O prazo é para metade do planeta estar morto em 2070.... Eu tenho certeza que a coisa será muito mais rápida.
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Os cientistas comprovaram recentemente que a causa da morte de praticamente toda a vida marinha durante a maior extinção em massa da história da Terra foi o aquecimento global. Com os oceanos mais quentes, o metabolismo dos animais foi acelerado, ao mesmo tempo em que as águas do planeta ficavam com menos oxigênio.
Essa combinação foi fatal. Este olhar para o passado é importante para evitar que algo parecido se repita no futuro. Pode parecer um cenário muito distópico, mas os sinais estão se repetindo: de acordo com vários estudos, o oxigênio, necessário para escapar de predadores, executar o processo de digestão, respiração e outras atividades animais, não está mais tão acessível para a vida marinha no planeta Terra.
Na última década, os níveis de oxigênio nos oceanos caíram drasticamente, uma tendência alarmante e veloz ligada à mudança climática. “Ficamos surpresos com a intensidade das mudanças que vimos, a rapidez com que o oxigênio está baixando no oceano e o quão grandes são os efeitos nos ecossistemas marinhos”, diz Andreas Oschlies, oceanógrafo do Centro Helmholtz de Pesquisas Oceânicas Kiel (Geomar), na Alemanha, cuja equipe monitora os níveis de oxigênio nos oceanos em todo o mundo, em entrevista para a revista Scientific American.
O maior problema, segundo Oschlies, é a velocidade e a escala da queda dos níveis de oxigênio, uma questão que exige atenção urgente, diz o pesquisador. Os níveis de oxigênio em algumas regiões tropicais caíram impressionantes 40% nos últimos 50 anos, revelam alguns estudos recentes. Os níveis caíram mais sutilmente em outros lugares, com uma perda média de 2% globalmente.
Animais marinhos grandes e pequenos são afetados até mesmo por pequenas alterações no oxigênio, buscando refúgio em zonas com mais oxigênio ou ajustando o seu comportamento. Esses ajustes podem expor estes animais a novos predadores ou forçá-los a regiões com escassez de alimentos. A mudança climática produz outros sérios problemas para a vida marinha, como a acidificação dos oceanos, mas a desoxigenação é a questão mais urgente que os animais marinhos enfrentam atualmente, segundo Oschlies.
Física
As condições físicas que explicam a menor quantidade de oxigênio em águas mais quentes são simples. Um oceano aquecido perde oxigênio por duas razões: primeiro, quanto mais quente um líquido se torna, menos gás ele pode conter. Em segundo lugar, quando o gelo polar do mar derrete, forma uma camada de água flutuante na superfície do mar sobre águas mais frias e mais salgadas. Este processo cria uma espécie de tampa que pode impedir que as correntes misturem águas superficiais em profundidades mais profundas. E como todo o oxigênio entra neste habitat na superfície – seja diretamente da atmosfera ou do fitoplâncton que vive na superfície, produzindo-o durante a fotossíntese -, menos mistura significa menos oxigênio em profundidades maiores.
A preocupação dos cientistas está localizada em mudanças nos ecossistemas dos oceanos abertos e em torno dos pólos, locais que costumavam ter muito oxigênio – regiões costeiras ao redor do equador são locais de baixo oxigênio porque contêm águas ricas em nutrientes, onde as bactérias consomem oxigênio à medida que quebram a vida marinha morta.
“Os modelos climáticos que projetam mudanças futuras subestimaram rotineiramente as perdas de oxigênio já observadas nos oceanos do mundo”, Oschlies e seus colegas relataram na revista Nature no ano passado.
Sinais
Os efeitos de quedas muito sutis no oxigênio em locais onde o zooplâncton se reúne foram documentados em um relatório de dezembro de 2018 da Science Advances. “Eles são muito sensíveis”, diz Karen Wishner, líder do estudo, oceanógrafa da Universidade de Rhode Island, nos EUA. Algumas espécies destes seres na base da cadeia alimentar nadam para águas mais frias e profundas, com mais oxigênio. Porém, em algum momento para de fazer sentido ir mais fundo, porque pode ser mais difícil encontrar comida ou se reproduzir em águas de baixa temperatura.
Os animais do oceano comem zooplâncton ou peixes que comem zooplâncton, então a forma como o zooplâncton lida com a falta de oxigênio tem ramificações diretas na cadeia alimentar.
