A matéria oferece bastante informação....
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A obesidade atinge entre 22% e 44% dos animais de estimação e esses índices parecem estar aumentando; estudos veem relação não apenas com a comida, mas também com a flora intestinal.
Até o ano passado, Borris nunca recusaria
uma costeleta de porco. Ele gostava de sorvete durante o verão e adorava um assado de domingo
no inverno – incluindo carne com pudim de Yorkshire, carne de porco, purê de batatas e uma seleção de legumes.
Borris é um cavalier king charles spaniel de cinco anos de idade. No momento em que sua proprietária, Annemarie Formoy, entrou na competição PDSA Pet Fit Club, que ajuda cães e gatos obesos a perder peso, ele tinha 28kg – quase o dobro do peso recomendado.
Foram necessárias duas pessoas para retirá-lo do carro – ele tinha artrite em uma perna e sua respiração era difícil. Graças a uma dieta e exercícios durante seis meses, ele agora está 7 kg mais leve e acaba de ser coroado vencedor da competição ao lado de Sadie, um labrador.
Borris não estava sozinho. A obesidade atinge entre 22% e 44% dos animais de estimação, e esses índices parecem estar aumentando.
Engordando mesmo comendo bem
Os donos de cães com excesso de peso alimentam-nos com mais petiscos e restos de comida, tendem a tê-los por perto enquanto preparam suas próprias refeições e são menos propensos a passear com eles diariamente.
Já os donos de gatos obesos tendem a usar a comida como recompensa e brincam menos com eles. Se um dono de cachorro é obeso, aumentam as chances de que seu animal de estimação também seja (isso não se aplica a gatos).
Mas a obesidade também parece estar ocorrendo mesmo em alguns animais domésticos e selvagens que não estão sendo superalimentados ou fazendo pouco exercício.
Se essas descobertas forem verdadeiras, algo mais deve estar impulsionando a obesidade nesses animais – e descobrir esses fatores pode ajudar a combater a epidemia humana da doença.
Mais de 1,9 bilhão de adultos no mundo estão acima do peso. Destes, mais de 650 milhões são obesos – cerca de 13% da população humana adulta.
A prevalência mundial da obesidade quase triplicou desde 1975. E a obesidade infantil também aumentou assustadoramente - estima-se que 41 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade estão com sobrepeso ou são obesas.
A primeira pista para tentar entender esse fenômeno nos animais está na pata do labrador, uma raça propensa à obesidade.
"Quando se trata de cães com excesso de peso, os labradores aparecem em primeiro lugar", diz Eleanor Raffan, veterinária e geneticista da Universidade de Cambridge.
Ela e outros pesquisadores descobriram que uma mutação genética presente em cerca de um quarto dos labradores estava associada à obesidade.
Para cada cópia da mutação - que ocorreu em um gene chamado POMC -, um cão era cerca de 2 kg mais pesado. A maioria dos animais estudados tinha uma cópia da mutação, mas poucos tinham duas.
"São cachorros que ficam sempre na cozinha quando os donos preparam comida, que ficam procurando por um petisco mesmo que não tenham chance de ganhar um ou que ficam devorando coisas nojentas na rua quando saem para passear", diz Raffan. "Mas eles não estão fazendo isso porque é divertido. Eles estão fazendo isso porque estão com fome."
Isso ocorre porque as mutações do POMC interrompem o fluxo de um hormônio que regula a ingestão de alimentos e o gasto de energia, influenciando, em última instância, o peso corporal. Como resultado, o comportamento desses labradores se torna muito motivado pela comida.
Há uma lição aqui para os humanos, diz Raffan. "O impulso de comer é como uma grande movimentação fisiológica e pensamento dominante, como a sensação de estar com sede."
Fator genético
Os genes desempenham um papel na obesidade humana (a média de hereditariedade está entre 40% e 75%), mas a obesidade causada por um único gene é rara. A deficiência de POMC, associada à obesidade grave na infância, foi relatada em menos de 50 pessoas em todo o mundo, embora haja provavelmente milhares de casos não diagnosticados.
Mas, principalmente, a obesidade humana reflete múltiplas variantes genéticas de risco (cada uma com efeitos pequenos) interagindo de forma complexa com fatores ambientais.
A boa notícia é que os animais podem nos ajudar a tentar desvendar esses fatores ambientais também.
