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9/25/2019

Com 20 pedidos de socorro por dia, ainda é certo ficar comprando animais?

É uma polêmica e tanto se deixar de vender animais de raça resolve o problema de abandono....
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Algumas ideias de fora parecem uma boa dica para também transformar Campo Grande. Em Santos (SP), por exemplo, foi sancionada lei que proíbe a venda de animais no município. A mudança foi publicada no Diário Oficial neste mês e os estabelecimentos terão seis meses para se adaptar. Já por aqui, nem sinal desse tipo de regulamentação, apesar de
algumas entidades defenderem como forma de amenizar o sofrimento de animais que são diariamente abandonados.

Por lá, a prefeitura quer acabar com a concessão e renovação de alvará de licença, localização e funcionamento aos estabelecimentos comerciais que vendam animais. A lei defende que os pets deixem de ser tratados como mercadorias.

Por aqui, enquanto não há lei que proíba a comercialização, animais são vendidos livremente em pet shops, canis e também na internet, reforçando o comércio enquanto há uma quantidade imensa de animais que aguardam adoção ou que aguardam a morte no corredor do abandono das ruas.

Embora quem compre se disponha a cuidar e amar incondicionalmente um bichinho, quem vende não é tão bom assim. Um exemplo claro disso é o número de denúncias e operações de resgate em canis pelo País, onde os animais permanecem em condições tristes.

Nesta semana, por exemplo, em Campo Grande, 44 cachorros foram encontrados amarrados, sujos e sem comida em uma propriedade da MS-040. O dono do local adestrava os cães para caça e vendia para todo o Brasil por valores entre R$ 500 e R$ 2 mil. Investigadores da Polícia Civil e servidores do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) foram até o local e recolheram os animais.

Animais resgatados em um fazenda de Campo Grande nesta semana. (Foto: Polícia Civil)
Animais resgatados em um fazenda de Campo Grande nesta semana. (Foto: Polícia Civil)
Opinião - A protetora Laura Garcia Brito, da ONG Cão Feliz, defende que comércio de bichos é até uma questão de saúde pública, porque se a venda fosse proibida, ficaria mais fácil controlar o número de animais abandonados nas ruas e sujeitos a doenças. “Fortaleceria muito mais a adoção, sem diferenciação de animais pelo preço que se paga”, explica.

Um número que reforça essa necessidade é o de pedidos de resgates. Por dia, a protetora Laura diz que chega a receber 20 pedidos, mesmo condições de resgatar todos os animais. “O meu celular lota todos os dias com mensagem e pedidos de resgate em Campo Grande. É absurdo o número de animais abandonados. Eu não posso mais entrar com uma formiga dentro da minha ONG, todas estão lotadas, mesmo assim, não vemos muitas mudanças em relação a isso”.

Com 10 a 15 pedidos de socorro, a protetora Camila Paz, da ONG Pedacinho do Céu, também concorda que a lei seria positiva para mudar a realidade de animais. “Não parece, mas em Campo Grande tem muita gente que compra animais. Sinto que diminuiria muito a quantidade de animais abandonados”.

Paola Souza, da ONG Mundo Animal, defende que a iniciativa deveria ser em todo o país. “Porque as pessoas iriam parar de comprar animais e adotar. O abandono infelizmente sempre vai ter, tanto de animais de raça quanto de animais sem raça definida. Os que são de raça, sempre são o que mais recebemos de pedido de resgate. Porque quando a pessoa compra, acha linda, fofo, mas nos primeiros problemas que começa a dar, e vê que os custos veterinários que precisa não são nem um pouco barato, abandonam”, descreve.

Outra pauta defendida pelas protetoras é a castração em massa. “Um fêmea abandonada nas ruas chega a parir 10 filhotes, isso aumenta consideravelmente o número de animais nas ruas. Se houvesse uma política eficiente de castração, com certeza amenizaria esse problema”, afirma Camila.

Na visão de Laura, só a castração em massa pode diminuir o abandono. “A proibição com as vendas ajudaria muito, mas a castração em massa é capaz de reduzir todos esses números, uma vez que muitos animais abandonados estão procriando nas ruas e muitas famílias também não tem conhecimento sobre a castração”.

O problema, na visão dela, está na falta de informação e preconceito. “Tem gente que chega ao ponto de ser contra a castração porque o cachorro vai deixar de ser macho ou porque vai ficar calmo demais. São muitas as desculpas para impedir a castração, mas acho que é preciso levar informação a população sobre os efeitos positivos dessa medida”.

2 comentários:

  1. Proibir não é o caminho. O correto é educar, conscientizar a população desde a pré escola para que cresçam sem as manias fúteis de seus pais.

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  2. Uma insanidade permitir a criação forçada de vidas, além da privatização do lucro e socialização dos prejuízos. Enquanto a indecente indústria de objetos vivos se locupleta desavergonhadamente, os prejuízos da atividade recaem sobre toda a sociedade. A maioria dos "consumidores" substitui rapidamente os brinquedos adquiridos com defeito - cresceram demais, apresentam difícil temperamento (consequência do desmame precoce), adoeceram ou saíram de moda - comprando outro e descartando o anterior. Considerando que "raça" sempre resulta de endocruzamento, o que determina maior fragilidade de saúde destes indivíduos, quase certo que as despesas com o veterinário serão mais altas do que a aquisição de um novo filhote. Os fabricantes, por sua vez, desprezam matrizes velhas, doentes e crias acidentais ou nascidas com deficiência, impróprias à venda. Neste compasso, o controle populacional jamais será atingido. A proibição da reprodução e do comércio em concomitância ao planejamento de castrações calculadas em números, dentro de determinado espaço temporal, isto sim, poderá funcionar.

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