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5/06/2019

Carne ‘de mentira’ estreia em Wall Street com valorização e quer enfrentar frango e carne bovina

Beyond Meat produz substitutos da carne com proteína vegetal e busca liquidez para crescer e competir com os grandes titãs da indústria de carne

Nesta quinta-feira Wall Street experimentou pela primeira vez a carne de mentira, um sucedâneo à base de proteínas vegetais produzido pela Beyond Meat. A empresa tem entre seus primeiros investidores o ator Leonardo DiCaprio e o guru da tecnologia Bill Gates, e nesta quinta-
feira suas ações começaram a ser negociadas no Nasdaq com uma avaliação inicial de 1,460 bilhão de dólares (cerca de 5,792 bilhões de reais). A expectativa era tão alta que, no final da sessão, teve uma valorização de 163%, ultrapassando os 65 dólares por ação. O objetivo da empresa é replicar a estratégia que transformou a indústria de laticínios e encheu as prateleiras de coisas que parecem leite, mas não são, como as bebidas de soja ou de amêndoas. Mas o desafio que enfrenta é colossal.

A oferta pública da Beyond Meat já era maior do que o previsto pela demanda. A empresa sediada em El Segundo (Califórnia) colocou à venda 9,6 milhões de ações, a 25 dólares por título. Isso lhe permitirá arrecadar 241 milhões de dólares. O último preço de referência dado aos investidores foi entre 23 e 25 dólares o título, o que já representava um aumento significativo em relação à primeira forquilha de 19 a 21 dólares. E começou com compras a 46 dólares. Desse patamar, subiu durante as primeiras horas de negociação para quase triplicar seu valor ao superar os 73 dólares.

A fabricante de carne vegetal foi criada por Ethan Brown há uma década. Ele se apresenta como executivo de uma empresa de tecnologia. O dinheiro obtido com a venda das ações será usado para investir na expansão de sua capacidade de produção, com a abertura de novas unidades de produção. Também será destinado ao desenvolvimento de novos produtos que imitam a carne de frango e a carne de porco, além de campanhas para convencer os amantes da carne animal a mudarem para seus hambúrgueres verdes.

Produz hambúrgueres, mas também salsichas, preparações para imitar a carne moída da bolonhesa ou almôndegas. Para se promover, tem um grupo de atletas que chama de “embaixadores” e que fazem vídeos para explicar as vantagens de comer carne de mentira. Nas imagens das receitas que publica em seu site, os hambúrgueres brilham e liberam sucos como se fossem um pedaço de contrafilé recém-saído da churrascaria. Combinam plantas e produtos vegetais como ervilhas, batatas, leveduras e diversos óleos, como os de coco ou de girassol, os submetem a mudanças de temperatura, pressão e outros processos até que eles tenham a textura, o sabor e o odor da carne que imitam.

Uma questão ambiental

Brown começou a desenvolver sua carreira profissional no setor de energia limpa. Mas sempre lhe rondava a cabeça a pergunta se os animais eram necessários para produzir carne. Esses produtos à base de proteínas vegetais que substituem a carne de bovina, suína e de frango estão ganhando popularidade nos EUA e na Europa. Não é só porque são mais saudáveis, mas também por causa das implicações ambientais do modelo de produção da indústria de carne.

“A pecuária é um dos principais contribuintes para as emissões de gases de efeito estufa”, argumenta o executivo na carta dirigida a investidores apresentando os méritos da oferta, ao mesmo tempo em que explica a pressão exercida sobre os recursos naturais. Também cita questões relacionadas ao tratamento dispensado aos animais e às consequências do consumo de carne, como o câncer, as doenças cardiovasculares e o diabetes.

A Beyond Meat diz que as vacas comem vegetais e seus corpos funcionam como “biorreatores que organizam” os nutrientes que comem para formar a carne. Segundo Browns explica, sua filosofia é prescindir do processo de digestão e do sistema muscular do animal e elaborar diretamente a carne por meio de vegetais. O que faz, diz, é emular esse “biorreator”, usando os mesmos constituintes das plantas – aminoácidos, lipídios, minerais, vitaminas e água – e organizando-os em uma arquitetura básica semelhante à carne animal.

À venda em supermercados dos Estados Unidos

A empresa comercializa o Beyond Burger, encontrado nos supermercados orgânicos Whole Foods, da Amazon, Kroger e os hipermercados Target ou que pode ser consumido nas redes de restaurantes TGIF, Carl’s Jr. e na canadense A&W. Brown não defende a retirada da carne animal da dieta, embora proponha uma mudança na definição para que produtos alternativos elaborados com uma composição e estrutura diferentes sejam levados em conta.

Também tem planos para crescer fora dos EUA. A estratégia para crescer não passa, em todo caso, por conquistar o consumidor vegetariano, que representa menos de 5% da população dos EUA. Seu objetivo são os “flexitarianos”. Cerca de 40% dos consumidores estão abertos a experimentar produtos à base de vegetais, de acordo com uma recente pesquisa da Nielsen Homescan. A Beyond Meat quer conquistar uma parte do mercado de carne animal, que movimenta 1,4 trilhão de dólares por ano.

Competição crescente

A estreia na bolsa de valores é o primeiro passo para dar visibilidade global ao seu negócio. A carne vegetal é, em todo caso, um negócio incipiente e a Beyond Meat deve demonstrar que pode ganhar escala suficiente para começar a ser rentável. A receita da empresa atingiu 88 milhões de dólares no ano passado. É mais que o dobro quando comparada ao ano anterior. Mas apesar dessa taxa de crescimento, continua gerando perdas próximas a 30 milhões.

A Tyson Foods, maior produtora de carne animal dos EUA, se antecipou à nova tendência e investiu na Beyond Meat. Chegou a controlar 6,5% do capital. Mas na semana passada anunciou a venda de sua participação para se concentrar no desenvolvimento de uma linha alternativa de produtos. Enquanto isso, a rede Burger King acaba de fazer uma parceria com a Impossible Foods para vender um hambúrguer Whopper feito com proteínas vegetais que sangra.

A Beyond Meat também tem entre seus concorrentes diretos empresas como Boca Foods, Field Roast Grain Meat, Gardein, Lightlife, Morningstar Farms e Tofurky. Todas buscam replicar a estratégia que transformou o mercado de laticínios, com um produto mais saudável. Mas vencer os grandes conglomerados do setor de carnes como Cargill, Hormal Foods, JBS e WH Group será mais difícil, porque dispõem de muito mais dinheiro e recursos.

FONTE: elpais

Um comentário:

  1. Carne de mentira é perfeita para os não veganos que vivem dizendo que "adorariam ser veganos" mas vão morrer jurando que um dia vão ser, mas não vão passar da promessa. Carne de mentira tem conotação com a carne de verdade porque lembra martírio e morte de animais para consumo, uma realidade que veganos desejariam riscar do mapa e do coração. O vocábulo CARNE lembra sangue derramado e tripas expostas, veganos assumidos não suportam mais isso. Indispensável mesmo é incentivar produtos livres de tortura, grãos, cereais, frutas, legumes e hortaliças, o pão de cada dia daqueles que estão vivendo, há décadas, muito bem obrigado com o que a Natureza oferece de montão, não com o que as Casas da Morte disponibilizam para carnívoros inveterados e não com o que cientistas queimam as pestanas para driblar o "prejuízo" dos que, por falta de informação, acham que morrerão à míngua se não comerem carne de verdade ou de mentira. Dispensável inventar comida de laboratório porque ela já existe na terra mesmo, só plantar, colher e se fartar, em paz com a vida e com Deus.

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