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11/12/2017

Água e petisco: bares viram ponto de encontro para animais de estimação

Que maravilha, não? embora eu concorde com aquela veterinária que disse que quem gosta de cães leva eles para passear e não para bares..... kakaka.... há controvérsia....
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Movimento dog friendly se espalhou pela Zona Sul do Rio
RIO — Tim, um espevitado poodle print de 13 anos, chega muito à vontade à Adega do Cesare, em Copacabana. Cheira tudo, se espreguiça e pacientemente aguarda pela vasilha de água fresca colocada para os clientes de quatro patas. Depois, no colo da dona, Iolanda Oliveira, de 69 anos, aprecia o movimento e interage com outros cãezinhos que também frequentam o local. A adega é mais um estabelecimento que faz parte do movimento dog friendly, uma tendência que já se espalhou pelos bairros da Zona Sul, agradando em cheio aos donos e, é claro, aos pets.

— Eu carrego o Tim para todos os lugares que vou. Assim como eu, muitas outras pessoas fazem o mesmo com seus bichinhos de estimação. Por isso, é com alegria que vejo os estabelecimentos abrindo cada vez mais as suas portas para os nossos pets — conta Iolanda.


Desde que veio de Goiânia para o Rio, todos os dias, a arquiteta Bethânia Carvalho, de 38 anos, leva Pandora para passear na rua três vezes por dia. A pastora alemã richt bicolor, de 2 anos e meio, também tem na Adega do Cesare uma parada certa durante o trajeto, para beber água fresca em frente ao restaurante. Ela, entre outros cachorros das redondezas, já conhece e aproveita o agrado da casa.

— A água é trocada toda hora. No verão tem até gelo. Quando o pote está vazio, a Pandora olha para o garçom, que imediatamente traz mais — conta Bethânia, que almoça praticamente todos os dias na adega, nas mesinhas dispostas no lado de fora, em que os animais podem acompanhar as refeições.

Sócia da adega, Carmem Suarez, de 52 anos, colocou a água à disposição dos animais há cerca de um ano, e a aceitação foi melhor do que esperava. — Fui a Ipanema e vi alguns estabelecimentos oferecendo esse carinho. Decidi aproveitar a ideia — diz.

Carmem acredita que a socialização promovida pela presença dos cães só traz benefícios. — Tem momentos em que há uma turma de cachorros para beber água ao mesmo tempo. Eles adoram essa integração e acaba que os donos se tornam amigos também — afirma Carmem, que eventualmente leva o seu simpático vira-latas Zeus, de 1 ano e meio de idade, para acompanhá-la no trabalho e “fazer novas amizades”.

Já o Legião Carioca abriu as portas há um ano em Botafogo e já nasceu carregando a filosofia pet friendly. Segundo a proprietária, Luciana Feijó, durante a obra do estabelecimento muitas pessoas que passeavam com seus cães perguntavam o que abriria ali.

— Foi quando tivemos a sensibilidade de perceber que nossos vizinhos tinham cães como membros da família. Como somos uma hamburgueria de bairro, achamos simpático abrir as portas para toda a família — explica ela. — Além disso, tenho uma cachorrinha, a pincher Joaninha, de 5 anos, e no Rio quase não temos espaço que eles possam ir conosco.

Luciana conta que há pouco mais de dois meses fechou parceria com uma cervejaria que tem um buldogue francês como logo e uma cerveja chamada Friends: — Quis justamente associar amigos, cerveja, já que somos uma cervejaria, e os pets, é claro.

Ela conta que nesse um ano de funcionamento da casa a receptividade dos clientes só vem aumentando. E que não restringe o porte do animal a frequentar o estabelecimento. Mesmo os de médio ou grande porte estão liberados. No entanto, ela pede aos donos sensibilidade e respeito com os outros clientes.

— Provavelmente deve ter havido um ou outro cliente que não tenha gostado da presença de cães. Mas nunca chegaram até mim coisas negativas sobre ter cães dentro da loja. Então até hoje todos os cães levados pelos donos ficam muito bem na loja e estão, inclusive ambientados. É muito legal esse clima que criamos lá. Não quero abrir mão. Além do mais, já me apaguei a vários deles, como a Leka, Badort, Bruno, Mariana, Melissa, Anakin, Mel, Lorena... E até um gatinho — relata ela.

MASCOTES SÃO ATRAÇÃO À PARTE
Ser um bar bom para cachorro rende histórias curiosas protagonizadas pelos frequentadores de quatro patas e seus donos. Diego Baião, sócio do Boteco Colarinho, em Botafogo, conta que desde 2010 permite a entrada de cães na varanda do bar, e que, nesse período, já viu situações inusitadas.

— Tem clientes que querem que o cachorro coma no mesmo prato que eles, por exemplo. Felizmente tivemos poucos desses. Também já tivemos outros que amarraram a coleira do cachorro à mesa, e, quando passou uma cadela na rua, o bicho saiu em disparada arrastando a mesa até a esquina — diz ele, aos risos.

Baião lembra ainda o cachorro que invadiu o salão do Colarinho atrás da dona. — A cliente deixou o cão com uma amiga, mas ele não aguentou esperar e entrou correndo, cheirando todas as mesas. Ninguém conseguia segurar o cachorro, que só sossegou quando a dona chegou — conta ele.

E se tem uma figura que já deixou sua marca na casa é o o buldogue inglês Barthô, de 6 anos e meio. Habitué do bar, ele é chamado pelo nome por garçons e frequentadores. Orgulhoso, seu dono, o empresário Victor Avelar, de 35 anos, diz que ele virou uma espécie de mascote.

