É óbvio que queremos que todos parem de comer os animais, mas, enquanto isto não acontece, algumas ações acabam por diminuir o sofrimento dos animais de abate. Alguns acham que estas ações só atrasam o fim da exploração dos animais de consumo. Eu acho que tudo ajuda para se chegar ao fim... Este fim só acontecerá quando a carne de laboratório custar menos que a autentica animal. Aposto o resto da minha vida nisto!!!!!
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O movimento global por um consumo sustentável chegou definitivamente à cadeia da proteína animal. Os consumidores, cada vez mais bem informados, estão dizendo não para as práticas de manejo que levem sofrimento a bovinos, suínos e aves. Essas cadeias processam globalmente 262,7 milhões de toneladas por ano, e podem enfrentar daqui para frente uma forte barreira comercial, caso se descuidem do tema.
A DINHEIRO RURAL entrevistou, neste mês, o zootecnista José Rodolfo Ciocca, gerente de Agropecuária Sustentável da World Animal Protection, organização não-governamental inglesa que atua em todo o mundo na defesa de qualquer tipo de animal, de cães até elefantes. Desde 2013, a entidade apresenta o relatório anual Benchmark de Negócios do Bem-estar Animal na Fazenda (BBFAW, na sigla em inglês).
DINHEIRO RURAL – Há novidades na edição 2018 do relatório sobre bem-estar animal?
JOSÉ RODOLFO CIOCCA − A novidade é que estamos vendo um grande movimento de empresas comprometidas com investimentos em bem-estar animal. O estudo avaliou 110 empresas de 18 países, ligadas à cadeia de produção e ao comércio de alimentos. No primeiro relatório havia 68 empresas de 12 países. No Brasil, foram avaliadas três empresas: a BRF, a JBS e a Marfrig. Elas estão incorporando mais a política de bem-estar animal. O plano é aumentar cada vez mais o número de empresas avaliadas, especialmente na América Latina e na Ásia.
RURAL − Como as empresas comprovam que estão mudando as suas práticas?
CIOCCA − A comprovação é feita por meio das informações que as companhias divulgam em seus relatórios anuais. Apesar de não ter uma auditoria, o BBFAW desenvolveu uma metodologia bem complexa, com cruzamento de todas as informações, o que evita margem de manobra. A pontuação de uma companhia sobe, à medida que a sua atuação envolve geograficamente outras regiões do mundo. Por exemplo, o McDonald’s. Na Inglaterra, a empresa afirma não usar mais ovos de galinhas confinadas em gaiolas. Mas, no Brasil, a empresa ainda não publicou esse compromisso. Nesse sentido, ela não vai ter uma nota elevada.
RURAL − Pode-se confiar nas informações declaradas?
CIOCCA− Sim, porque essas empresas investem em fiscalizações internas. Uma auditoria feita por outras organizações comprovam que as companhias listadas no relatório estão cumprindo as metas de bem-estar animal. Essas informações acabam constando no relatório.
REVISTA RURAL − Qual foi o nível de classificação das empresas brasileiras?
CIOCCA − A BRF e a JBS foram classificadas no nível dois e a Marfrig, no nível três. O ranking que compõe o relatório parte do nível um, o melhor, ao nível seis, o pior.
RURAL − O que exatamente elas estão fazendo?
CIOCCA − A BRF se comprometeu com a criação de leitoas matrizes livres de gaiolas. Nós estamos desenvolvendo um projeto com a empresa para, aos poucos, ir adotando esse sistema em todas as regiões em que ela atua. A JBS também tem feito a mesma coisa. Então, vejo de forma explícita a evolução da agroindústria brasileira.
RURAL − Qual a repercussão desse tipo de política?
CIOCCA − No caso da BRF, quando se comprometeu com a eliminação das gaiolas na criação de suínos, ela influenciou outras agroindústrias na adoção dessa postura. A proposta da BRF é que os produtores integrados criem soltas metade de seus plantéis de leitoas até 2025. Hoje estão todas em gaiolas. Isso vai significar um salto gigantesco no bem-estar desses animais.
RURAL − Quais são as outras parcerias da World Animal Protection?
CIOCCA − Trabalhamos diretamente com instituições que consigam dar uma base científica para o bem-estar animal. Não é algo abstrato. Estamos desenvolvendo projetos com a Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), incentivando a realização de projetos de criação mais humanitária dos animais. Essa será a demanda do consumidor daqui para frente. Há, também, parcerias com universidades, como a UFRJ, a Unesp e a UEL.
RURAL − Com poucas empresas, como o Brasil é avaliado no relatório?
CIOCCA − Apesar do número pequeno de empresas avaliadas, a pesquisa mostra que o País ocupa uma posição interessante. Isso porque o relatório leva em conta o conjunto de empresas avaliadas, que, no caso do Brasil, são três muito bem posicionadas. Ao contrário dos Estados Unidos, onde foram avaliadas cerca de 30 empresas, com notas variadas. Mas é necessário que o Brasil avance em certas questões. O País está produzindo um animal visando ao bem-estar, mas destinado apenas aos europeus. Por que isso? Na maioria das vezes, o brasileiro nem chega a consumir os produtos vindos desse tido de criação.
