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2/08/2019

O Ano do Porco sem Porco - Dra. Sônia Felipe

Segundo meu nascimento (1947) faço parte do Ano do Porco. Resolvi a reproduzir o artigo da Sônia para uma reflexão geral.... Axé, amiga!
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O Ano do Porco sem Porco: a tradição e a traição, ou o modo de tornar "ausente o referente", conforme bem o expressa Carol Adams.
[Dr. phil. Sônia T. Felipe]

Começa hoje o Ano Novo chinês, tendo o
Porco como regente. Feliz Ano Novo a todos os que reconhecem a integridade e a dignidade de todos os seres sencientes, tendo neste ano o Porco como seu símbolo.

Os chineses comem a metade de toda carne de porco extraída no mundo. Ambientalistas estão na campanha para conscientizar o país para as emissões de gases de efeito estufa causadas pela produção de carnes, laticínios e ovos. E como na tradição chinesa não se come o animal regente do ano, a campanha é para ficarem em 2019 sem comer porco. A esperança é que, mudando a rotina alimentar, acabem por se acostumar a passar sem a carne de porco. O planeta já não aguenta mais a dieta onívora mortal.

Por outro lado, o drama dos javalis que agora vivem pelas ruas de Hong Kong (vejam artigo do New York Times de 10/10/18) tem alvoroçado os defensores dos animais e o governo. Aqueles conscientizam as pessoas para aceitarem os porcos selvagens como cidadãos nas ruas. Esses insistem naqueles projetos de leis que nada mais são do que soluções velhas para novos problemas: eliminar da vida, caçar, matar. Os porcos livres comem o lixo atirado pelos humanos. Pesando até 400 kg, o que comem não é pouco. Se se irritam por não haver comida, ou se reagem às agressões sofridas, podem atacar o agressor. Dotados de caninos eficazes (não como os nossos, meras decorações da arcada dentária), podem ferir de morte outros animais, incluindo os humanos.

E para completar, os protetores dos animais temem que neste ano muitas famílias queiram adotar um bebê porco como símbolo da sorte, e o abandonem no final do ano, multiplicando o número dos animais desamparados nas ruas. Aqui no Brasil temos os cães como pet, lá serão os porcos. Em todo lugar pode-se ver a mesma irresponsabilidade e desrespeito para com os animais, ora eleitos para estima, em seguida condenados ao abandono.

Segundo reportagem da ABC News (5/2/2019), a festa de gala de ontem, abrindo o último ano do ciclo de 12 anos que marca novas eras na tradição chinesa, uma festa de mais de quatro horas transmitida pela tevê (como o faz a tevê com o Carnaval no Brasil), em nenhum momento se usou a palavra Porco ou se mostrou qualquer imagem do animal. Os internautas revoltados que trocaram mensagens nas redes sociais criticando o fato foram bloqueados e as mensagens dadas como "erro". Mas a censura ao porco já ocorreu há 12 e há 24 anos, nos festivais de 1995 e de 2007, anos do Porco.

Conforme escrevi acima, não se come o animal no ano do animal. Já imaginaram quase um bilhão de humanos não consumindo aquela montanha de 50% da carne de porco produzida no mundo? (Refiro-me à população que professa crenças religiosas compatíveis com a dieta onívora mortal, sem restrições especistas). No ano passado, que encerrou em 4/2/2019, o Cão foi citado, desenhado, representado nos espetáculos festivos de passagem do ano. Neste ano não tem animal ali nas imagens das festividades chinesas. É preciso ter carne de porco em todos os pratos do cardápio, não é mesmo? Então, nossa admiração pelas belas tradições também deve incluir a percepção crítica de sempre: toda "tradição" acaba por ser apenas mais uma "traição". Tira o d e já temos a cortina aberta.

Como justificativa, os meios de comunicação declararam não querer magoar os muçulmanos, que não comem porco por considerá-lo um animal impuro, segundo os textos vulgares, nos quais não constam que o porco faz parte da ancestralidade divina no imaginário islâmico, como a vaca o faz na Índia, razão pela qual, até há pouco, não se comia carne de vaca. intrigante saber que, ao mesmo tempo, um milhão de islâmicos estão confinados em campos de concentração, recebendo re-educação para limparem de suas mentes a fé islâmica. Daí não tem respeito algum por eles, têm?

Os chineses consideram o porco um símbolo da sorte e da bondade inteligente, ou, da inteligência usada com bondade e sensatez, sem impulsividade. Bondade e inteligência combinadas trazem a felicidade. Há quem não goste disso. Quem precise do ódio e da estupidez, pois essas emoções corrosivas dão vazão às vibrações internas que queimam a alma e desidratam o coração e o cérebro.

Animastê sempre!

Um comentário:

  1. Uma tradição que homenageia o animal, mas não o respeita? Esses chineses são mesmo uns debiloides.

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