Animais de abate criados em fazenda são tradicionalmente engordados com antibióticos que transformam seu intestino para que eles precisem de menos comida para ganhar peso.
Novas regulamentações reduziram em muito o uso de antibióticos em animais destinados à alimentação no Reino Unido - e a União Europeia baniu os antibióticos com essa finalidade de engorda.
Mas se os antibióticos engordam os animais, eles poderiam estar fazendo o mesmo com os seres humanos? A resposta para essa pergunta está em seu intestino.
O microbioma intestinal conta com genomas de vastas colônias de microrganismos - bactérias, fungos, protozoários, vírus - que vivem em seu sistema digestivo.
Essa comunidade influencia seu peso. Em testes de laboratório, camundongos sem germes que recebem micróbios intestinais de um gêmeo obeso ganham mais peso e gordura corporal do que os ratos que recebem micróbios do gêmeo magro. Um desequilíbrio no microbioma possivelmente leva não apenas à obesidade, mas à síndrome do intestino irritável, doença celíaca e diabetes tipo 2.
Antibióticos
Então, o que causa esse tipo de desequilíbrio?
Existe um elemento genético. Mas em estudos com animais, adoçantes de alta intensidade e aditivos alimentares, como os emulsificantes usados em muitos alimentos processados, têm sido associados à menor diversidade bacteriana do intestino. Em humanos, bebês que receberam antibióticos nos primeiros seis meses de vida tiveram um risco aumentado de ter excesso de peso na infância, de acordo com um estudo.
O uso, durante seis semanas, de antibióticos para uma infecção cardíaca também foi associado ao ganho de peso significativo.
Mas antes de jogar fora seus antibióticos que salvam vidas, lembre-se de que esses estudos mostram apenas uma associação, em vez de causa e consequência claras. Certos antibióticos podem até mesmo ajudar a desviar o equilíbrio da flora intestinal dos padrões associados à obesidade.
Sabendo disso, poderíamos de alguma forma modificar nosso microbioma para combater a obesidade? Há pesquisas em andamento para fazer exatamente isso, testando uso de probióticos e transplantes fecais.
Animais selvagens
A obesidade não afeta apenas animais domésticos. Os animais selvagens engordam também, mas isso geralmente está associado à disponibilidade de alimentos nas diferentes estações do ano: eles aprenderam a comer quando a comida é abundante.
Mas os pesquisadores viram um ganho inesperado de peso em marmotas de barriga amarela nas Montanhas Rochosas do Colorado, nos EUA, entre 1976 e 2008.
As marmotas estão acordando cerca de um mês antes de sua hibernação de oito meses, provavelmente porque a mudança climática alterou o tempo entre a primeira neve derretida e a primeira geada. Estes dias extras significam mais tempo de alimentação e engorda.
No curto prazo, um ganho extra de 0,3 kg poderia melhorar as chances de sobrevivência durante a hibernação e o sucesso reprodutivo depois. Infelizmente, as marmotas acabarão pagando um preço alto, já que as mudanças climáticas aumentam a frequência das secas de verão.
Outros fatores ambientais que afetam a obesidade em animais - e talvez em humanos - incluem a privação de sono e a poluição luminosa.
Camundongos expostos a luz constante têm maiores índices de massa corporal (IMC) e níveis de glicose do que aqueles expostos a ciclos normais de luz e escuridão.
Químicos que destroem estrogênio, como o bisfenol-A (BPA) - encontrado em latas de alimentos, alguns plásticos duros e certos tipos de papel térmico usados para recibos e bilhetes - são outro potencial culpado.
Fabricantes de produtos químicos têm questionado essa conexão e o FDA, departamento do governo americano que regula remédios e alimentos, atualmente diz que o BPA é seguro, mas a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar está atualmente reavaliando sua toxicidade - em janeiro de 2011, a Comissão Europeia proibiu o BPA na fabricação de mamadeiras de policarbonato.
Você é o que come
É preciso fazer uma ressalva aqui.
Concentrar-se nesses fatores não relacionados a alimentos na causa da obesidade pode desviar o impacto inegável de grandes refeições com comida processada. A verdade é que estamos diante de influências externas que são difíceis de resistir: ingredientes projetados para explorar nossos caminhos neurais de recompensa, grandes porções e a normalização comercial do consumo rotineiro de açúcar, lanches com alto teor de gordura e bebidas açucaradas.
