Acho bacana a pesquisa, mas, algo me diz que muitos deles foram "examinados" e mortos....
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Tamanho do cérebro é uma das características que contribuem para a inteligência do polvo
Para demonstrar o quão inteligente um polvo realmente é, Piero Amodio, pós-graduado em Inteligência Animal da Universidade de Cambridge, analisou o comportamento do animal em diversos
vídeos, onde o polvo aparece puxando duas metades de uma casca de coco para se esconder dentro, além de empilhar conchas e transportá-las. “Isso sugere que o polvo está carregando essas ferramentas porque tem algum entendimento de que elas podem ser úteis no futuro”, disse Amodio.
Durante décadas, pesquisadores estudaram em como certos animais evoluíram para se tornarem inteligentes, entre eles macacos, elefantes, golfinhos e até alguns pássaros, como corvos e papagaios.
Mas todas as teorias científicas fracassam quando se deparam com os cefalópodes, que é um grupo que inclui polvos, lulas e chocos. Apesar da criatividade, eles não possuem certas características de inteligência vistas em outras espécies. “É um aparente paradoxo que foi largamente negligenciado no passado”, disse Amodio. Ele e outros cinco especialistas em Inteligência Animal exploram esse paradoxo em um artigo publicado este mês na revista Trends in Ecology and Evolution.
Para os cientistas que estudam o comportamento animal, a inteligência não se refere apenas um teste de cálculo ou a desmontar um objeto e colocá-lo de volta no lugar. A inteligência compreende ter habilidades cognitivas sofisticadas que ajudam um animal a prosperar.
Isso pode incluir a capacidade de encontrar soluções para achar comida, por exemplo, ou um jeito de planejar algum desafio. Animais inteligentes não dependem de respostas fixas para sobreviver – eles podem inventar novos comportamentos na hora.
Para medir a inteligência animal, cientistas avaliaram criaturas na natureza – observando um golfinho colocar uma esponja no bico para evitar se cortar com pedras e corais, por exemplo, ou levam animais para o laboratório, oferecendo quebra-cabeças para resolver, além de recompensar os corvos quando eles aprendem a rasgar corretamente as tiras de papel.
Apenas algumas espécies se destacam nesses estudos e, comparando-as, os cientistas identificaram alguns fatores. Os animais que têm cérebros maiores em relação ao tamanho do corpo e vivem por muito tempo, podendo formar laços sociais duradouros.
Essas semelhanças levaram a algumas explicações promissoras sobre como certos animais evoluíram para serem inteligentes.
Uma é conhecida como a hipótese da inteligência ecológica. Essa teoria sustenta que a inteligência evolui como uma adaptação para encontrar comida. Enquanto alguns animais têm um suprimento confiável de alimentos, outros precisam lidar com a imprevisibilidade. “Se você come frutas, precisa lembrar onde estão as árvores frutíferas e quando elas estão maduras. Pode ser muito mais cognitivamente desafiador do que comer folhas”, disse Amadio.
As ferramentas permitem que os animais cheguem a alimentos que não poderiam alcançar de outra forma. E se eles podem fazer planos para o futuro, eles podem armazenar alimentos para sobreviver em tempos difíceis.
Outros pesquisadores defendem o que é conhecido como a hipótese da inteligência social: animais mais inteligentes “cooperam e aprendem com outros membros da mesma espécie”, disse o Amadio.
Juntas, essas forças parecem ter encorajado o desenvolvimento de cérebros maiores e mais poderosos. Animais inteligentes também tendem a viver por muito tempo, e é possível que os que possuem cérebros maiores, tenham impulsionado a evolução da longevidade. Leva anos para os jovens desenvolverem esses órgãos complexos, durante os quais eles precisam de ajuda de adultos para conseguir comida suficiente.
Os cefalópodes se comportam de maneira que certamente sugerem que são altamente inteligentes. Um polvo chamado Inky, por exemplo, escapou recentemente do Aquário Nacional da Nova Zelândia, escorregando para um ralo no chão e, aparentemente, para o mar.
Os polvos mostram a mesma inteligência quando os cientistas os levaram para laboratórios. Em um estudo, pesquisadores da Universidade Hebraica apresentaram aos polvos uma caixa em forma de L com comida dentro. Os animais descobriram como empurrar e puxar o pedaço através de um pequeno buraco na parede do tanque.
Outra característica que os cefalópodes compartilham com outros animais inteligentes é um cérebro relativamente grande. Mas é aí que as semelhanças parecem terminar. A maioria dos neurônios que fazem a computação, por exemplo, estão nos tentáculos do polvo.