RURAL − É preciso inverter essa lógica?
CIOCCA − Sim, porque o brasileiro já começa a questionar o bem-estar animal do produto que consome. As empresas devem se preparar para atender a exigência do consumidor local, pois ele também quer uma proteína animal de qualidade. Isso vai refletir, inclusive, em mais pontos e melhores níveis no ranking.
RURAL − Do ponto de vista do bem-estar animal, como o Brasil pode evoluir?
CIOCCA − Claro que ainda há muito para fazer, mas o Brasil é um grande responsável na produção global de alimentos. Principalmente de proteína animal. Nesse cenário, ele começa a atender uma demanda de perfil de consumidores que são a favor de uma pegada mais ética e pode elevar ainda mais a sua importância na produção de alimentos. O País tem potencial para garantir condições mais naturais de criação, com acesso do rebanho a pasto, luz e ar livre.
RURAL − Para o bem-estar animal, qual é a cadeia produtiva mais crítica?
CIOCCA – São duas, no caso, a de suínos e a de aves. Há três aspectos que identificam seus pontos críticos. Um deles é a longa duração de sofrimento a que um animal pode ficar submetido. O outro é o confinamento extremo e a alta lotação de animais em um mesmo espaço. E não menos importante são as práticas de mutilação. Na avicultura, por exemplo, há casos em que se cortam os bicos das aves. Na suinocultura, há o corte da cauda e dos dentes dos animais. Felizmente, há alternativas para melhorar isso tudo. São medidas que podem garantir uma produção mais sustentável.
RURAL − Que alternativas são essas?
CIOCCA – São métodos simples de bem-estar animal. Se dermos mais condições ambientais aos animais, eles expressam melhor o seu potencial produtivo. Por exemplo, a garantia de fontes de alimentos mais naturais, além de luz e vento. Menos estresse, com uma redução de lotação, pode se refletir em maiores ganhos econômicos na criação.
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O movimento global por um consumo sustentável chegou definitivamente à cadeia da proteína animal. Os consumidores, cada vez mais bem informados, estão dizendo não para as práticas de manejo que levem sofrimento a bovinos, suínos e aves. Essas cadeias processam globalmente 262,7 milhões de toneladas por ano, e podem enfrentar daqui para frente uma forte barreira comercial, caso se descuidem do tema.
A DINHEIRO RURAL entrevistou, neste mês, o zootecnista José Rodolfo Ciocca, gerente de Agropecuária Sustentável da World Animal Protection, organização não-governamental inglesa que atua em todo o mundo na defesa de qualquer tipo de animal, de cães até elefantes. Desde 2013, a entidade apresenta o relatório anual Benchmark de Negócios do Bem-estar Animal na Fazenda (BBFAW, na sigla em inglês).
DINHEIRO RURAL – Há novidades na edição 2018 do relatório sobre bem-estar animal?
JOSÉ RODOLFO CIOCCA − A novidade é que estamos vendo um grande movimento de empresas comprometidas com investimentos em bem-estar animal. O estudo avaliou 110 empresas de 18 países, ligadas à cadeia de produção e ao comércio de alimentos. No primeiro relatório havia 68 empresas de 12 países. No Brasil, foram avaliadas três empresas: a BRF, a JBS e a Marfrig. Elas estão incorporando mais a política de bem-estar animal. O plano é aumentar cada vez mais o número de empresas avaliadas, especialmente na América Latina e na Ásia.
RURAL − Como as empresas comprovam que estão mudando as suas práticas?
CIOCCA − A comprovação é feita por meio das informações que as companhias divulgam em seus relatórios anuais. Apesar de não ter uma auditoria, o BBFAW desenvolveu uma metodologia bem complexa, com cruzamento de todas as informações, o que evita margem de manobra. A pontuação de uma companhia sobe, à medida que a sua atuação envolve geograficamente outras regiões do mundo. Por exemplo, o McDonald’s. Na Inglaterra, a empresa afirma não usar mais ovos de galinhas confinadas em gaiolas. Mas, no Brasil, a empresa ainda não publicou esse compromisso. Nesse sentido, ela não vai ter uma nota elevada.
RURAL − Pode-se confiar nas informações declaradas?
CIOCCA− Sim, porque essas empresas investem em fiscalizações internas. Uma auditoria feita por outras organizações comprovam que as companhias listadas no relatório estão cumprindo as metas de bem-estar animal. Essas informações acabam constando no relatório.
REVISTA RURAL − Qual foi o nível de classificação das empresas brasileiras?
CIOCCA − A BRF e a JBS foram classificadas no nível dois e a Marfrig, no nível três. O ranking que compõe o relatório parte do nível um, o melhor, ao nível seis, o pior.
