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8/24/2018

Exportador de boi vivo teme decisões da Turquia

Seria bom fazermos pressão na embaixada e consulados da Turquia pelo Brasil. A deputada Regina Fortunatti e o pessoal do Fórum Animal já foram nesta.... Achei muito bom!
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A crise cambial na Turquia preocupa os pecuaristas brasileiros, sobretudo depois que o país se transformou, neste ano, no destino de 80% das exportações de bovinos vivos do Brasil. De janeiro a julho, as vendas de animais ao mercado
turco renderam US$ 240,9 milhões e colaboraram para o recorde dos embarques totais, que alcançaram US$ 301,1 milhões no período e de longe já superaram o resultado de todo o ano passado (US$ 276 milhões).

O alerta é maior no Rio Grande do Sul, já que 100% das exportações que saem do Estado têm como destino a Turquia. Como em outras regiões brasileiras, as vendas de bois vivos ao exterior, embora representem proporcionalmente um volume muito pequeno – e mesmo diante da oposição de ambientalistas e organizações preocupadas com o bem-estar dos animais -, se tornou uma opção de renda em momentos de queda das compras para abate pelos frigoríficos.


O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, confirma que, apesar de absorverem apenas 1% da oferta de gado para abate no Estado (de cerca de 1,9 milhão de cabeças em 2017), as vendas de animais vivos para a Turquia são uma “arma” nas negociações com frigoríficos. Por isso, uma eventual suspensão das vendas por conta da crise econômica turca poderia causar “impacto negativo” aos produtores.

Segundo Luz, além de sinalizar e ajudar a sustentar os preços internos, as exportações chegam a render 60% a mais para os pecuaristas gaúchos do que as vendas domésticas. No fim de 2017, enquanto na entrega para a indústria local o quilo estava cotado a R$ 4,77, no porto de Rio Grande ele alcançava R$ 7,67, relata.

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior Estado exportador de gado vivo do país para a Turquia em 2018, com US$ 56,3 milhões de janeiro a julho e alta de 207,4% em comparação ao mesmo intervalo de 2017. Em todo o ano passado, o Estado foi o segundo maior fornecedor dos turcos, com US$ 35,6 milhões, ou 24,4% dos US$ 146 milhões negociados por todo o país. O Pará é o primeiro da lista, com receita de US$ 58,7 milhões em 2017 e de US$ 96,1 milhões nos sete primeiros meses deste ano.

Conforme Luz, até agora a Farsul não recebeu qualquer informação sobre uma possível redução ou mesmo interrupção dos embarques para a Turquia. Na opinião dele, mesmo com a desvalorização da lira turca, ainda é mais barato para o país importar gado vivo do que carne bovina, e o Brasil tem vantagens em relação a outros fornecedores internacionais porque o real também se desvalorizou nas últimas semanas, ainda que bem menos do que a moeda turca.

Uma fonte do segmento afirmou ao Valor que ainda é cedo para dimensionar o impacto do tremor turco sobre os embarques brasileiros de bovinos vivos. “Diante da instabilidade cambial no país, é natural que os compradores até peçam um tempo para avaliar a situação. Foi isso o que aconteceu no Uruguai, que exporta carne bovina para Turquia. Mas é improvável que a compras deixem de ser feitas”, avaliou. “Se o país não quer convulsão social, não vai afetar o preço dos alimentos. O consumo de carne faz parte da rotina”, disse.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, “não se pode negar” que um eventual aumento da oferta interna por causa da queda das importações de animais vivos pela Turquia terá “algum efeito sobre os preços”. Atualmente o quilo vivo está cotado em torno de R$ 4,70 no Estado, mesmo nível de 12 meses atrás.

“Havia um temor nosso de que poderia ocorrer falta do produto em caso de crescimento muito acentuado das exportações [de bois vivos]”, lembra Lauxen. Conforme ele, em caso de suspensão das vendas externas o gado poderá ser absorvido pelos frigoríficos locais, que têm capacidade para abater 2,5 milhões de cabeças por ano e operam com ociosidade em torno de 25%.

Se no Rio Grande do Sul o momento é de atenção, nos demais portos brasileiros que trabalham com cargas vivas a turbulência turca ainda não se anunciou. Em Barcarena, no Pará, a administração do -porto de Vila do Conde informou que o próximo navio programado para atracar, na quinta- feira da semana que vem, carregará o maior lote deste ano para a Turquia – 20 mil cabeças de boi. Até junho, foram 37,4 mil, todos com chegada em Mersin. Em São Sebastião, as operadoras de carga também afirmam que nenhum sinal dos compradores turcos foi emitido até o momento.

FONTE: beefpoint

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