Ativistas de 41 países, inclusive do Brasil, protestaram contra a prática comercial nesta semana. Os atos vêm se espalhando a cada ano
São Paulo – A exportação de gado vivo para abate em outros países voltou a ser destaque esta semana. No mundo todo, esta sexta-feira (14), Dia Internacional contra esta atividade comercial, foi dedicada a manifestações. No Brasil, como a data coincidiu com a greve geral
contra a “reforma” da Previdência, ativistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju e Belo Horizonte resolveram antecipar a agenda para a quinta-feira (13). Os de Curitiba, Belém, Porto Alegre, Indaiatuba e Sorocaba (SP) e Lajeado (RS) transferiram a agenda de mobilização para hoje (15). Mas Brasília e Salvador preferiram seguir a data oficial para marcar o Dia Internacional contra Exportação de Gado Vivo.
A mobilização no Brasil segue o ritmo de crescimento de outros países. Quando foi celebrada pela primeira vez, 2017, a data foi celebrada em 30 cidades, de alguns países. No ano seguinte, já eram 33 países sediando mobilizações, inclusive o Brasil, maior exportador mundial animais “em pé”. Em 2019 já são 41 países.
Veganos em sua maioria, os ativistas querem o fim de uma atividade essencialmente cruel para os animais. Os maus tratos começam no embarque no caminhão, e se intensificam com o passar dos dias sacolejando na estrada, espremidos, mal alimentados, desidratados pelo sol e calor, expostos à chuva e muitas vezes machucados.
Choques elétricos
Para que entrem mais rápido nos navios cargueiros inadequados, adaptados precariamente para transportar até 25 mil cabeças por viagem, é comum receberem choques elétricos. Vale tudo em nome de custos menores e lucros maiores para alguns pecuaristas e exportadores despreocupados com as condições em que os animais chegarão ao destino – se é que chegarão.
Em uma reportagem publicada em setembro passado na Revista do Brasil, foi mostrado que em muitos casos a lotação é de 23 bois dividindo 21 metros quadrados. É como se fossem colocados dentro de uma sala medindo 4,5 metros por 4,5 metros, onde devem permanecer por pelo menos 15 dias, em meio a fezes e urina que se acumulam com a falta de limpeza.
Em contato com esses dejetos, têm seus cascos fissurados e enfrentam dolorosos processos inflamatórios, que causam hemorragia e geralmente infecções. Como não há alternativa, senão defecar e urinar uns sobre os outros, a camada que toma conta do couro altera a regulação térmica corporal, o que aumenta ainda mais o estresse já alto pela falta de descanso.
O sistema imunológico é afetado e agrava problemas respiratórios causados pelo ar tomado pela amônia e o metano derivados da urina e dos gases. É quando surge a chamada doença respiratória bovina (BRD, da sigla em inglês), que inclui quadros equivalentes à pneumonia em humanos.
Arca de Noé às avessas
No final de agosto passado, o Ministério da Saúde da Turquia – um dos maiores compradores do Brasil – detectou animais com antraz entre os exportados por pecuaristas brasileiros. Causada pelo Bacillus anthracis, a doença quase sempre letal nos animais pode ser transmitida aos seres humanos pelo contato, inclusive com seus subprodutos. Em alguns casos é grave e pode levar à morte.
É relativamente comum os animais serem maltratados também no destino. No final de 2017, no Iraque, a burocracia atrasou o desembarque em seis dias, período pelo qual 9 mil bois continuaram espremidos, famintos, com sede e sem assistência veterinária no navio Nabolsi.
Fora acidentes e naufrágios. Em 2009, o navio MV Danny F2 naufragou no Líbano, matando os 18 mil bovinos e 10 mil ovelhas a bordo. Em outubro de 2015, em Barcarena, Pará, um navio libanês carregado com 5 mil cabeças que seriam exportadas pela empresa brasileira Minerva Foods naufragou ainda no porto. O desespero tomou conta dos animais, e a maioria deles não conseguiu se salvar. Em flagrante crime ambiental, as carcaças pela praia não deixam dúvidas de que esses e tantos outros navios são o oposto da Arca de Noé narrada pela Bíblia. A embarcação bíblica foi construída justamente para salvar a vida dos animais.
Mau negócio
Geógrafa e a diretora de Educação do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (Fórum Animal), Elizabeth MacGregor acredita que aspectos econômicos – e não o direito dos animais ao bem estar e à vida – deverão colocar fim à crueldade aos bovinos e tantas outras espécies igualmente transportadas. “Por pressões, o parlamento israelense deverá proibir a importação. Outros países também podem vir a fazer o mesmo, já que a pressão internacional vem aumentando. O número de veganos também aumenta, ao mesmo tempo que a consciência dos males provocados pela ingestão de carnes, como diversos tipos de câncer. E com isso surgem novas demandas”.
Ela destaca ainda que a exportação de gado em pé não tem o respaldo de muitos setores da cadeia. O sindicato patronal dos frigoríficos são contrários. Os navios levam junto com o gado maltratado o seu couro, que tem grande valor, e principalmente empregos no abate e no beneficiamento da carne e subprodutos.
