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11/15/2018

A difícil tarefa de buscar boas notícias sobre meio ambiente

Fica difícil sim, principalmente, porque tudo é uma tragédia só.... e, estou esperando piorar.... tomara que eu esteja errada e que um céu se abrirá milagrosamente fazendo os ruralistas respeitarem o meio ambiente, em especial, os animais....
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Hoje é dia de dar ótimas notícias sobre bichos e meio ambiente. Mas, como sempre, há um contraponto, dados
trágicos, e vou começar por eles, mas com a promessa de acabar bem o texto, ao menos. Então, lá vai a nota ruim: 60% dos animais selvagens foram eliminados pelos humanos desde 1970. É um dado de um relatório divulgado pela ONG WWF, que virou notícia na agência Climate Action.

O estudo se chama Planeta Vivo 2018 e destaca, especificamente, os efeitos devastadores que a humanidade tem causado aos bichos, além de dar sugestões para tentar diminuir este processo, com ações urgentes. Juntando dados, os pesquisadores chegaram ainda a uma conclusão: a natureza tem fornecido serviços no valor de cerca de 125 trilhões de dólares por ano.

Diante disso, Mike Barrett, diretor executivo de ciência e conservação da WWF, disse: “Estamos sonambulando na beira de um precipício. Se houvesse um declínio de 60% na população humana, isso equivaleria a esvaziar a América do Norte, a América do Sul, a África, a Europa, a China e a Oceania. Essa é a escala do que fizemos. ”

Tomando como exemplo apenas os peixes encontrados nos ecossistemas marinho e de água doce do mundo, fica fácil compreender que estamos consumindo muito mais do que aquilo que a natureza pode repor, como está registrado também em recente relatório da ONG italiana Essere Animali:

“Isso resultou em mais de 6 bilhões de toneladas de peixes e invertebrados sendo retirados dos oceanos no mundo desde 1950. O Índice Planeta Vivo também mostra que houve um declínio de 83% nas espécies de água doce desde 1970. O relatório analisou ainda o papel do desmatamento no declínio da biodiversidade. Um estudo recente de mais de 19.000 espécies de aves, anfíbios e mamíferos descobriu que o desmatamento aumentou significativamente a chance de uma espécie ser listada como ameaçada ou exibindo populações em declínio”, diz a reportagem do Climate Action.

E chega de más notícias, porque agora é hora de comemorar. Para continuar na mesma linha, alimentando informações sobre animais, a boa nova é que Portugal se juntou a outros países e decidiu, por lei aprovada no dia 30 de outubro, proibir que os circos exibam animais selvagens, como macacos, leões, elefantes, tigres, ursos, focas, crocodilos, pinguins, hipopótamos, rinocerontes, serpentes e avestruzes.

Mas, como nem tudo é perfeito, a lei prevê que os animais, que precisam estar cadastrados nacionalmente, podem ser usados, mas “só” durante seis anos.

“Competirá ao Governo criar um programa de entrega voluntária de animais usados em circos, bem como uma linha de incentivos financeiros destinados à reconversão e qualificação profissional dos trabalhadores das companhias circenses (domadores ou tratadores) que entreguem voluntariamente os animais que utilizem”, diz a reportagem do jornal “O Público”.

Como era de se esperar, a notícia irritou as companhias de circo e agradou muito os ambientalistas. “Esta lei era muito esperada. O lugar de animais selvagens não é em circos. As pessoas precisam se divertir sem sofrimento para os animais” disse Bianca Santos, ambientalista, ao jornal Pleno News.

É exatamente o que pensam, obviamente, os membros da ONG Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, na sigla em inglês), que se horrorizam ao ver ursos vestindo fantasias ridículas, amordaçados, sendo puxados em coleiras e forçados a fazer acrobacias que podem lhes causar muitas dores, como no caso dos que se submetem a esses maus tratos no Circo Tarzan Zeirbini, no Texas, Estados Unidos. Lá aconteceu uma tragédia. Sem espaço suficiente, e bem maltratados, os animais usados pelo circo feriram crianças e pisotearam um treinador de elefantes até a morte. É a crônica da tragédia anunciada.

Bem, mas para terminar o texto com boas notícias, como anunciei no início, passo à terceira nota do dia: a Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou o pedido de Donald Trump, que queria, simplesmente, ignorar o julgamento de um processo iniciado por jovens ativistas que acusam o governo dos Estados Unidos de não reconhecer os perigos das mudanças climáticas.

São jovens, que têm idade entre 11 e 22 anos, os donos da denúncia contra o governo dos Estados Unidos (o processo começou em 2015, quando a presidência estava nas mãos de Barack Obama) pelo fato de estarem, a seu ver, falhando na busca de soluções adequadas para acabar com a poluição por carbono.

Chegou a hora de a geração que vai sofrer ainda mais as consequências do abuso de combustíveis fósseis, tomar as rédeas do jogo, e este pode ser o início de uma importante tomada de consciência. É possível mudar as regras, os hábitos, a produção, o consumo. E, como vivemos em regimes democráticos, é possível também que os cidadãos comuns possam se manifestar, como aconteceu no Colorado ontem, quando os eleitores do estado disseram sim a mais perfurações para encontrar petróleo e gás na região, o fracking. Foi uma eleição dura, quase empatou, mas a indústria petroleira investiu pesado no temor do desemprego. É do jogo.

Mas, segundo os oponentes, que também criaram propagandas para tentar convencer a população, as notícias sobre desemprego eram falsas. Para eles, os empregos de petróleo e gás representam apenas 1% das vagas ocupadas no Colorado.

Como você, caro leitor, há de ter reparado se chegou até aqui, bem que tentei elevar o astral das notícias sobre meio ambiente e bichos, mas não consegui. A verdade é que ainda existem muitos campos nebulosos, os cidadãos têm medo do que pode lhes acontecer num presente imediato (ficar sem emprego, perder investimento das indústrias...) , o que os deixa confusos com relação a eleger medidas que certamente vão diminuir os problemas daqui a alguns anos.

E, se não têm o respaldo do estado, fica ainda mais difícil. Falo isto porque enquanto escrevia surgiu a péssima notícia, de que o Congresso Nacional não ratificou o Tratado de Nagoya, o que quer dizer que nosso país perderá o direito de debater sobre questões relacionadas à biodiversidade. Isto vai prejudicar indígenas, quilombolas, populações tradicionais que certamente serão cada vez mais atingidas pelo mundo do “business as usual”.

Desculpem, leitores. Mas vou continuar tentando, em busca das boas notícias sobre o meio ambiente.

BLOG DA AMÉLIA GONZALEZ
FONTE: G1 -

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