Muito boa matéria que nos mostra o quanto deve ser "terrível" ser um gato importante..... kakaka...
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A Crônica do JH apresenta um personagem da política britânica, presente em todos os últimos governos. Um único detalhe: ele não é humano.
O correspondente Pedro Vedova apresenta Larry, o gato - um ilustre
morador da casa número 10 de Downing Street, o endereço oficial do primeiro-ministro britânico. E é o próprio Larry quem conta essa história:
A imprensa até tá acostumada com ratos na política. Mas ratazana já era demais...
Pra botar ordem na casa, o governo britânico foi me buscar num abrigo.
Ganhei função oficial e tudo: «Larry, o Grão-Caçador de Ratos. Um cargo do século dezesseis.
O trabalho parecia moleza: cumprimentar convidados, inspecionar a segurança e testar móveis pra soneca...
Só que ninguém me falou dos jornalistas.
Toda vez que eu vou patrulhar a Downing Street, câmeras viram na minha direção.
Saco! Fiquei famoso. Todo mundo queria uma foto com o patrão da época (David Cameron) e outro engravatado (Barack Obama).
Os jornalistas faziam de tudo por uma exclusiva. E alguém vazou que meu chefe não gostava de mim. O David Cameron precisou jurar que a gente se dava bem
A verdade é que eu aprendi a ser político... E deu certo. O primeiro-ministro renunciou depois do plebiscito do Brexit, mas eu consegui ficar.
Sair da União Europeia era só o que a nova patroa falava. Eu nem quis cruzar o caminho dela na posse. Não foi superstição, foi instinto.
Theresa May assumiu que é mais chegada a cachorro; que eu sou o dono do pedaço, mas que na cadeira dela eu não sentava.
A questão é que o meu território também é o número 10, a chefia do governo. A casa 11 é o ministério da Economia, onde fica o Gladstone - um gato tranquilão. O meu problema mora no ministério das Relações Exteriores.
O Palmerston é zero diplomacia. Sempre quis me ver pelas costas - um barraco que deu na BBC.
Tiveram até que chamar a polícia.
Esse nosso arranca-rabo virou tema no Parlamento. Uma deputada falou assim: “Larry tá numa situação lastimável. Será que é saudade do ex-primeiro-ministro?”.
Situação lastimável era a da Theresa May. O acordo do Brexit dela foi rejeitado três vezes e ela ainda quis tentar uma quarta! Achou que tinha sete vidas e caiu do telhado.
Coitada: mesmo de saída ainda teve que receber o ‘rei da selva’ (Donald Trump). Beleza: a juba é bacana, bem lambida. Mas eu nem quis chegar perto. Algo me disse que num ia acabar bem...
Num sei se eu sou alérgico a cabelo de gente ou a político. A disputa pra ser o novo primeiro-ministro me arrepiou. Tentaram me fazer de cabo eleitoral, mas eu sou escaldado.
Eu não fui com o focinho do favorito. Pensei em trancar a fechadura, mas foi tarde demais: Boris Johnson acabou eleito.
Logo na primeira semana, o patrão demitiu ministros à beça. Só que o ‘Grão-Caçador-de-Ratos’ aqui ficou no cargo. Se mexesse comigo, a população ia querer opinar. E a última coisa que o Boris quer é um novo plebiscito.
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