Tudo isso é revestido por marketing manipulativo e interesses conflitantes. Estudos de pesquisadores da obesidade ligados à indústria alimentícia foram cinco vezes mais propensos a não encontrar nenhuma associação entre bebidas açucaradas e ganho de peso do que estudos feitos por autores sem nenhum conflito de interesse.
Um pesquisador renomado que argumentou contra as listagens de calorias feitas por restaurantes da cidade de Nova York tinha ligações financeiras com Coca-Cola, PepsiCo, McDonald's e Mars.
Os animais são igualmente suscetíveis ao irresistível consumo de alimentos processados - os micos que vivem na cidade de Medellín, na Colômbia, são mais gordos que seus colegas da área rural.
Embora mais sedentários, com acesso mais fácil a árvores frutíferas, eles também comem biscoitos e marshmallows fornecidos pelos habitantes locais. Um macaco da Tailândia ganhou as manchetes internacionais recentemente quando ficou seriamente doente devido à superalimentação dos turistas.
Se os animais podem nos ensinar sobre as causas da obesidade, eles também podem nos ajudar a entender seu tratamento e prevenção.
E a pesquisa em animais de estimação pode ter maior relevância para os seres humanos, já que os ratos de laboratório muitas vezes não compartilham nossa diversidade genética, fatores psicossociais ou ambiente.
Sintomas da obesidade
O estudo da mutação genética nos labradores feito pela veterinária Raffan destacou as maiores semelhanças entre a POMC canina e humana, em comparação com o modelo de ratos que tradicionalmente estudamos.
Os animais precisam ser ajudados e curados - animais obesos enfrentam osteoartrite, câncer, problemas cardíacos e respiratórios, distúrbios reprodutivos, doenças urinárias, diabetes e pancreatite.
Os cães com sobrepeso também enfrentam uma expectativa de vida reduzida - dois anos e meio a menos que os cães com peso corporal saudável. Para os animais, as soluções parecem familiares: exercícios regulares e um regime alimentar equilibrado.
Não culpe os donos
Mas a especialista afirma que não devemos encarar a obesidade como uma espécie de falha moral nos donos ou nos próprios animais de estimação. "Estamos tão acostumados a condenar os seres humanos que estão acima do peso como sendo apenas gulosos e com falta de vontade", diz. Mas, ela aponta, isso é impreciso: o comportamento alimentar é suscetível a impulsos genéticos - e os cães são um exemplo disso. "Os cães não fazem julgamentos de valor. Eles comem porque estão com fome e essa variabilidade nos cães é complexa."
Especialistas que escrevem na revista Veterinary Record também alertam contra a condenação dos donos de animais de estimação sem ajudá-los ou abordar problemas sociais subjacentes.
Eles acreditam que muitos donos não alimentam em excesso seus animais de estimação intencionalmente, até porque muitos tendem a subestimar o peso de seus animais - por exemplo, foi um veterinário que disse a Formoy que seu cachorro Borris estava com problemas. "Borris parecia um pouco grande, mas você cria desculpas na sua cabeça (para não ver isso)", diz Formoy.
Da mesma forma, poucos pais de crianças com excesso de peso reconhecem que seus filhos estão gordos. O status socioeconômico também tem impacto na obesidade em humanos e animais - isso se nota em bairros, por exemplo, com menos espaços verdes e menos recursos de condicionamento físico.
Independentemente de você estar falando sobre um animal de estimação ou uma pessoa, a obesidade é um problema de saúde social, e não moral - e precisa de mudanças políticas mais amplas a serem abordadas.
Quanto a Borris, Formoy diz que sua vitória na competição teve um sabor agridoce. Ela conta que seu pai não estava bem quando inscreveu Borris no concurso. "Ele era o melhor amigo do meu pai e a competição incentivou meu pai a sair com sua moto com o Borris ao seu lado", diz ela. Seu pai morreu em julho. "Eu pensei: 'Papai, eu e Borris ainda vamos ganhar isso por você'."
Ela e Borris mantiveram essa promessa. Hoje, a artrite e as dificuldades respiratórias do cão ficaram no passado. Em sua história de obesidade superada, Borris tem algumas lições para todos nós.
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A obesidade atinge entre 22% e 44% dos animais de estimação e esses índices parecem estar aumentando; estudos veem relação não apenas com a comida, mas também com a flora intestinal.
Até o ano passado, Borris nunca recusaria
uma costeleta de porco. Ele gostava de sorvete durante o verão e adorava um assado de domingo
no inverno – incluindo carne com pudim de Yorkshire, carne de porco, purê de batatas e uma seleção de legumes.
