Se não for estas pessoas corajosas e dedicadas, os animais estavam ferrados porque o poder público não cumpre a lei que diz que "todo animal é tutelado pelo Estado". Axé pra toda esta gente abençoada que não mede esforços!!!!
-----------
Ações individuais de moradores de comunidades garantem a sobrevivência de centenas de cães e gatos.
“Meus filhos foram embora de casa. Não
tenho mais Natal porque meus netos não me visitam. Eles não aguentam meus animais”, lamenta Helena Bispo. A dona de casa de 56 anos abriga dentro da própria residência, na Cota 200, em Cubatão (SP), cerca de 100 animais resgatados das ruas num período de dez anos. Ela é um dos ativistas e protetores que resgatam centenas de animais do abandono em processos de desocupação de comunidades na Baixada Santista.
Com 75 cachorros e 15 gatos, Helena e o marido adaptaram toda a casa com o valor que recebem das duas aposentadorias. O quintal, atualmente dividido em seis partes, separa os animais por pequeno, médio e grande porte. Para os que são portadores de necessidades especiais há um lugar reservado no único sofá na sala sem móveis. A alimentação também é por conta de Helena e seu marido – cinco quilos de arroz, seis de miúdos e dez de ração, diariamente.
A preocupação de Helena, agora, é com a próxima desocupação, que acontecerá no bairro Água Fria. “Para onde vão esses animais? Não consigo abrigar mais nenhum. Isso me deixa angustiada”, afirma. Mesmo assim, ela não pretende buscar quem adote os que estão sob seus cuidados. Ela menciona um trauma do passado. “Já doei um animal e a pessoa deixou que ele fugisse e fosse atropelado. Prefiro eu mesma cuidar”.
Quando a população do bairro começou a ser retirada, Helena Bispo conta que houve a promessa do setor público de que um terreno ao lado de sua casa seria usado para alocar melhor os animais. Até o momento, entretanto, nada foi feito, segundo ela.
Silvana Peres, de 39 anos, tem uma história semelhante. “Desisti da casa no conjunto habitacional para ficar com os animais, contra a vontade do meu marido, na época. Esse foi um dos motivos para nos separarmos”, conta. Ela decidiu ficar na Ilha do Bugre, em São Vicente, área do antigo lixão do Sambaiatuba, para resgatar cães e gatos abandonados por seus vizinhos, realocados para o conjunto habitacional Beira Rio-Tancredo Neves 3, em dezembro de 2017.
No total, foram cerca de 100 animais deixados para trás. Com as campanhas em sua página no Facebook, a 'Bugratinhos', mais de um terço já encontrou um novo lar. Apesar dos cuidados que tem, Silvana não se considera uma protetora. “Não sou, nem gosto que me coloquem esse nome”, avisa. “Sou amante dos animais, faço isso por amor”.
A agente de saúde Marialene Oliveira, de 62 anos, soube que os moradores da comunidade Cacique, que seriam realocados para um conjunto habitacional na Caneleira, estavam recebendo orientações para não levarem animais de portes médio e grande. “Quando fiquei sabendo, comecei a fazer reuniões na comunidade. Fui atrás de cada um que tinha algum animal e iria se mudar. Sabia que a lei protege quem leva o animal e condena quem abandona. Agora, eles também sabem”, afirma.
Atualmente, Dona Lena, como é conhecida, cuida de 12 cachorros e nove gatos, todos resgatados das ruas. Eles têm perfil de animais que não seriam adotados – com idade avançada, deficiências e até doenças incuráveis e todos precisam de muita atenção. Por esse motivo, Marialene adaptou totalmente sua casa. “Não tenho filhos pequenos, mas as janelas têm grades para os gatos não se machucarem. Também não tenho cama. A que eu tinha deixei para os que não se locomovem. Eu durmo em uma cadeira”.
Terreno lacrado
Situações de descaso com os animais são frequentes, segundo os protetores. Uma delas foi vivida pela advogada Tanya Coelho, no bairro Catiapoã, em São Vicente. Ela diz que viu um imóvel ser lacrado por um oficial de justiça com dezenas de cachorros dentro, incluindo cadelas gestantes. Isso fez com que ela tomasse uma decisão inusitada: com a ajuda do marido, pulou o muro e invadiu o local para resgatar os animais. “Eles estavam trancados, sem comida, sem água, no meio de muita sujeira”, relembra.
Tanya diz que contou com a ajuda de outro protetor, Mauricio Coppio Gomes, na ação. No local, eles encontraram quatro fêmeas, um macho, 18 filhotes e dois animais mortos, que foram devorados pelos que morriam de fome. A partir desse momento, ela passou a alimentar os bichos e limpar o local.