Além destes efeitos, os animais enfrentam vários outros desafios fisiológicos à medida que seus corpos se ajustam para reduzir os níveis de oxigênio. Segundo um estudo sobre Fisiologia e Comportamento Marinho e de Água Doce feito no mês passado, camarões chineses balançam suas caudas de forma menos vigorosa para economizar energia em ambientes de oxigênio mais baixos, tornando-se menos ágeis, o que os fez ter menos chances de sobrevivência na natureza.
Outro estudo, de 2016, mostrou que alguns peixes machos produzem menos espermatozóides e espermatozóides menos móveis à medida que os níveis de oxigênio diminuem – e a tendência parece não se recuperar nas gerações futuras quando os níveis de oxigênio melhoram.
Funções sensoriais básicas, como visão e audição, também podem sofrer em um oceano pobre em oxigênio. Estudos já mostraram que mesmo pequenas quedas no oxigênio prejudicam a visão em alguns zooplânctons – da mesma forma que acontece com humanos que viajam para lugares com altas altitudes e ar rarefeito. Muitas espécies de zooplâncton confiam em pistas visuais para migrar pela coluna d’água para evitar predadores, então a perda de visão pode impedir sua capacidade de captá-las.
Algumas criaturas, como as medusas, são mais tolerantes a baixos níveis de oxigênio do que outras. Mas todos os animais sentirão o impacto da desoxigenação porque todos eles desenvolveram sua capacidade de oxigênio por uma razão, diz à Scientific American Brad Seibel, oceanógrafo da Universidade do Sul da Flórida. “Qualquer queda no oxigênio vai prejudicar a capacidade de sobrevivência e desempenho”, diz ele na matéria.
Além da ameaça direta à vida de todo o ecossistema marinho, a falta de oxigênio nos oceanos também teria impacto na sociedade humana. À medida que regiões ricas em oxigênio se tornam mais escassas, os atuais habitats de peixes também encolherão e forçarão espécies economicamente importantes, como o atum, que gera globalmente estimados 42 bilhões de dólares por ano, a habitarem em novas faixas. Pesquisadores americanos descobriram que o habitat para o atum e a pesca do peixe-agulha diminuíram 15% entre 1960 e 2010 no nordeste dos EUA devido à perda de oxigênio.
As “zonas mortas”, onde o oxigênio desaparece por completo, podem forçar alguns peixes a buscar áreas de oxigênio mais altas, nas bordas de suas faixas típicas de existência. Isso pode ajudar os pescadores a encontrá-los porque os peixes se reúnem nessas áreas condensadas, mas também fornece uma falsa sensação de abundância que não será sustentável a longo prazo, observa Seibel.
Ações
Para tentar alertar o mundo e resolver o problema da desoxigenação dos oceanos, Oschlies ajudou a organizar uma conferência internacional sobre o assunto em Kiel, na Alemanha, em setembro do ano passado. Os participantes elaboraram uma declaração chamada Declaração de Kiel sobre a desoxigenação oceânica para conscientizar os governos internacionais, as Nações Unidas e o público, bem como exigir ações imediatas.
Os cientistas agora querem que governos e grupos internacionais façam avanços mais sérios para diminuir a mudança climática e reduzir a poluição do escoamento das costas, fator que agrava o declínio de oxigênio. Os pesquisadores modelaram a nova declaração após a Declaração de Mônaco, que Oschlies acredita ter ajudado a aumentar a conscientização internacional sobre aacidificação dos oceanos, em 2008.
“É realmente um alerta para o público e para as várias agências governamentais e internacionais que essa é uma questão importante”, diz Wishner, um dos mais de 300 cientistas de mais de 30 países que assinaram a declaração. Seibel, também signatário, não mede palavras sobre o assunto: “Eu acho que é (uma situação) potencialmente muito terrível”, diz o pesquisador à Scientific American.
“Cerca de 10 anos atrás, quando começamos a nos concentrar mais intensamente nas complexas relações físico-biogeoquímicas no oceano, tínhamos conhecimento muito fragmentário sobre as zonas mínimas de oxigênio que eram consideradas ‘chatas’ por muitos cientistas. No entanto, o suprimento de nutrientes e oxigênio é de vital importância, especialmente para as áreas muito produtivas do oceano do largo do Peru e da África Ocidental. Devido à mudança climática, as zonas de baixo oxigênio estão se espalhando, os ciclos de nutrientes e as condições de vida estão mudando, com efeitos potencialmente de longo alcance sobre o estado do oceano”, disse Oschlies antes da conferência de Kiel, em setembro.
