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2/05/2019

Uma sociedade de fêmeas com "machos de cérebro limitado". Segredos da irmandade das formigas

Acho as formigas um bicho incrível.... Como sou toda organizada, adoro ver estes bichinhos.... Aqui em casa ninguém pode ignorar (ou até matar) uma formiga..... Dou um xilique!!!!!
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Seis patas, duas antenas. As formigas parecem ser animais simples, mas debaixo da terra escondem estruturas complexas e inteligentes. Quem tem formigueiros
em casa desvenda os segredos que permitem a estes animais prosperar há milhares de anos.

Quem tem formigas em casa e não se importa nada? Eduardo Sequeira é uma dessaspessoas. Não tem um animal de estimação, tem mais de seis mil.

Este biólogo e programador informático, de 38 anos, tem 20 colónias de formigas em casa e este fim de semana mostra algumas no Pet Festival, o maior evento dedicado aos animais de companhia do país, na Feira Internacional de Lisboa.

Habitualmente, Eduardo Sequeira não pode levar as formigas a passear, nem fazer-lhes festas, mas diz que tem muito a aprender com os seus animais de estimação. Toda a humanidade tem, considera.

"A nossa sociedade caminha para o cataclismo, para dar cabo do planeta, enquanto elas [as formigas] estão cá há mais de cem milhões de anos e contribuem para todos os ecossistemas." O segredo? Abdicar do 'eu', refere à TSF.

Um cérebro coletivo
Em cada formigueiro "há uma vontade coletiva. Uma formiga só por si não tem vontade de fazer nada, há uma decisão que é tomada em grupo", conta o biólogo.

Uma colónia de formigas funciona como um único organismo em que cada indivíduo é uma célula. "Todas juntas, as formigas conseguem ser aquilo que individualmente nunca conseguiram."

As formigas têm até uma espécie de memória coletiva. Os caminhos que utilizam para encontrar comida passam de geração em geração, por exemplo. "Isso não está gravado no DNA porque muda todos os anos. Não está na cabeça de uma formiga, não está na cabeça de dez, mas está na memória coletiva de toda a colónia", sublinha o biólogo.

O que o Homem inventou, a formiga sempre fez
A vida da maioria dos animais é dedicada a encontrar um parceiro e procriar para assegurar a sobrevivência da espécie. A das formigas não. A reprodução está apenas destinada à rainha, enquanto todas as outras trabalham em prol do bem comum. E morrem pela comunidade se tiver de ser.

Vivem numa "eussocialidade", um sistema que durante muitos anos intrigou os biólogos. Não segue as regras da evolução, nem da sobrevivência do mais forte, mas ainda assim resulta. E muito bem.

Há 15 mil espécies de formigas no planeta Terra, além de muitas por descobrir, e podem ser encontradas em todos os continentes - menos na Antártida.

Com 98 milhões de anos de avanço em relação ao hominídeo mais antigo, "tudo o que pensamos que inventámos - a agricultura, o pastoreio, o esclavagismo - já existia no mundo das formigas", refere Eduardo Sequeira.

"Há algoritmos utilizados em gestão de tráfego na internet ou de gestão de trânsito que são baseados em comportamentos de formigas", salienta.

A força da irmandade
Enquanto a rainha põe ovos, as formigas obreiras cuidam das larvas e recolhem comida. E há sempre soldados que defendem o formigueiro. Todas irmãs, todas fêmeas: "Há inclusive espécies que conseguem reproduzir-se sem machos."

Para uma espécie de formigas sobreviver é apenas necessária uma rainha não fecundada, o que é uma grande vantagem. "Da rainha não fecundada nasce um macho, o macho fecunda a rainha e daí nascem obreiras e novas rainhas", explica Eduardo Sequeira.

"Os machos têm o cérebro muito limitado. Fecundam as rainhas e depois morreram de fome e de sede porque não sabem fazer mais nada."
Quando numa colónia doméstica nasce um macho e uma nova rainha, prontos para criar uma nova colónia, o melhor a fazer é libertá-los. Ambos têm asas. Por isso, basta abrir uma janela e deixá-los sair.

Levar um tiro ou uma picada de uma formiga?
São um animal de fácil manutenção - podem passar meses sozinhas, desde que tenham comida e água e duas colheres de sementes chegam para alimentar uma colónia durante um ano, mas é preciso escolher a espécie certa.

É um risco muito grande importar espécies de formigas exóticas, alerta Eduardo Sequeira. Se, por exemplo, uma formiga cortadora de folhas se estabelecesse no Algarve os pomares de laranjeiras podiam desaparecer em pouco tempo. Passados cinco anos já estariam espalhadas por todo o país.

Pode pagar 500 euros para comprar uma rainha das famosas "formiga bala" (Paraponera clavata), mas a sua introdução em Portugal pode ser uma ameaça para o ecossistema e não só. "Chamam-se formigas bala porque quem já levou um tiro e foi picado prefere levar um tiro outra vez do que voltar a ser picado."

Uma colónia do século XXI
As formigas de Eduardo Sequeira já fugiram dezenas de vezes. Um dia deu conta que uma colónia inteira de formigas tinha desaparecido completamente. Descobriu que tinham furado o bebedouro da água, mas não as conseguiu encontrar.

Só mais tarde descobriu onde estavam. Tinham encontrado uma nova casa dentro de uma coluna de bluetooth portátil. "Agora tenho uma colónia mais tecnológica", diz.

Para lidar com formigas em fuga há uma solução fácil: "Continuam a ser formigas, o aspirador é sempre uma alternativa." Pondo um saco especial até é possível resgatá-las. Elas sobrevivem ao processo - resistem - tal como o fazem há milhares de anos.

FONTE: tsf.pt

2 comentários:

  1. No meio humano, também existem machos com cérebro limitado que só fecundam e depois morrem de fome porque não sabem fazer mais nada. Kkkkkkkkkk

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  2. Agora, falando sério, quando criança eu ficava um tempão sentada numa pedra observando formigueiro. Achava aquela organização incrível e sabia quando a chuva estava chegando, só de olhar para o formigueiro, pois elas se recolhiam muito antes das nuvens se aproximarem.

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