Não tive condições de escrever sobre isto. Bom que saiu esta matéria.... Adorei.... como tem oportunistas..... ô nojo!!!!!
--------
Artistas e celebridades que manifestaram indignação com o rompimento da barragem da Vale e solidariedade às vítimas tiveram sua empatia posta sob suspeita. Parte do público viu na atitude puro desejo de autopromoção
A comoção nacional em torno da tragédia de Brumadinho acendeu, nesta semana, um debate sobre os limites que separam a empatia do oportunismo. Publicações de artistas, aparentemente solidários às vítimas e às famílias atingidas pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, tiveram suas boas intenções colocadas sob suspeita nas redes sociais. Muitos perceberam as manifestações como mera forma de ampliar popularidade, a fim de engajar e atrair novos seguidores, e não se furtaram a fazer comentários nesse sentido diretamente para as celebridades.
Na última sexta-feira (25), dia do desastre, a atriz Bruna Marquezine foi uma das primeiras personalidades a se manifestar, por meio de seu perfil no Instagram. Em sequência de fotos, com menção ao número de desaparecidos e indicações dos meios para fazer doações às vítimas, ela afirmou: “Não é desastre ambiental. É negligência, é ganância, descaso, é a certeza da impunidade. É cruel. É crime”. Marquezine é a brasileira mais influente nessa rede social, com aproximadamente 34 milhões de seguidores.
Além de comentários em respaldo à opinião da atriz – e mais de 800 mil curtidas registradas em menos de uma semana –, a postagem também recebeu variadas críticas. Houve quem acusasse Marquezine de incoerência, confrontando sua indignação com opiniões manifestadas anteriormente. Outros questionaram que ajuda efetiva a atriz teria oferecido às vítimas. Os comentários aborreceram Marquezine, que respondeu em tom raivoso. “QUEM DISSE? Que infeeeerno! Já tá insuportável! As pessoas só sabem apontar dedos, ofender, diminuir, humilhar as outras. Só querem causar, lacrar na internet. Até num momento extremamente triste como esse. Estão sem limites, sem amor, sem empatia! Eu vou ter que postar aqui cada comprovante de depósito feito para ajudar seja lá quem for? E se eu fizer isso, você vai vir aqui dizendo que eu estou querendo aparecer? Que quero me promover usando o sofrimento dos outros?”, escreveu.
PRECES
A top model Gisele Bündchen também enfrentou cobranças nas redes sociais na última semana. Em foto com o rosto envolto em um manto verde e pose remetendo à Virgem Maria, ela quis prestar solidariedade às vítimas. “É muito triste que um desastre como este esteja acontecendo novamente. Meu coração está apertado e estou rezando para todas as famílias afetadas pela tragédia em Brumadinho”, escreveu ao lado da imagem.
Não soou bem para parte de seus seguidores, críticos à aura glamourosa da foto. “A Gisele posta sobre Brumadinho com a primeira foto sendo dela para não estragar o feed”, comentou uma internauta, no Twitter. Diante da repercussão, a modelo apagou a mensagem. Vale lembrar que Gisele é ativista ambiental e voz constante de apoio a projetos e causas de preservação do ecossistema.
Outro que não escapou do olhar desconfiado do público foi o funkeiro Nego do Borel. Em publicação, ele faz orações e lamenta a tragédia de Brumadinho e a recente morte do apresentador Wagner Montes. “Meu Deus, que começo de ano é esse, pai?”, indagou. Logo, os seguidores identificaram que a mesma série de fotos foi utilizada pelo cantor nos primeiros dias de 2019, em mensagem de ano-novo.
COMPORTAMENTO
O psicólogo Marcelo Drummond, atuante na comissão de emergências e desastres, observa que ações de personalidades atingem grandes proporções, mas em pouco se distanciam das atitudes de anônimos. “Os comportamentos humanos possuem determinações principais e secundárias. É absolutamente possível apresentar empatia, lamentar o ocorrido, colocar-se no lugar das vítimas e, ao mesmo tempo, incluir um desejo de se promover”, afirma.
Ele diz ser impossível avaliar em que medida esses dois fatores opositores – empatia e oportunismo – são determinantes em uma postagem em rede social. “Quando se tem vida pública, qualquer manifestação serve como promoção, para o bem ou para o mal. Com qualquer ato público (a pessoa famosa) estará se divulgando, mesmo que não queira”, aponta. “Artistas mais conscientes aproveitam dessa imagem para fazer valer suas opiniões de cidadão. Assim, ganham público que pensa como eles e também algumas discordâncias.”
