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3/05/2019

Estado norte-americano pode legalizar uso de corpos para adubar o solo

Será que o humano vai servir pra isto? só não entendo porque vai sair tão caro..... eu hein...
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Aprovada no Senado de Washington, compostagem humana é defendida como ecológica

A proposta é delicada: e se aquele seu parente querido, ao morrer, contribuísse para o processo natural de adubar a terra
e, por tabela, enriquecesse árvores, gramas e flores no solo em que fosse depositado? A depender de legisladores do estado de Washington, a ideia tem tudo para sair do papel.

A iniciativa partiu do senador estadual Jamie Pedersen, democrata de Seattle. É dele a legislação que foi aprovada no Senado local no último dia 6 de fevereiro e encaminhada para a Câmara do estado, onde os democratas também são maioria.

Se aprovada e sancionada pelo governador, o democrata Jay Inslee, a lei permitirá o uso de corpos humanos no processo de compostagem, técnica usada para enriquecimento do solo. Seria o primeiro caso nos EUA do que é chamado de recomposição, ou o processo de devolver ao solo matéria orgânica gerada a partir de pessoas mortas.


Pedersen defende que a legislação ampliaria as opções para descarte de restos mortais humanos no estado. A medida permitiria a hidrólise alcalina, ou seja, reduzir as partes em um banho de água e uma base forte, e a recomposição, colocando corpos em um recipiente com matéria orgânica, como lascas de madeira, “acelerando a transição natural para uma terra rica de nutrientes”.

Para o legislador, o método é “seguro e mais barato e melhor para o meio ambiente do que um enterro ou cremação”. Washington é o estado com maior taxa de cremação dos EUA —o método responde por 76,4% de todos os procedimentos. “Pensar sobre a morte e o descarte dos nossos corpos não é agradável, mas todo mundo vai enfrentar esse problema”, afirma.

O processo foi testado por uma equipe de pesquisadores da universidade estadual de Washington liderada por Lynne Carpenter-Boggs, professora de ciência do solo.

No estudo, seis corpos doados para pesquisa foram colocados em um recipiente fechado, embrulhados em material orgânico, como alfafa, e depois banhados por ar aquecido com micróbios. Os corpos eram virados de tempos em tempos. Segundo a pesquisadora, depois de 30 dias, os corpos viraram terra.

“Descobrimos que os métodos essenciais que usamos para compostagem de restos animais também são efetivos para restos humanos”, diz a pesquisadora. Ela ressalta que, com a técnica, os familiares e amigos poderão levar consigo um pequeno pedaço da pessoa que morreu e colocar na terra, como se costuma fazer com cinzas de cremação.

A lei encontra entre suas principais defensoras Katrina Spade, presidente da Recompose, uma das primeiras empresas a desenvolver o processo de conversão de restos humanos em adubo. A companhia aguarda a aprovação do método para oferecer seus serviços.

Ela chama a atenção para o aspecto ambiental da proposta, ao apresentar uma opção ao uso de químicos para embalsamar corpos, assim como a cremações que jogam dióxido de carbono na atmosfera e também ao uso intensivo de terras nos cemitérios.

“A recomposição oferece uma alternativa natural, segura e sustentável ao embalsamento e ao enterro ou cremação. E vai resultar em economias significativas de emissões de carbono e uso de terra. Nós queremos trabalhar com nossos líderes estaduais eleitos para aprovar essa nova alternativa às tradicionais práticas pós-morte.”

Spade mistura o apelo econômico e ambiental para vender seu modelo de negócios. Ela observa que a cremação exige combustíveis fósseis e emite dióxido de carbono na atmosfera, poluindo e contribuindo para as mudanças climáticas. A recomposição, afirma, usa 12,5% da energia utilizada na cremação e economiza uma tonelada de dióxido de carbono por pessoa.

“Se todo habitante de Washington escolhesse a recomposição após a morte, nós economizaríamos mais de meio milhão de toneladas de dióxido de carbono em dez anos. É o equivalente à energia necessária para alimentar 54 mil casas por um ano”, diz a presidente da Recompose, que estima poder abrir uma unidade da empresa em 2020 caso a legislação passe.

Mas a alternativa não necessariamente será a mais barata para os moradores: uma estimativa inicial coloca o custo do procedimento em cerca de US$ 5.000 (o equivalente a R$ 18,8 mil)—inferior ao de um enterro tradicional, porém mais caro do que uma cremação básica.

A questão financeira, no entanto, é só um parêntese num dilema maior, o cultural: como superar os rituais pós-morte que já são tradição para muitas famílias?

Nos EUA, há diferenças regionais nesse sentido. Em alguns lugares, como no Sul e no Meio-Oeste, os métodos mais populares são os tradicionais, como caixões e jazigos familiares. No Nordeste, ser enterrado ao lado dos ancestrais em cemitérios também tem forte apelo.

Gary Laderman, professor de história e culturas religiosas americanas da universidade Emory, avalia que saber o que fazer com o corpo é um dos grandes desafios da sociedade. Ele aponta para a diferença de como algumas culturas lidam com a questão. Para os hindus, por exemplo, o corpo deve ser colocado no fogo imediatamente, pela importância dada à reencarnação.

Ele vê com bons olhos a recomposição. “É seguro do ponto de vista ambiental e uma forma de trazer os mortos de volta à natureza. São novas maneiras de pensar e que surgem no mercado. O cenário para rituais de morte é fascinante, há muitas possibilidades agora.”

FONTE: folha.uol

4 comentários:

  1. Sou a favor. Podem usar meu corpo quando eu morrer.

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  2. Pesquisadores deveriam enfatizar e erradicar o fato de humanos sepultarem pedaços de cadáveres de animais no próprio estômago, quando ingerem proteína animal no cardápio, surreal mas real. Para adubar o solo nada melhor do que os "restos mortais" das próprias plantas decompostas pela natureza mesmo, não tem coisa melhor. Agora, humanos quando morrem podem doar seus órgãos para salvar outros humanos, isso sim parece mais ético do que comer uma alface que foi adubada com cinzas de algum cadáver humano anônimo para ficar mais saborosa ou degustar uma abóbora que se desenvolveu bonita e saudável porque o distinto anônimo Joaquim ou Maria morreram ou quem sabe nossa adorada mãezinha, que Deus a tenha. Corpos humanos e de animais mortos devem ser sepultados ou incinerados, fim de papo, vamos cuidar dos vivos que sofrem, por exemplo animais no matadouro ou bichos baleados por implacáveis caçadores, isso é prioridade mas absolutamente desnecessário, polêmico e antinatural, mais parecido com filme de terror esse projeto esdrúxulo deste humano sem noção que quer aparecer contribuindo com o Meio Ambiente de um jeito ou de outro, tétrico demais. Estou fora disso porque doar meus ossinhos, músculos e vísceras para adubar a terra, NEM MORTA.

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  3. Na minha opinião deveriam acabar com os cemitérios.Ocupam áreas enormes. No lugar plantar árvores, parque para crianças. Morreu? Cremar é a solução. Não nem pra pensar em se alimentar com adubo humano.

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  4. Será que finalmente o ser humano será útil para a natureza?

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