O mais impressionante é que os cefalópodes morrem jovens. Alguns podem viver até dois anos, enquanto outros duram apenas alguns meses. Nem os cefalópodes formam laços sociais.
Eles se reúnem para acasalar, mas machos e fêmeas não ficam juntos por muito tempo ou cuidam de seus filhotes. Enquanto chimpanzés e golfinhos podem viver em sociedades de dezenas de outros animais, os cefalópodes parecem ser solitários.
Amodio e seus colegas acham que a história evolutiva dos cefalópodes pode explicar esse paradoxo da inteligência. Cerca de meio bilhão de anos atrás, seus ancestrais snaillike evoluíram e começaram a utilizar suas conchas como um dispositivo de flutuação. Eles poderiam carregar câmaras no reservatório com gás para flutuar para cima e para baixo no oceano.
Outro cefalópode, o nautilus, ainda vive assim. Como o polvo, tem tentáculos. Ele também tem um cérebro um pouco aumentado, embora não pareça ser tão inteligente quanto um polvo.
Cerca de 275 milhões de anos atrás, o ancestral dos outros cefalópodes perdeu a casca externa. Não está claro o porquê, mas deve ter sido libertador. Agora os animais conseguiam começar a explorar lugares que estavam fora dos limites de seus ancestrais. Os polvos poderiam cair em fendas rochosas, por exemplo, para caçar presas.
Por outro lado, perder suas conchas deixava os cefalópodes bastante vulneráveis a predadores famintos. Essa ameaça pode ter levado os cefalópodes a se tornarem senhores do disfarce e da fuga. Eles fizeram isso evoluindo grandes cérebros, à capacidade de resolver novos problemas e talvez olhar para o futuro – sabendo que as cascas de coco ou moluscos podem ser úteis, por exemplo.
No entanto, a inteligência não é a solução perfeita para os cefalópodes, sugeriu Amodio. Mais cedo ou mais tarde, eles são comidos. A seleção natural os transformou em um paradoxo: um animal inteligente de vida curta.
Amodio disse que os cientistas ainda precisam aprender muito mais sobre os cefalópodes antes que possam saber se essa hipótese é sólida. Mas a pesquisa pode fazer mais do que esclarecer os polvos e seus primos: ela poderia nos dar uma compreensão mais profunda da inteligência em geral.
“Não podemos dar por certo que há apenas um caminho para a inteligência. Pode ter caminhos diferentes”, disse Amodio.
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Tamanho do cérebro é uma das características que contribuem para a inteligência do polvo
Para demonstrar o quão inteligente um polvo realmente é, Piero Amodio, pós-graduado em Inteligência Animal da Universidade de Cambridge, analisou o comportamento do animal em diversos
vídeos, onde o polvo aparece puxando duas metades de uma casca de coco para se esconder dentro, além de empilhar conchas e transportá-las. “Isso sugere que o polvo está carregando essas ferramentas porque tem algum entendimento de que elas podem ser úteis no futuro”, disse Amodio.
Durante décadas, pesquisadores estudaram em como certos animais evoluíram para se tornarem inteligentes, entre eles macacos, elefantes, golfinhos e até alguns pássaros, como corvos e papagaios.
Mas todas as teorias científicas fracassam quando se deparam com os cefalópodes, que é um grupo que inclui polvos, lulas e chocos. Apesar da criatividade, eles não possuem certas características de inteligência vistas em outras espécies. “É um aparente paradoxo que foi largamente negligenciado no passado”, disse Amodio. Ele e outros cinco especialistas em Inteligência Animal exploram esse paradoxo em um artigo publicado este mês na revista Trends in Ecology and Evolution.
Para os cientistas que estudam o comportamento animal, a inteligência não se refere apenas um teste de cálculo ou a desmontar um objeto e colocá-lo de volta no lugar. A inteligência compreende ter habilidades cognitivas sofisticadas que ajudam um animal a prosperar.
Isso pode incluir a capacidade de encontrar soluções para achar comida, por exemplo, ou um jeito de planejar algum desafio. Animais inteligentes não dependem de respostas fixas para sobreviver – eles podem inventar novos comportamentos na hora.
Para medir a inteligência animal, cientistas avaliaram criaturas na natureza – observando um golfinho colocar uma esponja no bico para evitar se cortar com pedras e corais, por exemplo, ou levam animais para o laboratório, oferecendo quebra-cabeças para resolver, além de recompensar os corvos quando eles aprendem a rasgar corretamente as tiras de papel.
Apenas algumas espécies se destacam nesses estudos e, comparando-as, os cientistas identificaram alguns fatores. Os animais que têm cérebros maiores em relação ao tamanho do corpo e vivem por muito tempo, podendo formar laços sociais duradouros.
