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4/03/2019

Estudo com camundongos pode desvendar os segredos da linguagem

Pesquisadores estudam cérebros dos roedores para entender a relação de transtornos como autismo com a limitação da fala

No alto das montanhas da América Central vive o camundongo cantor de Alston. Este roedor produz um canto notável, e os pesquisadores descobriram profundas semelhanças deste canto com a nossa conversação. “Até pouco tempo atrás, havia ainda a crença de que a fala humana e as vocalizações dos mamíferos fossem duas coisas completamente diferentes”, disse Steffen R. Hage, neurobiólogo da Universidade de Tubingen na Alemanha.

Comparando um macaco a outro macaco, acreditava-se que os centros processadores do medo no cérebro assinalariam um aglomerado de neurônios no tronco
cerebral. Este, então, enviaria comandos para a boca e a garganta para produzir um chamado.

Mas os primeiros pesquisadores não souberam reconhecer a maneira como os macacos podem controlar os seus sons. Entretanto, os cientistas conseguem treiná-los a chamar somente quando eles percebem uma pista. Para isto, os macacos usam aglomerados de neurônios no córtex cerebral. Os seres humanos têm aglomerados cerebrais semelhantes, e eles são essenciais para a linguagem. Esta semelhança significa que os blocos de construção da linguagem evoluíram nos nossos ancestrais primatas distantes.

Quando os cientistas examinaram os camundongos não descobriram qualquer evidência deste controle. Os camundongos caseiros, os preferidos de cientistas, produzem simples guinchos ultrassônicos. Mas em 2011, Michael A. Long, um neurocientista da New York University Medical School, ouviu falar do camundongo cantor de Alston, que produz ruídos altos com duração de até 16 segundos, e cada camundongo tem um canto diferente.

Trabalhando com Steven M. Phelps, um biólogo da Universidade do Texas em Austin, o dr. Long montou uma casa para os camundongos no seu laboratório a fim de estudar os seus cérebros. Um dia, Andrew M. Matheson, um estudante de pós-graduação, notou que dois machos em gaiolas vizinhas emitiam sons como se estivessem conversando. A equipe descobriu que o camundongo cantor nunca se sobrepunha ao outro. Cada um deles esperava que o outro terminasse, e então começava, após a fração de segundo. “Eles conversam educadamente”, observou Arkarup Banerjee, um pesquisador.

Para o dr. Long, isto se assemelhava à conversação humana, que, segundo ele, é como “bater em uma bola de tênis fazendo-a ir de um lado para o outro da rede, indo e voltando. E a neurociência não consegue entender como o cérebro faz isto”.

Por isso, os pesquisadores começaram a estudar os cérebros dos camundongos. Eles esfriaram áreas do cérebro de camundongo, desacelerando os neurônios. Uma área do córtex é essencial para controlar o canto, descobriram. Esfriando esta seção, o camundongo canta longas canções. Long acha que esta região é crucial para a comunicação peculiar do camundongo. “Nós achamos que este é o elemento condutor”, disse. “Ele permite que os animais cantem à sua maneira, esperando a sua vez”.

Hage, que não participou da pesquisa, afirmou que os resultados mostram que outros mamíferos, além dos primatas, podem usar o córtex para controlar os seus sons. E acrescentou que isto aumenta as possibilidades de os ancestrais comuns de humanos e roedores, que viveram há cerca de 100 milhões de anos, terem tido esta capacidade. “Trata-se de uma característica fundamental para a evolução da fala humana”, explicou o cientista.

É possível que os circuitos do camundongo cantor de Alston e dos seres humanos sejam tão semelhantes que são influenciados pelos mesmos genes. Isto pode tornar os camundongos bons modelos para estudar o porquê de o autismo levar pessoas a terem problemas com a conversação.

Long está modificando geneticamente os camundongos com mutações ligadas ao autismo. “Vamos tentar compreender como elas afetam a comunicação em um sistema mais simples, de modo a podermos chegar ao cerne do que está realmente acontecendo”, afirmou.

FONTE: estadao

2 comentários:

  1. Estudar cérebros dos roedores para entender a relação de transtornos como autismo com a limitação da fala? Isso é sério?
    Que tal estudar a cabeça desses pesquisadores, para saber se existe um cérebro dentro?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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