RURAL − O que exatamente elas estão fazendo?
CIOCCA − A BRF se comprometeu com a criação de leitoas matrizes livres de gaiolas. Nós estamos desenvolvendo um projeto com a empresa para, aos poucos, ir adotando esse sistema em todas as regiões em que ela atua. A JBS também tem feito a mesma coisa. Então, vejo de forma explícita a evolução da agroindústria brasileira.
RURAL − Qual a repercussão desse tipo de política?
CIOCCA − No caso da BRF, quando se comprometeu com a eliminação das gaiolas na criação de suínos, ela influenciou outras agroindústrias na adoção dessa postura. A proposta da BRF é que os produtores integrados criem soltas metade de seus plantéis de leitoas até 2025. Hoje estão todas em gaiolas. Isso vai significar um salto gigantesco no bem-estar desses animais.
RURAL − Quais são as outras parcerias da World Animal Protection?
CIOCCA − Trabalhamos diretamente com instituições que consigam dar uma base científica para o bem-estar animal. Não é algo abstrato. Estamos desenvolvendo projetos com a Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), incentivando a realização de projetos de criação mais humanitária dos animais. Essa será a demanda do consumidor daqui para frente. Há, também, parcerias com universidades, como a UFRJ, a Unesp e a UEL.
RURAL − Com poucas empresas, como o Brasil é avaliado no relatório?
CIOCCA − Apesar do número pequeno de empresas avaliadas, a pesquisa mostra que o País ocupa uma posição interessante. Isso porque o relatório leva em conta o conjunto de empresas avaliadas, que, no caso do Brasil, são três muito bem posicionadas. Ao contrário dos Estados Unidos, onde foram avaliadas cerca de 30 empresas, com notas variadas. Mas é necessário que o Brasil avance em certas questões. O País está produzindo um animal visando ao bem-estar, mas destinado apenas aos europeus. Por que isso? Na maioria das vezes, o brasileiro nem chega a consumir os produtos vindos desse tido de criação.
RURAL − É preciso inverter essa lógica?
CIOCCA − Sim, porque o brasileiro já começa a questionar o bem-estar animal do produto que consome. As empresas devem se preparar para atender a exigência do consumidor local, pois ele também quer uma proteína animal de qualidade. Isso vai refletir, inclusive, em mais pontos e melhores níveis no ranking.
RURAL − Do ponto de vista do bem-estar animal, como o Brasil pode evoluir?
CIOCCA − Claro que ainda há muito para fazer, mas o Brasil é um grande responsável na produção global de alimentos. Principalmente de proteína animal. Nesse cenário, ele começa a atender uma demanda de perfil de consumidores que são a favor de uma pegada mais ética e pode elevar ainda mais a sua importância na produção de alimentos. O País tem potencial para garantir condições mais naturais de criação, com acesso do rebanho a pasto, luz e ar livre.
RURAL − Para o bem-estar animal, qual é a cadeia produtiva mais crítica?
CIOCCA – São duas, no caso, a de suínos e a de aves. Há três aspectos que identificam seus pontos críticos. Um deles é a longa duração de sofrimento a que um animal pode ficar submetido. O outro é o confinamento extremo e a alta lotação de animais em um mesmo espaço. E não menos importante são as práticas de mutilação. Na avicultura, por exemplo, há casos em que se cortam os bicos das aves. Na suinocultura, há o corte da cauda e dos dentes dos animais. Felizmente, há alternativas para melhorar isso tudo. São medidas que podem garantir uma produção mais sustentável.
RURAL − Que alternativas são essas?
CIOCCA – São métodos simples de bem-estar animal. Se dermos mais condições ambientais aos animais, eles expressam melhor o seu potencial produtivo. Por exemplo, a garantia de fontes de alimentos mais naturais, além de luz e vento. Menos estresse, com uma redução de lotação, pode se refletir em maiores ganhos econômicos na criação.
FONTE: beefpoint
"Bem estar” animal é isso, desde a inseminação artificial (estupro), passando pela criminosa separação de bezerros e suas mães, visando sempre o “potencial produtivo” para gerar os indispensáveis e sagrados lucros humanos, mas garantindo o melhor tratamento que um animal poderia querer em sua curta vida, fico pensando se gostaria que fizessem isso comigo e de ser tratada “tão bem” assim, porque se você abre os olhos quando acorda, feliz por estar vivo, nenhum direito tem de fechar os olhos de um animal para sempre, ainda que o abrace e beije ANTES.
ResponderExcluirEnqto houver um só infeliz a devorar um pobre animal, sempre haverá sofrimento de todas as formas...Bem estar haverá no dia que todas as espécies forem livres para viverem onde e como desejarem, o resto é apenas balela de pessoas que jamais ao menos tentaram se colocar no lugar desses inocentes. Nojo de tudo isso!
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