Borris é um cavalier king charles spaniel de cinco anos de idade. No momento em que sua proprietária, Annemarie Formoy, entrou na competição PDSA Pet Fit Club, que ajuda cães e gatos obesos a perder peso, ele tinha 28kg – quase o dobro do peso recomendado.
Foram necessárias duas pessoas para retirá-lo do carro – ele tinha artrite em uma perna e sua respiração era difícil. Graças a uma dieta e exercícios durante seis meses, ele agora está 7 kg mais leve e acaba de ser coroado vencedor da competição ao lado de Sadie, um labrador.
Borris não estava sozinho. A obesidade atinge entre 22% e 44% dos animais de estimação, e esses índices parecem estar aumentando.
Engordando mesmo comendo bem
Os donos de cães com excesso de peso alimentam-nos com mais petiscos e restos de comida, tendem a tê-los por perto enquanto preparam suas próprias refeições e são menos propensos a passear com eles diariamente.
Já os donos de gatos obesos tendem a usar a comida como recompensa e brincam menos com eles. Se um dono de cachorro é obeso, aumentam as chances de que seu animal de estimação também seja (isso não se aplica a gatos).
Mas a obesidade também parece estar ocorrendo mesmo em alguns animais domésticos e selvagens que não estão sendo superalimentados ou fazendo pouco exercício.
Se essas descobertas forem verdadeiras, algo mais deve estar impulsionando a obesidade nesses animais – e descobrir esses fatores pode ajudar a combater a epidemia humana da doença.
Mais de 1,9 bilhão de adultos no mundo estão acima do peso. Destes, mais de 650 milhões são obesos – cerca de 13% da população humana adulta.
A prevalência mundial da obesidade quase triplicou desde 1975. E a obesidade infantil também aumentou assustadoramente - estima-se que 41 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade estão com sobrepeso ou são obesas.
A primeira pista para tentar entender esse fenômeno nos animais está na pata do labrador, uma raça propensa à obesidade.
"Quando se trata de cães com excesso de peso, os labradores aparecem em primeiro lugar", diz Eleanor Raffan, veterinária e geneticista da Universidade de Cambridge.
Ela e outros pesquisadores descobriram que uma mutação genética presente em cerca de um quarto dos labradores estava associada à obesidade.
Para cada cópia da mutação - que ocorreu em um gene chamado POMC -, um cão era cerca de 2 kg mais pesado. A maioria dos animais estudados tinha uma cópia da mutação, mas poucos tinham duas.
"São cachorros que ficam sempre na cozinha quando os donos preparam comida, que ficam procurando por um petisco mesmo que não tenham chance de ganhar um ou que ficam devorando coisas nojentas na rua quando saem para passear", diz Raffan. "Mas eles não estão fazendo isso porque é divertido. Eles estão fazendo isso porque estão com fome."
Isso ocorre porque as mutações do POMC interrompem o fluxo de um hormônio que regula a ingestão de alimentos e o gasto de energia, influenciando, em última instância, o peso corporal. Como resultado, o comportamento desses labradores se torna muito motivado pela comida.
Há uma lição aqui para os humanos, diz Raffan. "O impulso de comer é como uma grande movimentação fisiológica e pensamento dominante, como a sensação de estar com sede."
Fator genético
Os genes desempenham um papel na obesidade humana (a média de hereditariedade está entre 40% e 75%), mas a obesidade causada por um único gene é rara. A deficiência de POMC, associada à obesidade grave na infância, foi relatada em menos de 50 pessoas em todo o mundo, embora haja provavelmente milhares de casos não diagnosticados.
Mas, principalmente, a obesidade humana reflete múltiplas variantes genéticas de risco (cada uma com efeitos pequenos) interagindo de forma complexa com fatores ambientais.
A boa notícia é que os animais podem nos ajudar a tentar desvendar esses fatores ambientais também.
Animais de abate criados em fazenda são tradicionalmente engordados com antibióticos que transformam seu intestino para que eles precisem de menos comida para ganhar peso.
Novas regulamentações reduziram em muito o uso de antibióticos em animais destinados à alimentação no Reino Unido - e a União Europeia baniu os antibióticos com essa finalidade de engorda.
Mas se os antibióticos engordam os animais, eles poderiam estar fazendo o mesmo com os seres humanos? A resposta para essa pergunta está em seu intestino.