— Fui um dos primeiros clientes do Colarinho. Eu parava para tomar um chope e ele tomava uma água. Aqui foi um dos bares pioneiros em acolher cachorros — afirma ele, que caminha com Barthô duas vezes por dia, passeia por Lagoa, calçadão e aterro, sem falar nas viagens que faz com o companheiro. — Planejo as viagens para hotéis e pousadas que aceitem cachorro. Eu tenho um filho de oito meses, o Théo, que ama o Barthô. Ele é meu filhão mais velho.

Já em Ipanema, as mascotes têm endereço certo para aquela parada estratégica de todos os dias. Com direito a água, petiscos e ração à vontade. Trata-se do Osório Bar, do casal Rogério Gegeu e Mariele Kruel, uma dupla apaixonada por animais. — Amo tanto cachorro que precisei criar uma ligação entre os bichinhos e o bar. Não sabia ao certo o que seria. Hoje, os cachorros são mais clientes nossos que os próprios donos — brinca Gegeu.

A ideia começou no fim do ano passado, pouco depois da inauguração do bar, quando um cliente perguntou para Gegeu se podia ser atendido mesmo estando com um cachorro. A resposta positiva foi imediata, e em pouco tempo toda a estrutura para receber os cachorros estava montada. Os bichinhos são tão bem-vindos por lá que se integraram até mesmo à roda de rock, criada por Gegeu, no último fim de semana do mês.  — Por causa disso, a casa ficou conhecida como o canto do Rocão, um trocadilho em referência ao espaço que damos para aqueles que não querem se separar de seus cachorros, nem na hora da descontração — conta.

FIDELIDADE COM QUEM DÁ CARINHO
Para os donos dos animais de estimação, os lugares que recebem suas mascotes de portas abertas são uma espécie de segunda casa. A advogada e psicóloga Mariana Coelho, de 34 anos, “mãe” da labradora Luna, que o diga. De tão à vontade, sua filha de quatro patas chega a ir sozinha ao Osório Bar, garante.


— Isso porque ela anda solta, carregando sua coleirinha na boca. Às vezes eu ainda estou na esquina e ela já está entrando e socializando. E eu chego meia hora depois — conta Mariana, que adotou Luna há sete anos e meio. — Ela é tão apaixonada pela casa que brinco dizendo que se eu desse a chave e o cartão de crédio para Luna estaria falida. Porque ela ia querer ficar lá da hora que abre até quando fechar.

A advogada conta que a relação com o Osório começou porque o bar fica bem no caminho da volta de seu passeio diário com Luna. — Um dia resolvi testar e ver se era mesmo dog friendly, porque tem muito lugar que se intitula assim e não é. Viramos fãs de carteirinha. Eles realmente amam animais, e cachorro fideliza com quem dá carinho, né? — diz ela, revelando que, além dos mimos da casa, Luna ainda ganha uma ou outra batatinha da mesa vizinha. — Como eu não sou uma mãe muito ortodoxa assim, acabo deixando.

Já a administradora Luiza Annarumma, de 24 anos, faz questão de carregar seu trio de mascotes para onde vai. Os vira-latas Mariana, de 1 ano; Bruno, de 5; e, Melissa, de 7 anos, são seus companheiros inseparáveis e um dos points preferidos deles é o Legião Carioca. — Minha relação com os animais vem desde pequena. Para mim, são parte da família, meus filhos. É extremamente reconfortante você se sentar num lugar que aceite seus filhos como eles são — afirma Luiza.


Para Kelly Dalva, sócia do The Sanduwish Shop, no Catete, saber que há lugares que permitem a entrada de bichinhos de estimação estimula até as pessoas a saírem mais de suas casas: — Eles estão cada vez mais incluídos no dia a dia das famílias e merecem sim todos os mimos possíveis. É com muito prazer que abrimos as portas para eles.

TENDÊNDIA PET FRIENDLY
O conceito pet friendly — que significa adotar uma postura amigável em relação aos animais de estimação — está cada vez mais difundido no Brasil. Até porque os bichinhos já são considerados membros da família, e essa convivência faz com que se queira levá-los também para aproveitar os momentos de lazer.


Na Zona Sul, não apenas alguns bares aceitam a entrada de pets, mas também outros estabelecimentos, como a Livraria da Travessa, em Ipanema; e a Antiga Mercearia, no Humaitá. Já o Rio Design Leblon foi um dos pioneiros em aceitar a entrada de pets. Desde 2007, a entrada de cães de pequeno e médio porte é permitida, ficando restrita apenas aos restaurantes.

No quesito hospedagem, os pets são bem-vindos em locais como o Hotel Santa Teresa e o Solar do Cosme, no Cosme Velho. Segundo Márcia Barbosa, sócia deste último, ser um estabelecimento pet friendly só vai funcionar bem para os empreendedores que tiverem uma relação afetiva com os animais. — Eu não imagino a minha rotina sem bichos, então em todas as áreas da minha vida os animais têm que estar presentes. Assim, fazia todo sentido tê-los no meu ambiente de trabalho também — diz.

Ela conta que a maioria dos hóspedes, mesmo os que não têm animais, acaba gostando da convivência dos bichinhos. — Inclusive, tivemos casos de hóspedes que tinham medo de pets e durante a estada aprenderam a superar esse medo. E hoje até pensam na possibilidade de ter animais — assegura Márcia.

Fonte: O Globo

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