Semanas depois, o imóvel foi novamente lacrado. “O dono não sabia que estávamos alimentando os animais”, conta Tanya. “Ele lacrou o terreno novamente e, quando perguntei onde estava a humanidade dele, respondeu que era o dono, que faria o que bem entendesse”.
Por insistência e mostrando o que previa a legislação, a advogada conseguiu permissão judicial para continuar cuidando dos animais até o dia 1º de novembro. Mesmo com todo o esforço, ela conta que diversos animais acabaram morrendo. Sobreviveram apenas seis, e três foram levados pelo dono do terreno. Uma cadela foi adotada e duas ainda permanecem com Tanya.
Com 17 animais sob seus cuidados, Gorette Lima, 62 anos, sofre com a falta de local adequado para a criação dos cães e gatos. Ela acabou fazendo uso de um prédio abandonado no Jardim Rio Branco, na Área Continental de São Vicente.
Ela mesma reuniu pedaços de madeira e lona para improvisar um telhado no local que abriga os animais. “Não deram continuidade às obras daquele prédio, então roubaram tudo, até as telhas. Tenho que ir lá, secar e colocar uma tábua para que eles possam comer no seco”.
Gorette mantém os animais com a ajuda dos vizinhos e com seu próprio salário de diarista. “Faço tudo isso por amor, mas estão sempre desovando animais por lá. Eu castro duas, jogam quatro. Castro quatro, jogam oito. Estou ali sozinha. As pessoas abandonam os animais porque sabem que vou cuidar”, desabafa.
Responsabilidade
A Coordenadoria de Defesa da Vida Animal (Codevida), da Prefeitura de Santos, afirma “não haver relatos de animais abandonados em desocupações”. A fiscal ambiental Andrea Vieira diz que quando chega uma denúncia desse tipo, a Codevida, com a Polícia Militar, faz uma força-tarefa nos dias de desocupação. “Quando é caracterizado abandono, procuramos os donos de imediato para que eles fiquem responsáveis pelo animal”.
Ainda segundo a fiscal, caso o abandono realmente aconteça, não é possível recolher o animal. “As instalações daqui se encontram com mais de 200 animais. Não temos capacidade para acolher mais”, afirma. A Codevida orienta e incentiva os donos a levarem com eles seus animais domésticos.
-----------
Ações individuais de moradores de comunidades garantem a sobrevivência de centenas de cães e gatos.
“Meus filhos foram embora de casa. Não
tenho mais Natal porque meus netos não me visitam. Eles não aguentam meus animais”, lamenta Helena Bispo. A dona de casa de 56 anos abriga dentro da própria residência, na Cota 200, em Cubatão (SP), cerca de 100 animais resgatados das ruas num período de dez anos. Ela é um dos ativistas e protetores que resgatam centenas de animais do abandono em processos de desocupação de comunidades na Baixada Santista.
Com 75 cachorros e 15 gatos, Helena e o marido adaptaram toda a casa com o valor que recebem das duas aposentadorias. O quintal, atualmente dividido em seis partes, separa os animais por pequeno, médio e grande porte. Para os que são portadores de necessidades especiais há um lugar reservado no único sofá na sala sem móveis. A alimentação também é por conta de Helena e seu marido – cinco quilos de arroz, seis de miúdos e dez de ração, diariamente.
A preocupação de Helena, agora, é com a próxima desocupação, que acontecerá no bairro Água Fria. “Para onde vão esses animais? Não consigo abrigar mais nenhum. Isso me deixa angustiada”, afirma. Mesmo assim, ela não pretende buscar quem adote os que estão sob seus cuidados. Ela menciona um trauma do passado. “Já doei um animal e a pessoa deixou que ele fugisse e fosse atropelado. Prefiro eu mesma cuidar”.
Quando a população do bairro começou a ser retirada, Helena Bispo conta que houve a promessa do setor público de que um terreno ao lado de sua casa seria usado para alocar melhor os animais. Até o momento, entretanto, nada foi feito, segundo ela.
Silvana Peres, de 39 anos, tem uma história semelhante. “Desisti da casa no conjunto habitacional para ficar com os animais, contra a vontade do meu marido, na época. Esse foi um dos motivos para nos separarmos”, conta. Ela decidiu ficar na Ilha do Bugre, em São Vicente, área do antigo lixão do Sambaiatuba, para resgatar cães e gatos abandonados por seus vizinhos, realocados para o conjunto habitacional Beira Rio-Tancredo Neves 3, em dezembro de 2017.
