Quem puder ajudar, não deixe de fazê-lo.... A gente sabe como funcionam estas questões.
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Interessados em ajudar com doações, podem entrar em contato pelos telefones (12) 9 9223 7205 (Duchie), após às 22h, (12) 9 9137 9098 (Sandra)
Cães e gatos abandonados pelas ruas de Ilhabela ganharam, nas últimas décadas, mais que uma simples defensora. Dochie Dobrota, 61 anos, chegou a vender um computador, aparelhos eletrônicos e objetos da casa onde vive, além de ter suspendido o serviço de internet, para comprar ração para os 48 cães e 150 gatos que ela recolhe das ruas do arquipélago, nos últimos 20 anos, a maioria, em idade avançada e doente.
Apesar de já estar aposentada, Dochie (lê-se Duquiê) gasta a maior parte do salário que recebe como balconista em um supermercado, para adquirir ração e medicamentos. Ela conta: “Estou cansada, exausta, com idade avançada, mas preciso do trabalho para alimentá-los. E permanecerei assim enquanto tiver forças”. Muitos dos animais foram encontrados com doenças terminais, como câncer, e até mutilações. “Animais doentes, aleijados, ninguém quer adotar. Preferem os sadios, bonitinhos”, diz ela.
Para abrigá-los, ela construiu um canil e um gatil improvisados, erguidos com restos de madeira, cercas de arame e telhas de amianto, nos fundos de sua casa humilde, também feita de madeira, no alto de um morro, longe da vizinhança. Mesmo assim, já recebeu queixa de vizinhos incomodados com os latidos, apesar da distância de quase mil metros da casa mais próxima.
Em 2010, a prefeitura de Ilhabela demoliu o canil e o gatil erguidos por ela, sob a alegação de que a estrutura estaria irregular. “Não me notificaram, não avisaram. Simplesmente chegaram aqui e colocaram tudo abaixo, mesmo com os cães e gatos”, conta ela, lembrando sobre o desespero que passou para abrigar os animais. Anos depois, ela recebeu uma indenização, após ter ingressado com ação judicial contra a prefeitura, por danos morais, por intermédio de uma advogada que também trabalhou de forma voluntária no caso. O canil atual já está com sua estrutura comprometida e com risco de desabar.
Devido às dificuldades financeiras, Dochie depende de doações de voluntários para alimentar “seus filhos”, como ela gosta de chamá-los. “Recorro a amigos, a pessoas que gostam de animais. Tem mês que eles podem ajudar, mas nem sempre é possível”, reconhece. A aposentada conta que, para os bichos não morrerem de fome, pede dinheiro emprestado. “Deixo de comer ou vendo minhas coisas. Já vendi meu computador, cancelei a internet e já não tenho quase nada em casa”, desabafa ela, apontando para seu barraco de um cômodo, onde vive rodeada por diversos cães. Ela se recorda da última perda. “Uma cadela, já idosa, morreu recentemente de câncer”.
No início do ano, Dochie levou um grande susto. Caiu de uma altura de 40 metros, ao lado de sua casa, após tentar resgatar uma cadela que havia despencado pela ribanceira. Ao tentar descer, escorregou porque a vegetação não suportou seu peso. Foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros com escoriações leves, após duas horas de operação de resgate. “Faria tudo de novo, por amor que tenho pelos cães”.
Mesmo com a falta de condições financeiras, veterinários fazem consultas regulares aos cães e gatos sob seus cuidados, que são vacinados e vermifugados, sem cobrar pelos serviços. Para tentar melhorar a qualidade de vida dos bichos, Dochie pensa em abrir uma organização não governamental para conseguir ração. “Com CNPJ, consigo preços mais baratos para comprar ração e medicamentos, que são caríssimos”.
Quem se interessar em ajudar Dochie com doações, pode entrar em contato pelos telefones (12) 9 9223 7205 (Duchie), após às 22h, (12) 9 9137 9098 (Sandra). Para doações em dinheiro: Banco Bradesco: agência 1013-8; CC: 10.510-4 - Dochie Dobrota.