Em sua experiência no ciberespaço, o psicólogo se depara com pessoas que se colocam apaixonadamente contra a Vale, outras que se manifestam de forma moderada, enquanto alguns, por razões diversas, evitam a culpabilização da empresa. Como no ambiente virtual impera uma vigilância constante em relação ao comportamento alheio, é possível que os famosos se sintam pressionados a controlar rigidamente a exposição de suas opiniões.
“Cria-se uma onda, levando ao pensamento de que ‘eu também tenho que me manifestar’. O sentimento de grupo permite a liberação de alguns freios, que geralmente se mantêm em situações solitárias. Surge um sentimento de que não se está sozinho, porque outras pessoas também falam o que querem e me apoiam no que falo. É um fenômeno incontrolável, que leva a extremos, como linchamento virtual, que, por vezes, evolui ao linchamento físico”, diz o psicólogo.
DIREITOS
Todos têm direito de vir a público apresentar opiniões sobre qualquer fato, desde que respeitem as normas democráticas. É o que relembra a professora Rousiley Maia, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública, da UFMG, com estudos que envolvem comunicação pública e solução de conflitos. “É legítimo que diversos atores, de diferentes áreas da sociedade, se pronunciem na esfera pública, desde que respeitem as normas democráticas. As celebridades têm uma notoriedade e reputação social diferenciadas, mas podem, inclusive, auxiliar causas de ativistas, na medida em que demandam fiscalização e prestação de contas”, observa Rousiley.
Segundo a professora, é preciso considerar menos o status de quem fala e mais o conteúdo daquilo que é dito publicamente, o quanto a fala agrega ao contexto. Se, de um lado, o fato de se manifestar pode soar como oportunismo; de outro, o silêncio pode ser entendido como insensibilidade. “É difícil apontar qual seria a justa medida nessas situações. Não existe uma maneira geral e necessária de se comportar, nem uma linha demarcatória quando se enfrenta pressões de ambos os lados”, opina. “Essas pessoas nunca estarão isentas da crítica de que estão usando a fama e a visibilidade para autopromoção. É inevitável a qualquer personalidade pública.”
A professora avalia que “esses desvios de discussão do público – se há ou não autopromoção ou interesse de marketing –, costumam funcionar frequentemente para despolitizar uma questão”. Ela observa que, “ao atacar o caráter dessas pessoas públicas, bem ou mal-intencionadas, desvia-se de um debate mais substantivo sobre o que é o problema, quais suas consequências e se o que ela disse contribui para o avanço do bem comum, para a responsabilização da empresa e para a questão ecológica”.
VISIBILIDADE
A apresentadora e ativista dos animais Luisa Mell se dirigiu ao local do desastre no início da semana e compartilhou sua rotina no local em seu perfil no Instagram. Ela criticou o sacrifício, a tiros, de animais que já não poderiam ser salvos pelas equipes de resgate. A postura lhe rendeu elogios, mas também ataques, sob acusação de imprudência. Na terça-feira (29), Mell postou vídeo da retirada de uma vaca na lama. “Eu sempre usarei minha voz, minha visibilidade, minha vida para lutar por quem não pode se defender sozinho! Obrigada aos bombeiros”, postou em seu Instagram, recebendo elogios das atrizes Giovanna Ewbank e Larissa Manoela.
"Os comportamentos humanos possuem determinações principais e secundárias. É absolutamente possível apresentar empatia, lamentar o ocorrido, colocar-se no lugar das vítimas e, ao mesmo tempo, incluir um desejo de se promover"
. Marcelo Drummond, psicólogo
"É difícil apontar qual seria a justa medida nessas situações. Não existe uma maneira geral e necessária de se comportar, nem uma linha demarcatória quando se enfrenta pressões de ambos os lados. Essas pessoas nunca estarão isentas da crítica de que estão usando a fama e a visibilidade para autopromoção. É inevitável a qualquer personalidade pública"
Rousiley Maia, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública da UFMG
--------
Artistas e celebridades que manifestaram indignação com o rompimento da barragem da Vale e solidariedade às vítimas tiveram sua empatia posta sob suspeita. Parte do público viu na atitude puro desejo de autopromoção
A comoção nacional em torno da tragédia de Brumadinho acendeu, nesta semana, um debate sobre os limites que separam a empatia do oportunismo. Publicações de artistas, aparentemente solidários às vítimas e às famílias atingidas pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, tiveram suas boas intenções colocadas sob suspeita nas redes sociais. Muitos perceberam as manifestações como mera forma de ampliar popularidade, a fim de engajar e atrair novos seguidores, e não se furtaram a fazer comentários nesse sentido diretamente para as celebridades.