FONTE: hypescience-----------------
Os cientistas comprovaram recentemente que a causa da morte de praticamente toda a vida marinha durante a maior extinção em massa da história da Terra foi o aquecimento global. Com os oceanos mais quentes, o metabolismo dos animais foi acelerado, ao mesmo tempo em que as águas do planeta ficavam com menos oxigênio.
Essa combinação foi fatal. Este olhar para o passado é importante para evitar que algo parecido se repita no futuro. Pode parecer um cenário muito distópico, mas os sinais estão se repetindo: de acordo com vários estudos, o oxigênio, necessário para escapar de predadores, executar o processo de digestão, respiração e outras atividades animais, não está mais tão acessível para a vida marinha no planeta Terra.
Na última década, os níveis de oxigênio nos oceanos caíram drasticamente, uma tendência alarmante e veloz ligada à mudança climática. “Ficamos surpresos com a intensidade das mudanças que vimos, a rapidez com que o oxigênio está baixando no oceano e o quão grandes são os efeitos nos ecossistemas marinhos”, diz Andreas Oschlies, oceanógrafo do Centro Helmholtz de Pesquisas Oceânicas Kiel (Geomar), na Alemanha, cuja equipe monitora os níveis de oxigênio nos oceanos em todo o mundo, em entrevista para a revista Scientific American.
O maior problema, segundo Oschlies, é a velocidade e a escala da queda dos níveis de oxigênio, uma questão que exige atenção urgente, diz o pesquisador. Os níveis de oxigênio em algumas regiões tropicais caíram impressionantes 40% nos últimos 50 anos, revelam alguns estudos recentes. Os níveis caíram mais sutilmente em outros lugares, com uma perda média de 2% globalmente.
Animais marinhos grandes e pequenos são afetados até mesmo por pequenas alterações no oxigênio, buscando refúgio em zonas com mais oxigênio ou ajustando o seu comportamento. Esses ajustes podem expor estes animais a novos predadores ou forçá-los a regiões com escassez de alimentos. A mudança climática produz outros sérios problemas para a vida marinha, como a acidificação dos oceanos, mas a desoxigenação é a questão mais urgente que os animais marinhos enfrentam atualmente, segundo Oschlies.
Física
As condições físicas que explicam a menor quantidade de oxigênio em águas mais quentes são simples. Um oceano aquecido perde oxigênio por duas razões: primeiro, quanto mais quente um líquido se torna, menos gás ele pode conter. Em segundo lugar, quando o gelo polar do mar derrete, forma uma camada de água flutuante na superfície do mar sobre águas mais frias e mais salgadas. Este processo cria uma espécie de tampa que pode impedir que as correntes misturem águas superficiais em profundidades mais profundas. E como todo o oxigênio entra neste habitat na superfície – seja diretamente da atmosfera ou do fitoplâncton que vive na superfície, produzindo-o durante a fotossíntese -, menos mistura significa menos oxigênio em profundidades maiores.
A preocupação dos cientistas está localizada em mudanças nos ecossistemas dos oceanos abertos e em torno dos pólos, locais que costumavam ter muito oxigênio – regiões costeiras ao redor do equador são locais de baixo oxigênio porque contêm águas ricas em nutrientes, onde as bactérias consomem oxigênio à medida que quebram a vida marinha morta.
“Os modelos climáticos que projetam mudanças futuras subestimaram rotineiramente as perdas de oxigênio já observadas nos oceanos do mundo”, Oschlies e seus colegas relataram na revista Nature no ano passado.
Sinais
Os efeitos de quedas muito sutis no oxigênio em locais onde o zooplâncton se reúne foram documentados em um relatório de dezembro de 2018 da Science Advances. “Eles são muito sensíveis”, diz Karen Wishner, líder do estudo, oceanógrafa da Universidade de Rhode Island, nos EUA. Algumas espécies destes seres na base da cadeia alimentar nadam para águas mais frias e profundas, com mais oxigênio. Porém, em algum momento para de fazer sentido ir mais fundo, porque pode ser mais difícil encontrar comida ou se reproduzir em águas de baixa temperatura.
Os animais do oceano comem zooplâncton ou peixes que comem zooplâncton, então a forma como o zooplâncton lida com a falta de oxigênio tem ramificações diretas na cadeia alimentar.
Além destes efeitos, os animais enfrentam vários outros desafios fisiológicos à medida que seus corpos se ajustam para reduzir os níveis de oxigênio. Segundo um estudo sobre Fisiologia e Comportamento Marinho e de Água Doce feito no mês passado, camarões chineses balançam suas caudas de forma menos vigorosa para economizar energia em ambientes de oxigênio mais baixos, tornando-se menos ágeis, o que os fez ter menos chances de sobrevivência na natureza.
