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8/15/2018

O jovem que inventou, aos 11 anos, sistema para proteger vacas de leões

Um rapaz deste tinha que receber todo apoio do governo pelo interesse em ajudar a resolver os problemas que até então tem sido resolvido  matando os pobre leões....
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Sistema de iluminação movido a energia solar ajuda a manter felinos selvagens longe dos currais e tornou Richard Turere o mais jovem detentor de patente do Quênia.


"Eu amo leões. Não vejo por que não deveria amá-los. Se minhas vacas estão protegidas e seguras, podemos viver com os leões sem nenhum problema." As frases parecem estranhas quando ditas por um pastor maasai – pertencente a um grupo étnico africano de seminômades que vive no Quênia – cuja principal tarefa é proteger seu rebanho. Mas Richard Turere, de 18 anos, não é um pastor comum.

Quando tinha 11 anos de idade, ele inventou um sistema de iluminação movido a energia solar para manter os leões fora do curral, já que sua família estava perdendo até nove vacas por semana. Com cada vaca valendo até US$ 1.000 (o equivalente a R$ 3.700), era uma prejuízo com o qual a família simplesmente não podia arcar. "Os ataques de leões ao nosso gado eram desenfreados e aconteciam diariamente", diz Veronica, mãe de Richard. "Depois das luzes, não tivemos mais problemas."

Demorou algum tempo para Richard aperfeiçoar sua invenção. Ele começou suas tentativas de proteger as vacas com um espantalho, que os leões logo ignoraram, então construiu um curral escuro para dificultar a visão deles, mas eles ainda podiam sentir o cheiro das vacas.

Um dia, o jovem estava andando à noite pela área com uma lanterna, quando notou que, pela primeira vez, os leões não tentaram atacar. Ele fez então o que chamou de "lion lights" (luzes de leão, em tradução literal), luzes que imitam o movimento da lanterna – sem que precisasse ficar acordado a noite toda vigiando os animais.

AUTODIDATA
"Comecei a aprender sobre eletrônica desmontando coisas", conta Richard. "Desmontei o rádio novo da minha mãe e ela ficou muito irritada – quase me matou!"

O sistema "luzes de leão" agora está instalado em 750 propriedades dentro e fora da comunidade de Richard – e ele tem feito ajustes a cada nova versão.

"Sou chamado muitas vezes para fazer a manutenção nas luzes porque as pessoas realmente não sabem como elas funcionam", diz Richard. "Tentam consertá-los sozinhas, então tive a ideia de tornar o sistema automático."

O lion lights 2.0 custa US$ 200 (R$ 750) para instalar. Metade do dinheiro geralmente vem de ONGs, enquanto o restante é fornecido pelo cliente.

Esta versão tem 16 diferentes configurações de luz que piscam e a mais recente atualização desenvolvida por Richard é uma turbina eólica caseira para os dias em que as nuvens limitam o potencial de energia solar.

BANCOS DE VACA
A comunidade de Richard é particularmente atingida por confrontos com animais selvagens. Espremida entre o Parque Nacional de Nairóbi e a cidade de Kitengela, essas terras são separadas da vida selvagem do Parque por apenas um pequeno rio.

Toda as noites, gnus e zebras o atravessam para as terras da comunidade em busca de pastagens frescas – e os leões logo seguem o mesmo caminho. "Os leões são um grande problema. É muito fácil para eles atacarem as vacas e ovelhas, especialmente à noite", diz o reverendo Calvin Tapaya, pregador religioso e pastor de animais na comunidade maasai. "Mas as vacas e as ovelhas são como se fossem nossos bancos. É nesses animais que guardamos nosso dinheiro."

Apesar de não receber nenhum financiamento do governo até o momento, Richard acredita que seu projeto está ajudando o Serviço de Vida Selvagem do Quênia (KWS, da sigla em inglês), que administra os parques nacionais do país. De acordo com a organização, o Quênia perdeu cerca de 100 leões por ano na última década, restando pouco mais de 1.700 na natureza.

RETALIAÇÃO
Algumas dessas perdas são causadas por seres humanos.
Em 2012, seis leões, incluindo duas leoas adultas e dois filhotes, foram mortos por uma multidão após invadirem um povoado em Kitengela.