Essas semelhanças levaram a algumas explicações promissoras sobre como certos animais evoluíram para serem inteligentes.
Uma é conhecida como a hipótese da inteligência ecológica. Essa teoria sustenta que a inteligência evolui como uma adaptação para encontrar comida. Enquanto alguns animais têm um suprimento confiável de alimentos, outros precisam lidar com a imprevisibilidade. “Se você come frutas, precisa lembrar onde estão as árvores frutíferas e quando elas estão maduras. Pode ser muito mais cognitivamente desafiador do que comer folhas”, disse Amadio.
As ferramentas permitem que os animais cheguem a alimentos que não poderiam alcançar de outra forma. E se eles podem fazer planos para o futuro, eles podem armazenar alimentos para sobreviver em tempos difíceis.
Outros pesquisadores defendem o que é conhecido como a hipótese da inteligência social: animais mais inteligentes “cooperam e aprendem com outros membros da mesma espécie”, disse o Amadio.
Juntas, essas forças parecem ter encorajado o desenvolvimento de cérebros maiores e mais poderosos. Animais inteligentes também tendem a viver por muito tempo, e é possível que os que possuem cérebros maiores, tenham impulsionado a evolução da longevidade. Leva anos para os jovens desenvolverem esses órgãos complexos, durante os quais eles precisam de ajuda de adultos para conseguir comida suficiente.
Os cefalópodes se comportam de maneira que certamente sugerem que são altamente inteligentes. Um polvo chamado Inky, por exemplo, escapou recentemente do Aquário Nacional da Nova Zelândia, escorregando para um ralo no chão e, aparentemente, para o mar.
Os polvos mostram a mesma inteligência quando os cientistas os levaram para laboratórios. Em um estudo, pesquisadores da Universidade Hebraica apresentaram aos polvos uma caixa em forma de L com comida dentro. Os animais descobriram como empurrar e puxar o pedaço através de um pequeno buraco na parede do tanque.
Outra característica que os cefalópodes compartilham com outros animais inteligentes é um cérebro relativamente grande. Mas é aí que as semelhanças parecem terminar. A maioria dos neurônios que fazem a computação, por exemplo, estão nos tentáculos do polvo.
O mais impressionante é que os cefalópodes morrem jovens. Alguns podem viver até dois anos, enquanto outros duram apenas alguns meses. Nem os cefalópodes formam laços sociais.
Eles se reúnem para acasalar, mas machos e fêmeas não ficam juntos por muito tempo ou cuidam de seus filhotes. Enquanto chimpanzés e golfinhos podem viver em sociedades de dezenas de outros animais, os cefalópodes parecem ser solitários.
Amodio e seus colegas acham que a história evolutiva dos cefalópodes pode explicar esse paradoxo da inteligência. Cerca de meio bilhão de anos atrás, seus ancestrais snaillike evoluíram e começaram a utilizar suas conchas como um dispositivo de flutuação. Eles poderiam carregar câmaras no reservatório com gás para flutuar para cima e para baixo no oceano.
Outro cefalópode, o nautilus, ainda vive assim. Como o polvo, tem tentáculos. Ele também tem um cérebro um pouco aumentado, embora não pareça ser tão inteligente quanto um polvo.
Cerca de 275 milhões de anos atrás, o ancestral dos outros cefalópodes perdeu a casca externa. Não está claro o porquê, mas deve ter sido libertador. Agora os animais conseguiam começar a explorar lugares que estavam fora dos limites de seus ancestrais. Os polvos poderiam cair em fendas rochosas, por exemplo, para caçar presas.
Por outro lado, perder suas conchas deixava os cefalópodes bastante vulneráveis a predadores famintos. Essa ameaça pode ter levado os cefalópodes a se tornarem senhores do disfarce e da fuga. Eles fizeram isso evoluindo grandes cérebros, à capacidade de resolver novos problemas e talvez olhar para o futuro – sabendo que as cascas de coco ou moluscos podem ser úteis, por exemplo.
No entanto, a inteligência não é a solução perfeita para os cefalópodes, sugeriu Amodio. Mais cedo ou mais tarde, eles são comidos. A seleção natural os transformou em um paradoxo: um animal inteligente de vida curta.
Amodio disse que os cientistas ainda precisam aprender muito mais sobre os cefalópodes antes que possam saber se essa hipótese é sólida. Mas a pesquisa pode fazer mais do que esclarecer os polvos e seus primos: ela poderia nos dar uma compreensão mais profunda da inteligência em geral.
“Não podemos dar por certo que há apenas um caminho para a inteligência. Pode ter caminhos diferentes”, disse Amodio.
FONTE: opiniaoenoticia
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