indiretamente vamos sentir os impactos disso”, pontuou.
Silveira elogiou a criação da Área de Proteção Ambiental (APA), que estabelece um corredor ecológico para a preservação do sauim-de-coleira, mas evidencia que a iniciativa resolve em parte o problema. “A água vai continuar contaminada. Temos que começar a fazer tratamento de afluentes. A questão do saneamento, quer era para ser um produto da Copa do Mundo de 2014, não aconteceu”, disse.
Atrativo desperdiçado
Ronis da Silveira disse que a questão dos animais que ainda habitam nesses locais poderia ser transformada em um atrativo turístico. “Vem gente de muito longe conhecer a nossa região. Temos a floresta, os animais e a cultura. Poderíamos usar essa percepção dos animais e melhorar um pouco a cidade”.
Não tem como passar pelos igarapés da área urbana de Manaus e não ficar impressionado com o cenário de degradação. É difícil imaginar que em suas águas contaminadas e matas ciliares diversas espécies de animais selvagens tentam sobreviver. A diversidade não é tão grande como
outrora, mas muitos bichos ainda resistem bravamente à poluição provocada pelo homem, entre os quais, que podem ser notados, estão jacarés, quelônios, capivaras, jiboias, sucuris, iguanas, preguiças, macacos, além de dezenas de aves.
A explicação para a sobrevivência desses animais nesses ambientes hostis pode estar relacionada à resistência natural que eles têm. “Os jacarés, por exemplo, têm um sistema imunológico muito forte”, conta o biólogo Ronis da Silveira, professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Mas a fundo, ressaltou ele, não se sabe como esses bichos aguentam. “Nunca foi realizada uma pesquisa nesse sentido”, apontou.
O problema, de acordo com o biólogo, especialista em crocodilianos, é que está ficando cada vez mais difícil para esses animais continuarem sobrevivendo, visto que a degradação só aumenta. Ele cita o exemplo dos jacarés que, por falta de alimentação adequada, comem restos de alimentos e resíduos jogados dentro de sacolas plásticas. O material plástico, porém, depois que entra no estômago do animal não sai mais porque não é digerido e vai acumulando.
“Tem muito jacaré com abdômen bem dilatado por conta do plástico que ele engole no dia a dia. Isso em longo prazo vai gerar problema e levá-lo até a morte. Às vezes, ficamos preocupados com as tartarugas marinhas que estão se alimentando de plástico, mas isso está acontecendo debaixo dos nossos narizes, com os jacarés, e ninguém se indigna”, alertou.
A bióloga e ambientalista Erika Schloemp disse que os igarapés que cortam a cidade, mesmo poluídos, concentram muitas vidas, que só não são notadas porque a população não olha para esses locais, mas os vê como esgoto. “Tem sucuri, saracura, macacos na mata ciliar e como tem iguanas nas árvores ao lado dos igarapés. Também tem capivara. No igarapé dos Franceses, próximo ao conjunto dos Jornalistas, tem uma família de capivara que todo fim de tarde vai pastar naquela área, entra na água imunda e circula tudo aquilo”, contou.
Quem também viu as capivaras foi o engenheiro florestal Daniel Praia. No dia 4 de abril, ele avistou três filhotes nas margens do igarapé do Bindá. “Eu tinha encontrado vestígios desse tipo de animal nos igarapés do Mindu e dos Franceses, e nesse dia os vi no Bindá. A mãe não estava com eles, mas acredito que se encontrava nas proximidades”, relatou, evidenciando que já teve a oportunidade de contemplar outros bichos, como jacaretinga, jacaré-coroa, tracajá, além de arara, papagaio e outras aves, que utilizam a vegetação da mata ciliar como fonte de alimentação.
Variedade de espécies
Durante uma palestra sobre “Igarapés, natureza, desafios e oportunidades”, o biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Jansen Zuanon afirmou que em um igarapé típico de um a três metros de largura poderia se encontrar até 50 espécies nativas de peixes. Mas quando o ambiente é degradado, com a retirada da floresta e com a poluição, estas espécies podem simplesmente desaparecer daquele local.
Tem papel fundamental
O biólogo Ronis da Silveira disse que não se sabe o que pode acontecer casos os animais que ainda vivem nos igarapés sejam dizimados. Mas ele aponta que os jacarés, por exemplo, podem ter um papel fundamental.
“Eles podem está regulando a população de roedores, uma vez que comem bastantes ratos, mantendo assim o ambiente mais limpo. Às vezes, as pessoas ficam preocupadas com os jacarés, mas não sabem que os animais estão fazendo algo útil. Então é melhor com eles do que sem”, salientou.
Silveira frisou que esses bichos já viviam nessas áreas dentro da cidade, que eram naturais e sofreram impactos em decorrência do crescimento urbano desordenado. Ele ressalta também que os animais silvestres têm que ser protegidos e tem essa proteção garantida por lei (que proíbe sua caça, destruição, comercialização, entre outros).
Omissão
Para a bióloga e ambientalista Erika Schloemp, o atual cenário dos igarapés na área urbano de Manaus é consequência da omissão ambiental dos habitantes e órgãos públicos.
Opinião semelhante tem o biólogo e professor da Ufam Ronis da Silveira. De acordo com ele, a população não trata bem essas áreas e o poder público vai junto – este último inclusive só faz algo quando é obrigado ou quando existe uma demanda da sociedade.
“Está faltando consciência nossa, enquanto morador, de querer ter um ambiente melhor e não só para os animais, mas para nós também. O que está acontecendo no mundo, retorno de doenças, por exemplo, é porque não estamos fazendo o dever de casa e direto ou indiretamente vamos sentir os impactos disso”, pontuou.
Silveira elogiou a criação da Área de Proteção Ambiental (APA), que estabelece um corredor ecológico para a preservação do sauim-de-coleira, mas evidencia que a iniciativa resolve em parte o problema. “A água vai continuar contaminada. Temos que começar a fazer tratamento de afluentes. A questão do saneamento, quer era para ser um produto da Copa do Mundo de 2014, não aconteceu”, disse.
Atrativo desperdiçado
Ronis da Silveira disse que a questão dos animais que ainda habitam nesses locais poderia ser transformada em um atrativo turístico. “Vem gente de muito longe conhecer a nossa região. Temos a floresta, os animais e a cultura. Poderíamos usar essa percepção dos animais e melhorar um pouco a cidade”.
FONTE: acritica
O ser humano é mesmo muito nojento, chamá-los de porco é uma ofensa ao animal que não suja a natureza. Pessoas que tem braços e pernas saudáveis, mas nem tentam juntar e acondicionar o lixo para que não se espalhe! É aí que me lembro da lei do “uso e desuso” de Lamark: se é útil evolui, mas se não serve atrofia e cai. É o caso dessa gente que deveria ter os braços atrofiados, assim como o cérebro já que não usam pra nada útil.
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