FONTE: redebrasilatual
São Paulo – A exportação de gado vivo para abate em outros países voltou a ser destaque esta semana. No mundo todo, esta sexta-feira (14), Dia Internacional contra esta atividade comercial, foi dedicada a manifestações. No Brasil, como a data coincidiu com a greve geral
contra a “reforma” da Previdência, ativistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju e Belo Horizonte resolveram antecipar a agenda para a quinta-feira (13). Os de Curitiba, Belém, Porto Alegre, Indaiatuba e Sorocaba (SP) e Lajeado (RS) transferiram a agenda de mobilização para hoje (15). Mas Brasília e Salvador preferiram seguir a data oficial para marcar o Dia Internacional contra Exportação de Gado Vivo.
A mobilização no Brasil segue o ritmo de crescimento de outros países. Quando foi celebrada pela primeira vez, 2017, a data foi celebrada em 30 cidades, de alguns países. No ano seguinte, já eram 33 países sediando mobilizações, inclusive o Brasil, maior exportador mundial animais “em pé”. Em 2019 já são 41 países.
Veganos em sua maioria, os ativistas querem o fim de uma atividade essencialmente cruel para os animais. Os maus tratos começam no embarque no caminhão, e se intensificam com o passar dos dias sacolejando na estrada, espremidos, mal alimentados, desidratados pelo sol e calor, expostos à chuva e muitas vezes machucados.
Choques elétricos
Para que entrem mais rápido nos navios cargueiros inadequados, adaptados precariamente para transportar até 25 mil cabeças por viagem, é comum receberem choques elétricos. Vale tudo em nome de custos menores e lucros maiores para alguns pecuaristas e exportadores despreocupados com as condições em que os animais chegarão ao destino – se é que chegarão.
Em uma reportagem publicada em setembro passado na Revista do Brasil, foi mostrado que em muitos casos a lotação é de 23 bois dividindo 21 metros quadrados. É como se fossem colocados dentro de uma sala medindo 4,5 metros por 4,5 metros, onde devem permanecer por pelo menos 15 dias, em meio a fezes e urina que se acumulam com a falta de limpeza.
Em contato com esses dejetos, têm seus cascos fissurados e enfrentam dolorosos processos inflamatórios, que causam hemorragia e geralmente infecções. Como não há alternativa, senão defecar e urinar uns sobre os outros, a camada que toma conta do couro altera a regulação térmica corporal, o que aumenta ainda mais o estresse já alto pela falta de descanso.
O sistema imunológico é afetado e agrava problemas respiratórios causados pelo ar tomado pela amônia e o metano derivados da urina e dos gases. É quando surge a chamada doença respiratória bovina (BRD, da sigla em inglês), que inclui quadros equivalentes à pneumonia em humanos.
Arca de Noé às avessas
No final de agosto passado, o Ministério da Saúde da Turquia – um dos maiores compradores do Brasil – detectou animais com antraz entre os exportados por pecuaristas brasileiros. Causada pelo Bacillus anthracis, a doença quase sempre letal nos animais pode ser transmitida aos seres humanos pelo contato, inclusive com seus subprodutos. Em alguns casos é grave e pode levar à morte.
É relativamente comum os animais serem maltratados também no destino. No final de 2017, no Iraque, a burocracia atrasou o desembarque em seis dias, período pelo qual 9 mil bois continuaram espremidos, famintos, com sede e sem assistência veterinária no navio Nabolsi.
Fora acidentes e naufrágios. Em 2009, o navio MV Danny F2 naufragou no Líbano, matando os 18 mil bovinos e 10 mil ovelhas a bordo. Em outubro de 2015, em Barcarena, Pará, um navio libanês carregado com 5 mil cabeças que seriam exportadas pela empresa brasileira Minerva Foods naufragou ainda no porto. O desespero tomou conta dos animais, e a maioria deles não conseguiu se salvar. Em flagrante crime ambiental, as carcaças pela praia não deixam dúvidas de que esses e tantos outros navios são o oposto da Arca de Noé narrada pela Bíblia. A embarcação bíblica foi construída justamente para salvar a vida dos animais.
Mau negócio
Geógrafa e a diretora de Educação do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (Fórum Animal), Elizabeth MacGregor acredita que aspectos econômicos – e não o direito dos animais ao bem estar e à vida – deverão colocar fim à crueldade aos bovinos e tantas outras espécies igualmente transportadas. “Por pressões, o parlamento israelense deverá proibir a importação. Outros países também podem vir a fazer o mesmo, já que a pressão internacional vem aumentando. O número de veganos também aumenta, ao mesmo tempo que a consciência dos males provocados pela ingestão de carnes, como diversos tipos de câncer. E com isso surgem novas demandas”.
Ela destaca ainda que a exportação de gado em pé não tem o respaldo de muitos setores da cadeia. O sindicato patronal dos frigoríficos são contrários. Os navios levam junto com o gado maltratado o seu couro, que tem grande valor, e principalmente empregos no abate e no beneficiamento da carne e subprodutos.
Maldito mundo consumista e que visa apenas o lucro.......
ResponderExcluirTriste ver tamanha crueldade da raça que só pensa na ganância.
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