As luzes de leão de Richard também protegem os leões, afastando-os de comunidades próximas, como a sua. "Desde 2010, tivemos mais perdas de leões resultantes de mortes por retaliação do que antes", disse a especialista em vida selvagem Lucy Waruingi, diretora executiva do African Conservation Center, que atua para conservar a biodiversidade no continente. "Há menos terra disponível para os maasai e para a vida selvagem, então os dois grupos estão entrando em contato, o que antes não faziam."

Neste momento, não há muitos sistemas alternativos para tentar impedir o confronto entre leões e humanos, como o lion lights tenta fazer.

Em 2014, o governo queniano chegou a aprovar uma lei que incluía um esquema de compensação para os atingidos por esse conflito. Mas, na prática, a compensação só é paga às vezes e há um acúmulo de reclamações.

"Nós não implementamos totalmente a compensação de gado, propriedade e plantações, porque há diretrizes que ainda não passaram pelo Parlamento", diz James Kitarus, administrador da comunidade no Parque Nacional de Nairóbi.

A invenção de Richard mudou a vida dele de muitas maneiras – ele conseguiu uma bolsa de estudos em uma escola de prestígio em Nairóbi e foi convidado a conhecer Jack Ma, o fundador do megasite de vendas chinês Alibaba.

Ele é bem conhecido dentro e fora do Quênia como o "menino das luzes de leão" e outras comunidades de lugares distantes, como Argentina e Índia, também adotaram versões das luzes que desenvolveu.

MAIS APOIO NECESSÁRIO
Mas enquanto sua ideia tem viajado por vários lugares, o apoio a Richard como jovem inovador e a implementação das suas próprias luzes de leão estagnaram nos últimos anos. Ele acha que o Quênia poderia fazer mais para ajudar a jovens inovadores como ele. "Há muitos jovens no Quênia com ideias brilhantes, melhores até do que as minhas – eles só precisam de apoio", diz ele. "Eles precisam de alguém para dizer a eles, "essa ideia é realmente legal. Vamos desenvolvê-la para ajudar as comunidades".

Não é só o Quênia que precisa de inovações como as "luzes de leão", diz a especialista em vida selvagem Lucy Waruingi. O desenvolvimento humano está ocorrendo em um ritmo acelerado em todo o mundo e os governos precisam apoiar as comunidades que estão na linha de frente dos confrontos entre humanos e animais selvagens. "Os governos precisam criar plataformas onde os inovadores possam contribuir com ideias que estão funcionando", para ajudar as comunidades locais a encontrarem soluções para seus problemas, acrescenta ela.

Uma das explicações para Richard não ter podido se beneficiar adequadamente como inventor das "luzes de leão" foi que, apesar de ser o mais jovem detentor de patente queniano, aos 15 anos, ele demorou a patentear sua ideia. Ele diz que não cometerá esse erro de novo e que tem muito mais inovações sendo desenvolvidas. "Eu amo tecnologia, usar minhas mãos e ser prático. É o que eu amo fazer e o que me move."

FONTE: metrojornal

4 comentários:

  1. Por que será que as coisas boas não recebem apoio de governo nenhum? Se fosse um sistema automático de dar tiro nos leões que se aproximassem, garanto que já teria financiamento de todos os lados!!! Nooooojoooooo !!!

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  2. Tudo muito bacana, muito interessante, o rapaz é muito inteligente e criativo, resolveu o problema da comunidade onde vive, porém... as vacas são para que mesmo? Como disse um dos entrevistados, "as vacas e as ovelhas são como se fossem nossos bancos. É nesses animais que guardamos nosso dinheiro."
    Portanto, o rebanho está preservado do ataque de leões, mas não do ataque dos açougues, pois certamente esses animais são vendidos para abate. Difícil resolver os dois lados, não?

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  3. Pensei o mesmo que a Enedina ao ler a matéria. Triste realidade.

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  4. Pelo menos, estão salvando os leões da completa extinção. Só falta eles evoluírem um pouco mais e deixar de comer carne.

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