O microbioma intestinal conta com genomas de vastas colônias de microrganismos - bactérias, fungos, protozoários, vírus - que vivem em seu sistema digestivo.
Essa comunidade influencia seu peso. Em testes de laboratório, camundongos sem germes que recebem micróbios intestinais de um gêmeo obeso ganham mais peso e gordura corporal do que os ratos que recebem micróbios do gêmeo magro. Um desequilíbrio no microbioma possivelmente leva não apenas à obesidade, mas à síndrome do intestino irritável, doença celíaca e diabetes tipo 2.
Antibióticos
Então, o que causa esse tipo de desequilíbrio?
Existe um elemento genético. Mas em estudos com animais, adoçantes de alta intensidade e aditivos alimentares, como os emulsificantes usados em muitos alimentos processados, têm sido associados à menor diversidade bacteriana do intestino. Em humanos, bebês que receberam antibióticos nos primeiros seis meses de vida tiveram um risco aumentado de ter excesso de peso na infância, de acordo com um estudo.
O uso, durante seis semanas, de antibióticos para uma infecção cardíaca também foi associado ao ganho de peso significativo.
Mas antes de jogar fora seus antibióticos que salvam vidas, lembre-se de que esses estudos mostram apenas uma associação, em vez de causa e consequência claras. Certos antibióticos podem até mesmo ajudar a desviar o equilíbrio da flora intestinal dos padrões associados à obesidade.
Sabendo disso, poderíamos de alguma forma modificar nosso microbioma para combater a obesidade? Há pesquisas em andamento para fazer exatamente isso, testando uso de probióticos e transplantes fecais.
Animais selvagens
A obesidade não afeta apenas animais domésticos. Os animais selvagens engordam também, mas isso geralmente está associado à disponibilidade de alimentos nas diferentes estações do ano: eles aprenderam a comer quando a comida é abundante.
Mas os pesquisadores viram um ganho inesperado de peso em marmotas de barriga amarela nas Montanhas Rochosas do Colorado, nos EUA, entre 1976 e 2008.
As marmotas estão acordando cerca de um mês antes de sua hibernação de oito meses, provavelmente porque a mudança climática alterou o tempo entre a primeira neve derretida e a primeira geada. Estes dias extras significam mais tempo de alimentação e engorda.
No curto prazo, um ganho extra de 0,3 kg poderia melhorar as chances de sobrevivência durante a hibernação e o sucesso reprodutivo depois. Infelizmente, as marmotas acabarão pagando um preço alto, já que as mudanças climáticas aumentam a frequência das secas de verão.
Outros fatores ambientais que afetam a obesidade em animais - e talvez em humanos - incluem a privação de sono e a poluição luminosa.
Camundongos expostos a luz constante têm maiores índices de massa corporal (IMC) e níveis de glicose do que aqueles expostos a ciclos normais de luz e escuridão.
Químicos que destroem estrogênio, como o bisfenol-A (BPA) - encontrado em latas de alimentos, alguns plásticos duros e certos tipos de papel térmico usados para recibos e bilhetes - são outro potencial culpado.
Fabricantes de produtos químicos têm questionado essa conexão e o FDA, departamento do governo americano que regula remédios e alimentos, atualmente diz que o BPA é seguro, mas a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar está atualmente reavaliando sua toxicidade - em janeiro de 2011, a Comissão Europeia proibiu o BPA na fabricação de mamadeiras de policarbonato.
Você é o que come
É preciso fazer uma ressalva aqui.
Concentrar-se nesses fatores não relacionados a alimentos na causa da obesidade pode desviar o impacto inegável de grandes refeições com comida processada. A verdade é que estamos diante de influências externas que são difíceis de resistir: ingredientes projetados para explorar nossos caminhos neurais de recompensa, grandes porções e a normalização comercial do consumo rotineiro de açúcar, lanches com alto teor de gordura e bebidas açucaradas.
Tudo isso é revestido por marketing manipulativo e interesses conflitantes. Estudos de pesquisadores da obesidade ligados à indústria alimentícia foram cinco vezes mais propensos a não encontrar nenhuma associação entre bebidas açucaradas e ganho de peso do que estudos feitos por autores sem nenhum conflito de interesse.
Um pesquisador renomado que argumentou contra as listagens de calorias feitas por restaurantes da cidade de Nova York tinha ligações financeiras com Coca-Cola, PepsiCo, McDonald's e Mars.
