Responde quem puder: onde a ação humana não estraga tudo?
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Mapeamento inédito mostra que 25% dos 5.457 mamíferos, aves e anfíbios com risco de extinção têm quase 90% da sua distribuição geográfica afetada por atividades como caça ilegal, desmatamento e construções de estradas
Há tempos a ciência alerta que atividades humanas têm um impacto negativo sobre
a biodiversidade. Mas agora, pela primeira vez, pesquisadores detalham, em um mapeamento global, como a caça ilegal, a construção de estradas e o desmatamento para fins agrícolas, entre outros, afetam diretamente espécies consideradas ameaçadas de extinção. O resultado, publicado na revista Plos Biology, revela um quadro preocupante. Dos 5.457 mamíferos, aves e anfíbios que se encaixam nesse critério, um quarto está sob risco em quase 90% da sua distribuição geográfica.
“O que é mais angustiante: 395 espécies estão afetadas em todo seu alcance e quase certamente enfrentarão a extinção se não houver ações para acabar com as ameaças”, diz o principal autor do estudo, o pesquisador da Universidade de Queensland James Allan. O Brasil é destaque no mapeamento por conter um dos biomas mais ameaçados, a Mata Atlântica. Florestas tropicais e subtropicais da Malásia, Indonésia, Índia, Mianmar e Tailândia dividem com o sudeste brasileiro a condição de piores regiões para a conservação das espécies. Globalmente, a situação mais crítica está nos manguezais. Quando considerados os países em sua totalidade, os mais impactados pela atividade humana são Malásia, Brunei e Cingapura. No sudeste asiático, em uma área correspondente a 11,7 mil quilômetros quadrados, há mais de 150 espécies ameaçadas por ações antropogênicas.
Embora já preocupante, o retrato revelado pela pesquisa está incompleto: a situação, destacam os pesquisadores, é ainda mais grave. “É importante notar que nossos dados não compreendem todas as ameaças a todas as espécies. Por exemplo, nossa análise não leva em conta doenças infecciosas, um condutor global do declínio em anfíbios, ou as mudanças climáticas, uma ameaça que já está impactando muitas espécies em todas as unidades taxonômicas. Os resultados são, portanto, conservadores, e muitas espécies serão mais impactadas do que nosso mapa mostra”, diz o artigo.
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Mapeamento inédito mostra que 25% dos 5.457 mamíferos, aves e anfíbios com risco de extinção têm quase 90% da sua distribuição geográfica afetada por atividades como caça ilegal, desmatamento e construções de estradas
Há tempos a ciência alerta que atividades humanas têm um impacto negativo sobre
a biodiversidade. Mas agora, pela primeira vez, pesquisadores detalham, em um mapeamento global, como a caça ilegal, a construção de estradas e o desmatamento para fins agrícolas, entre outros, afetam diretamente espécies consideradas ameaçadas de extinção. O resultado, publicado na revista Plos Biology, revela um quadro preocupante. Dos 5.457 mamíferos, aves e anfíbios que se encaixam nesse critério, um quarto está sob risco em quase 90% da sua distribuição geográfica.
“O que é mais angustiante: 395 espécies estão afetadas em todo seu alcance e quase certamente enfrentarão a extinção se não houver ações para acabar com as ameaças”, diz o principal autor do estudo, o pesquisador da Universidade de Queensland James Allan. O Brasil é destaque no mapeamento por conter um dos biomas mais ameaçados, a Mata Atlântica. Florestas tropicais e subtropicais da Malásia, Indonésia, Índia, Mianmar e Tailândia dividem com o sudeste brasileiro a condição de piores regiões para a conservação das espécies. Globalmente, a situação mais crítica está nos manguezais. Quando considerados os países em sua totalidade, os mais impactados pela atividade humana são Malásia, Brunei e Cingapura. No sudeste asiático, em uma área correspondente a 11,7 mil quilômetros quadrados, há mais de 150 espécies ameaçadas por ações antropogênicas.