Na última sexta-feira (25), dia do desastre, a atriz Bruna Marquezine foi uma das primeiras personalidades a se manifestar, por meio de seu perfil no Instagram. Em sequência de fotos, com menção ao número de desaparecidos e indicações dos meios para fazer doações às vítimas, ela afirmou: “Não é desastre ambiental. É negligência, é ganância, descaso, é a certeza da impunidade. É cruel. É crime”. Marquezine é a brasileira mais influente nessa rede social, com aproximadamente 34 milhões de seguidores.
Além de comentários em respaldo à opinião da atriz – e mais de 800 mil curtidas registradas em menos de uma semana –, a postagem também recebeu variadas críticas. Houve quem acusasse Marquezine de incoerência, confrontando sua indignação com opiniões manifestadas anteriormente. Outros questionaram que ajuda efetiva a atriz teria oferecido às vítimas. Os comentários aborreceram Marquezine, que respondeu em tom raivoso. “QUEM DISSE? Que infeeeerno! Já tá insuportável! As pessoas só sabem apontar dedos, ofender, diminuir, humilhar as outras. Só querem causar, lacrar na internet. Até num momento extremamente triste como esse. Estão sem limites, sem amor, sem empatia! Eu vou ter que postar aqui cada comprovante de depósito feito para ajudar seja lá quem for? E se eu fizer isso, você vai vir aqui dizendo que eu estou querendo aparecer? Que quero me promover usando o sofrimento dos outros?”, escreveu.
PRECES
A top model Gisele Bündchen também enfrentou cobranças nas redes sociais na última semana. Em foto com o rosto envolto em um manto verde e pose remetendo à Virgem Maria, ela quis prestar solidariedade às vítimas. “É muito triste que um desastre como este esteja acontecendo novamente. Meu coração está apertado e estou rezando para todas as famílias afetadas pela tragédia em Brumadinho”, escreveu ao lado da imagem.
Não soou bem para parte de seus seguidores, críticos à aura glamourosa da foto. “A Gisele posta sobre Brumadinho com a primeira foto sendo dela para não estragar o feed”, comentou uma internauta, no Twitter. Diante da repercussão, a modelo apagou a mensagem. Vale lembrar que Gisele é ativista ambiental e voz constante de apoio a projetos e causas de preservação do ecossistema.
Outro que não escapou do olhar desconfiado do público foi o funkeiro Nego do Borel. Em publicação, ele faz orações e lamenta a tragédia de Brumadinho e a recente morte do apresentador Wagner Montes. “Meu Deus, que começo de ano é esse, pai?”, indagou. Logo, os seguidores identificaram que a mesma série de fotos foi utilizada pelo cantor nos primeiros dias de 2019, em mensagem de ano-novo.
COMPORTAMENTO
O psicólogo Marcelo Drummond, atuante na comissão de emergências e desastres, observa que ações de personalidades atingem grandes proporções, mas em pouco se distanciam das atitudes de anônimos. “Os comportamentos humanos possuem determinações principais e secundárias. É absolutamente possível apresentar empatia, lamentar o ocorrido, colocar-se no lugar das vítimas e, ao mesmo tempo, incluir um desejo de se promover”, afirma.
Ele diz ser impossível avaliar em que medida esses dois fatores opositores – empatia e oportunismo – são determinantes em uma postagem em rede social. “Quando se tem vida pública, qualquer manifestação serve como promoção, para o bem ou para o mal. Com qualquer ato público (a pessoa famosa) estará se divulgando, mesmo que não queira”, aponta. “Artistas mais conscientes aproveitam dessa imagem para fazer valer suas opiniões de cidadão. Assim, ganham público que pensa como eles e também algumas discordâncias.”
