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10/22/2019

Detentas cuidam de carneiros 'na linha de tiro' de penitenciária feminina de SP

Muito legal..... os bichos são uns santos milagreiros...
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Atrás de muros de mais de 2 metros de altura, grades de ferro, cercas elétricas, bloqueadores de sinais e detectores de metais da Penitenciária Feminina da Capital (PFC) que fica em Santana, na Zona Norte de São Paulo, 11 carneiros são criados pelas detentas como se fossem 'filhos'.
Na visão delas, os bichos são como 'crianças' que correm de um lado para o outro com seu som característico: "bééééé".

Mas o que faz esse rebanho dentro da prisão?
Tudo começou no início de 2017, quando um funcionário da unidade doou um casal de carneiros. Os animais foram incorporados ao patrimônio público do Estado, ganhando registro de numeração, vacinas e ajudando, ainda, na economia financeira.


Segundo a diretora-geral da penitenciária, Ivete Barão de Azevedo Halasc, os carneiros são usados para manter a altura da grama na "linha de tiro" (uma área de segurança máxima localizada junto ao muro de proteção e que serve para impedir fugas), pois comem o gramado. Próximo à região há duas muralhas, em que agentes posicionados vigiam a unidade.

Detenta P, de 30 anos, gosta de brincar com os animais e diz que, ao ser
libertada, sentirá saudades — Foto: Celso Tavares/G1

Com autorização judicial, a reportagem do G1 entrou na penitenciária para conhecer a história. A PFC conta atualmente com 600 detentas, sendo 140 delas estrangeiras.  “Gastávamos muito com cortador de grama, e toda hora tinha que ir para o conserto, porque quebrava. Era um gasto absurdo. Assim que os animais chegaram, facilitaram em tudo. Eles têm uma energia boa e são cuidados pelas próprias presas.

É uma atividade, uma terapia para elas, que os consideram como filhos: têm até nome”, diz Ivete, que coordena a cadeia feminina de São Paulo há 15 anos e está há mais de 30 atuando no sistema penitenciário paulista. “Elas (as presas) adoram dar bronca nos carneiros”, salienta a diretora.


O cuidado dos ovinos passou a fazer parte da rotina da unidade, tornando-se, em 2019, um projeto educacional para as presas. A Dolly é a ovelha mais velha, mãe de outros três carneiros, inclusive do mais novinho, o Pérola, de apenas um mês, e que faz a alegria das detentas pela impulsividade e por correr o tempo todo de um lado para o outro.

Duas presas que cumprem pena por tráfico de drogas são as responsáveis por “cuidar” dos caprinos. Uma delas é L., de 41 anos, presa há 9 anos. Ela chegou a ser libertada há cerca de 6 meses, mas cometeu uma infração enquanto estava no semiaberto e acabou voltando para o presídio.

Detenta P, de 30 anos, gosta de brincar com os animais e diz que,
ao ser libertada, sentirá saudades — Foto: Celso Tavares/G1
“Viemos pelo menos duas vezes por dia para esta área, pela manhã e pela tarde, para trocar a alimentação e a água deles. Limpamos a casinha e os animais, tosamos e os conduzimos para a área de gramado. É uma espécie de terapia, aprendemos bastante”, diz L., que sabe diferenciar só olhando se o animal está prenha.

“São como se fossem minha família”, brinca L, que é natural do Grande ABC, na região metropolitana de São Paulo, e cresceu com o pai tendo em casa uma criação de porco e galinhas.

“Percebemos que esta atividade, assim como a horta, fez bem a elas, ajudou a desenvolver a afetividade, já que o animal é um companheiro, e a capacidade cognitiva. As presas ficam mais calmas, e os carneiros começam a seguir elas: onde elas vão, eles vão atrás”, explica a diretora de reintegração do presídio, Marta Lima.

Carneiro Pérola é o mais novo da unidade, tem apenas 1 mês e recebeu o
leite da mãe de mamadeira — Foto: Celso Tavares/G1

No período em que a reportagem do G1 esteve na penitenciária, a detenta L. tentava tirar, com as mãos, o pelo da ovelha Dolly, que terminava de trocar de pele após o término de uma gestação de cinco meses. “Desde que ela começou a gestação do Pérola, começou a trocar a pele. Agora que está dando leite, está terminando o ciclo, o pelo está caindo, mas ela fica brava e irrita quando tento tirar, não gosta muito”, explica L.

A alimentação dos cabritos é composta, além da grama, por folhas verdes, que sobram das refeições coletivas, ou frutas, que as próprias presidiárias ganham de lanche e que, muitas vezes não querem, e acabam dando para os animais.

P., de 30 anos, cumpre pena há um ano e 6 meses na penitenciária, e adora brincar com os carneiros. A diretora de disciplina do presídio, Maria Lúcia de Almeida Lucas, recorda que, em certos momentos de tristeza, quando P. briga com a namorada, que também é detenta no local, vai para área onde ficam os carneiros para se divertir com eles.

Carneiros foram incorporados ao patrimônio do Estado de São Paulo e 
possuem registro com nome e data de nascimento — Foto: Celso Tavares/G1

Quando o mais novo cabrito nasceu, a cerca de um mês, a mãe Dolly não conseguia dar o leite ao filho. “Tivemos que dar o leite dela de mamadeira por um tempo, porque ele não conseguia se alimentar. A Pérola acabou se apegando conosco, mas agora a mãe tem ciúmes, está sempre por perto querendo proteger”, salienta a presa L.

“Eles comem de tudo. Para eles, não tem tempo ruim. Com eles eu me sinto bem, tranquila, me ajudam a ocupar o dia e a mente”, salienta P., que disse que terá saudades dos animais quando sair da prisão. “Eu vou sentir falta deles, eles complementam minha vida”, afirma P.

“Outro dia eu recebi uma carta de uma detenta preocupada com um dos carneiros, dizendo que ele andava por aí cabisbaixo, parecia depressivo. Ela pedia para termos mais atenção com ele, porque ele estava estranho. Mas era uma ovelha que estava grávida, por isso que ela ficava mais quieta na dela. É muito bonito de ver esta interação e preocupação entre os carneiros e elas”, diz Maria Lúcia, a diretora de disciplina.

Fonte: G1

Um comentário:

  1. lindo trabalho só que tomará Deus que naõ seja para matar para comer pq sou vegana há 27 anos e não como carne de especie alguam nem anda do amr tb

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