Embora já preocupante, o retrato revelado pela pesquisa está incompleto: a situação, destacam os pesquisadores, é ainda mais grave. “É importante notar que nossos dados não compreendem todas as ameaças a todas as espécies. Por exemplo, nossa análise não leva em conta doenças infecciosas, um condutor global do declínio em anfíbios, ou as mudanças climáticas, uma ameaça que já está impactando muitas espécies em todas as unidades taxonômicas. Os resultados são, portanto, conservadores, e muitas espécies serão mais impactadas do que nosso mapa mostra”, diz o artigo.
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Refúgios
Além dos hotspots — locais em que a riqueza das espécies está mais ameaçada pela atividade humana —, a pesquisa identifica os cool spots, os últimos refúgios onde animais estão seguros e longe dos impactos antropogênicos. Novamente, o Brasil é destaque mas, dessa vez, positivo. Entre esses últimos paraísos na Terra para anfíbios, aves e mamíferos, estão partes da Floresta Amazônica, além das Montanhas Andinas, das florestas de tundra da Rússia e das florestas boreais da América do Norte.
Os autores do artigo acreditam que a identificação dos refúgios poderá ajudar a guiar estratégias de conservação, para que não apenas se recuperem áreas onde as espécies estão mais ameaçadas, mas sejam criados meios de garantir que os santuários não sofram interferência humana. “É óbvio que a grande maioria das espécies ameaçadas que ainda não está extinta desaparecerá se não tomarmos medidas preventivas. Ainda temos tempo para nos ajustar e melhorar, mas precisamos usar os resultados desse estudo para nos concentrar em salvar as áreas que funcionam como fortalezas para essas espécies”, diz James Watson, pesquisador da Universidade de Queensland e coautor do estudo.
“Nos hotspots, temos de interromper as ameaças, além de identificar a ameaça específica daquele local. Nos cool spots, devemos impedi-las em primeiro lugar, o que pode ser feito por meio de áreas protegidas e reservas indígenas, por exemplo”, afirma James Allan, que liderou o mapeamento. “Também podemos usar as informações da análise para priorizar os locais em que se deve agir para salvar a maior quantidade de espécies, e é nisso que estou trabalhando no momento.”
Baseado no mapeamento, o senhor pode analisar a situação das espécies brasileiras?
O Brasil é interessante, a Mata Atlântica é um dos mais impactados biomas na Terra. Parar com as ameaças nessa área, restaurar e reconectar os pedaços de floresta são pontos cruciais para acabar com as extinções. A Amazônia também é o último grande refúgio do mundo. Qualquer atividade de desenvolvimento econômico lá é devastadora para a biodiversidade. O Brasil tem um grande potencial para salvar a biodiversidade protegendo a Amazônia, o Pantanal e recuperando a Mata Atlântica.
O desmatamento para fins agrícolas é uma tendência crescente no mundo. O senhor acredita que é realmente possível colocar limites nessa atividade econômica a favor da biodiversidade?
Em alguns lugares, como a Amazônia, é preciso colocar limites de fronteira para acabar com as extinções. Em outros, planejamento estratégico e inteligente da expansão agrícola funcionarão. Como nós mapeamos ameaças específicas contra espécies, é possível descobrir exatamente quais atividades serão prejudiciais em uma área e quais atividades não serão, para que possamos ajudar a orientar o desenvolvimento e a expansão agrícola com baixo impacto.
Pessoalmente, o senhor acredita que será possível prevenir o colapso das espécies ameaçadas?
Sim, absolutamente. A combinação da ciência de peso, publicada pelo bom jornalismo, a atenção do público e o apoio (que está crescendo) devem conseguir fazer isso, apesar da falta de liderança visionária em muitos países. Nem todas as espécies serão salvas, mas, certamente, podemos salvar a maioria.
FONTE: correiobraziliense
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