Em sua experiência no ciberespaço, o psicólogo se depara com pessoas que se colocam apaixonadamente contra a Vale, outras que se manifestam de forma moderada, enquanto alguns, por razões diversas, evitam a culpabilização da empresa. Como no ambiente virtual impera uma vigilância constante em relação ao comportamento alheio, é possível que os famosos se sintam pressionados a controlar rigidamente a exposição de suas opiniões.
“Cria-se uma onda, levando ao pensamento de que ‘eu também tenho que me manifestar’. O sentimento de grupo permite a liberação de alguns freios, que geralmente se mantêm em situações solitárias. Surge um sentimento de que não se está sozinho, porque outras pessoas também falam o que querem e me apoiam no que falo. É um fenômeno incontrolável, que leva a extremos, como linchamento virtual, que, por vezes, evolui ao linchamento físico”, diz o psicólogo.
DIREITOS
Todos têm direito de vir a público apresentar opiniões sobre qualquer fato, desde que respeitem as normas democráticas. É o que relembra a professora Rousiley Maia, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública, da UFMG, com estudos que envolvem comunicação pública e solução de conflitos. “É legítimo que diversos atores, de diferentes áreas da sociedade, se pronunciem na esfera pública, desde que respeitem as normas democráticas. As celebridades têm uma notoriedade e reputação social diferenciadas, mas podem, inclusive, auxiliar causas de ativistas, na medida em que demandam fiscalização e prestação de contas”, observa Rousiley.
Segundo a professora, é preciso considerar menos o status de quem fala e mais o conteúdo daquilo que é dito publicamente, o quanto a fala agrega ao contexto. Se, de um lado, o fato de se manifestar pode soar como oportunismo; de outro, o silêncio pode ser entendido como insensibilidade. “É difícil apontar qual seria a justa medida nessas situações. Não existe uma maneira geral e necessária de se comportar, nem uma linha demarcatória quando se enfrenta pressões de ambos os lados”, opina. “Essas pessoas nunca estarão isentas da crítica de que estão usando a fama e a visibilidade para autopromoção. É inevitável a qualquer personalidade pública.”
A professora avalia que “esses desvios de discussão do público – se há ou não autopromoção ou interesse de marketing –, costumam funcionar frequentemente para despolitizar uma questão”. Ela observa que, “ao atacar o caráter dessas pessoas públicas, bem ou mal-intencionadas, desvia-se de um debate mais substantivo sobre o que é o problema, quais suas consequências e se o que ela disse contribui para o avanço do bem comum, para a responsabilização da empresa e para a questão ecológica”.
VISIBILIDADE
A apresentadora e ativista dos animais Luisa Mell se dirigiu ao local do desastre no início da semana e compartilhou sua rotina no local em seu perfil no Instagram. Ela criticou o sacrifício, a tiros, de animais que já não poderiam ser salvos pelas equipes de resgate. A postura lhe rendeu elogios, mas também ataques, sob acusação de imprudência. Na terça-feira (29), Mell postou vídeo da retirada de uma vaca na lama. “Eu sempre usarei minha voz, minha visibilidade, minha vida para lutar por quem não pode se defender sozinho! Obrigada aos bombeiros”, postou em seu Instagram, recebendo elogios das atrizes Giovanna Ewbank e Larissa Manoela.
"Os comportamentos humanos possuem determinações principais e secundárias. É absolutamente possível apresentar empatia, lamentar o ocorrido, colocar-se no lugar das vítimas e, ao mesmo tempo, incluir um desejo de se promover"
. Marcelo Drummond, psicólogo
"É difícil apontar qual seria a justa medida nessas situações. Não existe uma maneira geral e necessária de se comportar, nem uma linha demarcatória quando se enfrenta pressões de ambos os lados. Essas pessoas nunca estarão isentas da crítica de que estão usando a fama e a visibilidade para autopromoção. É inevitável a qualquer personalidade pública"
Rousiley Maia, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública da UFMG
FONTE: uai
Não vi nada de mais no comportamento dos artistas. O que me revoltou mesmo, foi a cara de pau dos petistas ao cobrar punição pela tragédia em Brumadinho. Eles estiveram no poder por mais de uma década e fizeram o quê? Nem a tragédia de Mariana serviu de exemplo? Muita hipocrisia.
ResponderExcluir