A matéria é super-interessante. Aprender é sempre bom!!!!!!
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Animais costumam esfregar partes do corpo para repelir carrapatos; estudo mostra que sabonete e até sabão em pó têm sido usados para isso.
Em Santa Catarina há uma situação, no mínimo, inusitada envolvendo os quatis e os moradores locais. Na Ilha do Campeche, em Florianópolis, os animais
têm entrado nas casas para pegar sabonete, desengordurante líquido e até sabão em pó. Mas qual a razão disso? Calma, há uma explicação lógica que vem da natureza.
têm entrado nas casas para pegar sabonete, desengordurante líquido e até sabão em pó. Mas qual a razão disso? Calma, há uma explicação lógica que vem da natureza.
Na América do Sul, esses animais têm o hábito de esfregar seus corpos com artrópodes, como o piolho-de-cobra, e secreções de plantas. O costume, acreditam os biólogos, ajuda a repelir mosquitos e carrapatos pelo corpo, em uma espécie de “automedicação”. O curioso é que os recursos naturais utilizados pela espécie vêm dividindo espaço com os produtos industrializados.
"Até o momento, supomos que o comportamento possa ter surgido pela interferência humana, pois os quatis estão em constante contato com os moradores da ilha, que apresentaram indiretamente os produtos de higiene aos animais", Aline Gasco, doutora em ciências.
O comportamento diferente tem sido passado para novas gerações. E não só no Sul, mas em outros pontos do Brasil também. Esse hábito é alvo de estudos de um trabalho conjunto envolvendo a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da USP, e a Universidad del Rosario, na Colômbia. Os quatis representam a primeira espécie silvestre de carnívoros sul-americanos a ser documentada cientificamente.
“Estamos investigando as causas da unção com produtos não-naturais. A origem da unção com produtos humanos deve ser uma soma de fatores internos e externos: a capacidade exploratória dos quatis, o comportamento de catação, a plasticidade comportamental para viver em ambientes antropizados e a possível ausência na ilha de plantas com propriedades analgésicas”, explica Aline Gasco, doutora em ciências pela FFCLRP-USP e uma das autoras do estudo.
O ato de esfregar - chamado de unção - é realizado entre o grupo em sessões que duram de alguns segundos até cinco minutos. Normalmente, usam a pata, boca, nariz e dente para aplicar o produto na região genital e na cauda. “São nessas áreas, úmidas e quentes do corpo, onde normalmente se desenvolvem bactérias e fungos”, afirma. Para o professor Andrés M Pérez-Acosta, da instituição colombiana, o comportamento pode representar uma nova variação da cultura da automedicação. “Antes de ser visto como um problema, é preciso melhorar a gestão dos resíduos orgânicos na ilha (do Campeche) e o hábito dos turistas de alimentar os animais”, Patrícia Monticelli, professora doutora da USP, orientadora da pesquisa.
O grupo de pesquisadores acredita que o efeito do uso dos produtos de higiene tenha se espalhado entre os membros do grupo pela observação curiosa deles, como também pelo contato social durante a alo-catação (mordiscar ou coçar um ao outro). Não somente a limpeza, mas os laços sociais são fortalecidos durante esses momentos de interação social. Nesse contexto, o compartilhamento da espuma entre os indivíduos do mesmo grupo contribuiu para a unção espalhar-se e ser aceita nessa população da ilha, aponta Aline.
“Os quatis são comunicativos, e como carnívoros, eles têm o canal olfativo desenvolvido, a ponto de observarmos um indivíduo começar o ato de espumar-se após farejar a espuma no outro”, diz. No estudo que simulou o diferente hábito, os pesquisadores tiveram o cuidado de usar apenas barras de sabão de cinzas, um produto natural.
A análise de comportamento apontou que a automedicação existe há mais de uma década entre os quatis e se transformou numa aprendizagem social transmitida entre gerações. Após concluídas as primeiras análises do comportamento de automedicação dos quatis sul-americanos, o grupo pretende estreitar colaborações com outros pesquisadores especialistas em quatis que têm observado tais comportamentos com produtos naturais. É preciso investigar também o que motiva os quatis a deslocarem um comportamento natural para ir em busca de produtos introduzidos por humanos.
"Temos como maior obstáculo a falta de investimentos. Os quatis são considerados animais abundantes na natureza e, nessa época de escassez de financiamentos, a prioridade é dada às pesquisas com os animais ameaçados de extinção."
"Contudo, é importante ressaltar que a falta de informações comportamentais também torna uma espécie susceptível à exploração indevida e manejo inadequado”, completa Aline Gasco
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A participação da instituição colombiana Universidad del Rosario fica por conta do professor doutor Andrés Pérez-Acosta. Psicólogo e pesquisador do comportamento de automedicação em humanos, ele está acompanhando esses mesmos hábitos em animais para entender com mais profundidade as origens dessa busca e o que leva tal costume a ser repetido por diversos indivíduos de uma mesma espécie; um problema que vem se tornando cada vez mais sério na sociedade em geral.
Fonte: G1 EPTV
Eles são lindos e asseados, tadinhos. Espero que o pessoal não os deixe apanhar sabão em pó porque possui mta química e pode dar alergias.
ResponderExcluirBateu preocupação, pois esse produtos podem fazer mais mal do que bem, como intoxicação ou até envenenamento, já que se trata de substâncias químicas.
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