Outro estudo, de 2016, mostrou que alguns peixes machos produzem menos espermatozóides e espermatozóides menos móveis à medida que os níveis de oxigênio diminuem – e a tendência parece não se recuperar nas gerações futuras quando os níveis de oxigênio melhoram.
Funções sensoriais básicas, como visão e audição, também podem sofrer em um oceano pobre em oxigênio. Estudos já mostraram que mesmo pequenas quedas no oxigênio prejudicam a visão em alguns zooplânctons – da mesma forma que acontece com humanos que viajam para lugares com altas altitudes e ar rarefeito. Muitas espécies de zooplâncton confiam em pistas visuais para migrar pela coluna d’água para evitar predadores, então a perda de visão pode impedir sua capacidade de captá-las.
Algumas criaturas, como as medusas, são mais tolerantes a baixos níveis de oxigênio do que outras. Mas todos os animais sentirão o impacto da desoxigenação porque todos eles desenvolveram sua capacidade de oxigênio por uma razão, diz à Scientific American Brad Seibel, oceanógrafo da Universidade do Sul da Flórida. “Qualquer queda no oxigênio vai prejudicar a capacidade de sobrevivência e desempenho”, diz ele na matéria.
Além da ameaça direta à vida de todo o ecossistema marinho, a falta de oxigênio nos oceanos também teria impacto na sociedade humana. À medida que regiões ricas em oxigênio se tornam mais escassas, os atuais habitats de peixes também encolherão e forçarão espécies economicamente importantes, como o atum, que gera globalmente estimados 42 bilhões de dólares por ano, a habitarem em novas faixas. Pesquisadores americanos descobriram que o habitat para o atum e a pesca do peixe-agulha diminuíram 15% entre 1960 e 2010 no nordeste dos EUA devido à perda de oxigênio.
As “zonas mortas”, onde o oxigênio desaparece por completo, podem forçar alguns peixes a buscar áreas de oxigênio mais altas, nas bordas de suas faixas típicas de existência. Isso pode ajudar os pescadores a encontrá-los porque os peixes se reúnem nessas áreas condensadas, mas também fornece uma falsa sensação de abundância que não será sustentável a longo prazo, observa Seibel.
Ações
Para tentar alertar o mundo e resolver o problema da desoxigenação dos oceanos, Oschlies ajudou a organizar uma conferência internacional sobre o assunto em Kiel, na Alemanha, em setembro do ano passado. Os participantes elaboraram uma declaração chamada Declaração de Kiel sobre a desoxigenação oceânica para conscientizar os governos internacionais, as Nações Unidas e o público, bem como exigir ações imediatas.
Os cientistas agora querem que governos e grupos internacionais façam avanços mais sérios para diminuir a mudança climática e reduzir a poluição do escoamento das costas, fator que agrava o declínio de oxigênio. Os pesquisadores modelaram a nova declaração após a Declaração de Mônaco, que Oschlies acredita ter ajudado a aumentar a conscientização internacional sobre aacidificação dos oceanos, em 2008.
“É realmente um alerta para o público e para as várias agências governamentais e internacionais que essa é uma questão importante”, diz Wishner, um dos mais de 300 cientistas de mais de 30 países que assinaram a declaração. Seibel, também signatário, não mede palavras sobre o assunto: “Eu acho que é (uma situação) potencialmente muito terrível”, diz o pesquisador à Scientific American.
“Cerca de 10 anos atrás, quando começamos a nos concentrar mais intensamente nas complexas relações físico-biogeoquímicas no oceano, tínhamos conhecimento muito fragmentário sobre as zonas mínimas de oxigênio que eram consideradas ‘chatas’ por muitos cientistas. No entanto, o suprimento de nutrientes e oxigênio é de vital importância, especialmente para as áreas muito produtivas do oceano do largo do Peru e da África Ocidental. Devido à mudança climática, as zonas de baixo oxigênio estão se espalhando, os ciclos de nutrientes e as condições de vida estão mudando, com efeitos potencialmente de longo alcance sobre o estado do oceano”, disse Oschlies antes da conferência de Kiel, em setembro.
Nós também.
ResponderExcluirNas conferências, homens arrogantes vestindo trajes caros feitos à base de muita exploração, sentam-se e mal discutem sobre o assunto, fechando os olhos para a verdade. O motivo é bem claro: eles não estarão aqui quando tudo chegar ao final. Egoísmo acima de tudo.
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