No total, foram cerca de 100 animais deixados para trás. Com as campanhas em sua página no Facebook, a 'Bugratinhos', mais de um terço já encontrou um novo lar. Apesar dos cuidados que tem, Silvana não se considera uma protetora. “Não sou, nem gosto que me coloquem esse nome”, avisa. “Sou amante dos animais, faço isso por amor”.
A agente de saúde Marialene Oliveira, de 62 anos, soube que os moradores da comunidade Cacique, que seriam realocados para um conjunto habitacional na Caneleira, estavam recebendo orientações para não levarem animais de portes médio e grande. “Quando fiquei sabendo, comecei a fazer reuniões na comunidade. Fui atrás de cada um que tinha algum animal e iria se mudar. Sabia que a lei protege quem leva o animal e condena quem abandona. Agora, eles também sabem”, afirma.
Atualmente, Dona Lena, como é conhecida, cuida de 12 cachorros e nove gatos, todos resgatados das ruas. Eles têm perfil de animais que não seriam adotados – com idade avançada, deficiências e até doenças incuráveis e todos precisam de muita atenção. Por esse motivo, Marialene adaptou totalmente sua casa. “Não tenho filhos pequenos, mas as janelas têm grades para os gatos não se machucarem. Também não tenho cama. A que eu tinha deixei para os que não se locomovem. Eu durmo em uma cadeira”.
Terreno lacrado
Situações de descaso com os animais são frequentes, segundo os protetores. Uma delas foi vivida pela advogada Tanya Coelho, no bairro Catiapoã, em São Vicente. Ela diz que viu um imóvel ser lacrado por um oficial de justiça com dezenas de cachorros dentro, incluindo cadelas gestantes. Isso fez com que ela tomasse uma decisão inusitada: com a ajuda do marido, pulou o muro e invadiu o local para resgatar os animais. “Eles estavam trancados, sem comida, sem água, no meio de muita sujeira”, relembra.
Tanya diz que contou com a ajuda de outro protetor, Mauricio Coppio Gomes, na ação. No local, eles encontraram quatro fêmeas, um macho, 18 filhotes e dois animais mortos, que foram devorados pelos que morriam de fome. A partir desse momento, ela passou a alimentar os bichos e limpar o local.
Semanas depois, o imóvel foi novamente lacrado. “O dono não sabia que estávamos alimentando os animais”, conta Tanya. “Ele lacrou o terreno novamente e, quando perguntei onde estava a humanidade dele, respondeu que era o dono, que faria o que bem entendesse”.
Por insistência e mostrando o que previa a legislação, a advogada conseguiu permissão judicial para continuar cuidando dos animais até o dia 1º de novembro. Mesmo com todo o esforço, ela conta que diversos animais acabaram morrendo. Sobreviveram apenas seis, e três foram levados pelo dono do terreno. Uma cadela foi adotada e duas ainda permanecem com Tanya.
Com 17 animais sob seus cuidados, Gorette Lima, 62 anos, sofre com a falta de local adequado para a criação dos cães e gatos. Ela acabou fazendo uso de um prédio abandonado no Jardim Rio Branco, na Área Continental de São Vicente.
Ela mesma reuniu pedaços de madeira e lona para improvisar um telhado no local que abriga os animais. “Não deram continuidade às obras daquele prédio, então roubaram tudo, até as telhas. Tenho que ir lá, secar e colocar uma tábua para que eles possam comer no seco”.
Gorette mantém os animais com a ajuda dos vizinhos e com seu próprio salário de diarista. “Faço tudo isso por amor, mas estão sempre desovando animais por lá. Eu castro duas, jogam quatro. Castro quatro, jogam oito. Estou ali sozinha. As pessoas abandonam os animais porque sabem que vou cuidar”, desabafa.
Responsabilidade
A Coordenadoria de Defesa da Vida Animal (Codevida), da Prefeitura de Santos, afirma “não haver relatos de animais abandonados em desocupações”. A fiscal ambiental Andrea Vieira diz que quando chega uma denúncia desse tipo, a Codevida, com a Polícia Militar, faz uma força-tarefa nos dias de desocupação. “Quando é caracterizado abandono, procuramos os donos de imediato para que eles fiquem responsáveis pelo animal”.
Ainda segundo a fiscal, caso o abandono realmente aconteça, não é possível recolher o animal. “As instalações daqui se encontram com mais de 200 animais. Não temos capacidade para acolher mais”, afirma. A Codevida orienta e incentiva os donos a levarem com eles seus animais domésticos.
FONTE: G1
No Bairro da Alamoa tem um pastor alemão abandonado, está triste e muito magro porque a Codevida não o resgata já que dizem que fazem e acontecem. Estou pagando para ver eles fazerem alguma coisa.
ResponderExcluir