Os animais são igualmente suscetíveis ao irresistível consumo de alimentos processados - os micos que vivem na cidade de Medellín, na Colômbia, são mais gordos que seus colegas da área rural.
Embora mais sedentários, com acesso mais fácil a árvores frutíferas, eles também comem biscoitos e marshmallows fornecidos pelos habitantes locais. Um macaco da Tailândia ganhou as manchetes internacionais recentemente quando ficou seriamente doente devido à superalimentação dos turistas.
Se os animais podem nos ensinar sobre as causas da obesidade, eles também podem nos ajudar a entender seu tratamento e prevenção.
E a pesquisa em animais de estimação pode ter maior relevância para os seres humanos, já que os ratos de laboratório muitas vezes não compartilham nossa diversidade genética, fatores psicossociais ou ambiente.
Sintomas da obesidade
O estudo da mutação genética nos labradores feito pela veterinária Raffan destacou as maiores semelhanças entre a POMC canina e humana, em comparação com o modelo de ratos que tradicionalmente estudamos.
Os animais precisam ser ajudados e curados - animais obesos enfrentam osteoartrite, câncer, problemas cardíacos e respiratórios, distúrbios reprodutivos, doenças urinárias, diabetes e pancreatite.
Os cães com sobrepeso também enfrentam uma expectativa de vida reduzida - dois anos e meio a menos que os cães com peso corporal saudável. Para os animais, as soluções parecem familiares: exercícios regulares e um regime alimentar equilibrado.
Não culpe os donos
Mas a especialista afirma que não devemos encarar a obesidade como uma espécie de falha moral nos donos ou nos próprios animais de estimação. "Estamos tão acostumados a condenar os seres humanos que estão acima do peso como sendo apenas gulosos e com falta de vontade", diz. Mas, ela aponta, isso é impreciso: o comportamento alimentar é suscetível a impulsos genéticos - e os cães são um exemplo disso. "Os cães não fazem julgamentos de valor. Eles comem porque estão com fome e essa variabilidade nos cães é complexa."
Especialistas que escrevem na revista Veterinary Record também alertam contra a condenação dos donos de animais de estimação sem ajudá-los ou abordar problemas sociais subjacentes.
Eles acreditam que muitos donos não alimentam em excesso seus animais de estimação intencionalmente, até porque muitos tendem a subestimar o peso de seus animais - por exemplo, foi um veterinário que disse a Formoy que seu cachorro Borris estava com problemas. "Borris parecia um pouco grande, mas você cria desculpas na sua cabeça (para não ver isso)", diz Formoy.
Da mesma forma, poucos pais de crianças com excesso de peso reconhecem que seus filhos estão gordos. O status socioeconômico também tem impacto na obesidade em humanos e animais - isso se nota em bairros, por exemplo, com menos espaços verdes e menos recursos de condicionamento físico.
Independentemente de você estar falando sobre um animal de estimação ou uma pessoa, a obesidade é um problema de saúde social, e não moral - e precisa de mudanças políticas mais amplas a serem abordadas.
Quanto a Borris, Formoy diz que sua vitória na competição teve um sabor agridoce. Ela conta que seu pai não estava bem quando inscreveu Borris no concurso. "Ele era o melhor amigo do meu pai e a competição incentivou meu pai a sair com sua moto com o Borris ao seu lado", diz ela. Seu pai morreu em julho. "Eu pensei: 'Papai, eu e Borris ainda vamos ganhar isso por você'."
Ela e Borris mantiveram essa promessa. Hoje, a artrite e as dificuldades respiratórias do cão ficaram no passado. Em sua história de obesidade superada, Borris tem algumas lições para todos nós.
FONTE: G1
Já dizia a minha sábia avozinha que "o peixe morre pela boca" e acho sim que comida engorda, basta ver as crianças da Etiópia, magrinhas, coitadas, porque não têm o que comer. Com as exceções atribuídas à hereditariedade e ao metabolismo, pessoas e animais engordam sempre que passarem do limite do recomendável, desprezando o horário certo de comer, a quantidade e a qualidade do alimento, porque geralmente ansiosas e apressadas. Animais vão na onda dos humanos sem disciplina que não os sabem disciplinar; por isso cães obesos não precisam de inimigos se tiverem tutores sem noção que os podem até matar, numa boa, adorando eles.
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