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3/14/2019

Lixo e pesca predatória causam efeitos devastadores a animais marinhos em AL

Em 1 ano, cerca de 2 mil bichos foram encontrados sem vida nas praias do litoral

Tartaruga encontrada morta em uma das praias do estado

As praias de Alagoas são destaques na mídia nacional e internacional por causa de suas belezas naturais, atraindo turistas de diversas partes do país e do mundo. Contudo, as boas aparências não são o suficiente para disfarçar a grande quantidade de animais marinhos

encontrados sem vida nas areias de todo o litoral alagoano.

O Instituto Biota de Conservação catalogou no período de maio de 2018 a janeiro de deste ano 2.473 casos de animais encontrados sem vida na costa do estado. Segundo informações fornecidas pelo próprio órgão no início deste ano, a coexistência dos animais com a pesca e a poluição das águas podem ser as grandes causas para este fenômeno.

Relacionando os problemas entre si, dispositivos de pesca abandonados, perdidos ou descartados no mar ainda podem funcionar mesmo sem estar sendo operados manualmente, sendo conhecidos como "dispositivos fantasmas", por ainda realizarem sua função após longos períodos abandonados.

Esses materiais, largados por empresas ou pela população, influenciam negativamente o ambiente submerso dos animais marinhos, pois os bichos podem acabar mordendo iscas inutilizadas, anzóis ou sufocar-se nos emaranhados das redes de pesca, fato que pode ocasionar uma reação em cadeia. Os animais predadores atraídos por suas presas acabam encontrando o mesmo destino.
No Brasil, estudos demonstram que os aparatos classificados como redes, ganchos e linhas de pesca foram os principais objetos encontrados em Tamandaré (PE), Maragogi (AL) e até mesmo nas águas do arquipélago de Fernando de Noronha (PE), área de preservação ambiental. Em alguns casos, materiais foram encontrados em locais onde a  prática da pesca é proibida.

Segundo um artigo publicado pela organização internacional de bem-estar animal, World Animal Protection - do inglês, "proteção animal mundial" - cerca de 80% das empresas internacionais do ramo da pesca não estão realizando, de maneira efetiva, a gestão dos materiais responsáveis pela pesca fantasma, mesmo quando os mesmos são originados pelas próprias empresas.

Dados fornecidos pela organização demonstram que cerca de 640 mil toneladas desses objetos são despejados nos oceanos anualmente, contribuindo pela morte dos diversos tipos de vida marinha.

Em Alagoas, a divisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no estado reconhece que a pesca ocorre em diversos locais do território litorâneo, confirmando a atuação conforme a legislação. Todavia, o chefe da divisão técnico ambiental, Rivaldo Couto, não nega haver um possível exagero por parte dos praticantes desta atividade.

"A pesca ocorre em diversos locais de Alagoas, sem se distanciar da forma prevista pela legislação. Provavelmente, deve ter [um exagero por parte dos pescadores], mas a gente não tem essas informações", comentou.

Questionado sobre a incidência do lixo nos mares da capital, Rivaldo explicou que a origem do lixo incidente nas praias possui diversas fontes de origem. "Aqui em Maceió temos fontes ligadas ao mar, como o Riacho Salgadinho. Normalmente, o lixo é originário das praias, porém também podem ser carregados pelos rios", relatou.

Os resíduos sólidos, jogados pela população no Riacho Salgadinho, que faz ligação com a Praia da Avenida, são de materiais variados. Já foram encontrados desde materiais plásticos mais simples, como garrafas pet a até mesmo sofás.

De acordo com artigo 54 da Lei nº 9.605, é caracterizado como crime "causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais", com a pena de seis meses a cinco anos de detenção.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/10, prevê a redução na emissão de resíduos sólidos, incentivando práticas de consumo sustentável assim como responsabilizando os principais geradores desses materiais, como os fabricantes, importadores e distribuidores.

Somente no ano passado, a Superintendência de Limpeza Urbana (Slum) retirou de toda a faixa da orla marítima de Maceió cerca de 8.329 mil toneladas de lixo. Segundo a assessoria, em sua maioria foram recolhidos materiais recicláveis.

Nos meses de janeiro e dezembro, onde são comemoradas as festas de fim de ano nas praias da capital, foram os períodos que mais apresentaram a incidência de lixo, tendo sido recolhido cerca de 900 toneladas em cada mês.

A Gazetaweb buscou o Instituto do Meio Ambiente (IMA) para falar sobre o assunto através de um e-mail enviado no dia 12 de fevereiro, por volta das 10h da manhã. Não teve retorno. Posteriormente, tentou conversar por telefone com Ricardo César, coordenador do programa estadual de Gerenciamento Costeiro (GERCO) do órgão, entre os dias 18 e 20 do mesmo mês, mas também não conseguiu.

Destes 2.473 animais que foram encontrados nas orlas marítimas do estado, 1.948 são tartarugas da espécie Chelonia mydas, popularmente conhecidas como "tartarugas-verdes". Essa espécie costuma habitar águas costeiras com vegetação abundante, ilhas ou baías sendo vistas raramente em alto mar.

Apesar altos, os números não demonstram a real totalidade das possíveis mortes desses quelônios, representando apenas entre 10% a 20% da taxa de mortalidade. A maioria das mortes ocorre em alto mar, não chegando a encalhar na região costeira.

Naturalmente, a expectativa de vida de uma tartaruga é 80 anos. Entretanto, a faixa etária das tartarugas-verdes encontradas nas praias do estado é entre 5 a 10 anos, morrendo antes de de começar sua vida sexual, aos 30 anos.

Conforme o coordenador do Laboratório de Biologia Marinha e Conservação, Robson Guimarães, mesmo não parecendo, a preservação dos animais marinhos vêm melhorando, mas ainda existem obstáculos.

"De maneira geral, quando olhamos o estado de conservação das tartarugas no Brasil ao longo dos anos, ele vem melhorando, porém as ameaças continuam constantes e crescentes. Uma [ameaça] que ainda é subestimada é a própria poluição por plástico, fator crescente globalmente", disse o biólogo.

Para Robson, a responsabilidade encontra-se na maneira como utilizamos o material. "O nosso grande problema é que pegamos o plástico, que é material durável, e usamos ele de maneira ruim, pegamos algo durável e usamos como descartável", comentou.

PESQUISA REVELA ALTO ÍNDICE DE CAPTURAS

Fora a poluição por plástico, a captura, acidental ou não, também contribui para as mortes das tartarugas. Para concluir um artigo, o biólogo Cláudio Sampaio fez 64 entrevistas com pescadores da região do Litoral Sul alagoano. A apuração revelou  um alto índice de capturas.

O verão é a estação onde a interação dos pescadores com os animais se demonstrou mais frequente, devido ao aumento das atividades pesqueiras ocasionadas pelas vantajosas condições das marés.

Na região do Peba, cerca de 92% dos pescadores afirmaram ter apanhado tartarugas mortas em suas redes de arrasto e caceia, realizando o descarte dos animais no mar logo após seu recolhimento.

De acordo com as apurações realizadas por Cláudio, as principais ameaças e motivos e encalhes de tartarugas no Litoral Sul alagoano são as capturas acidentais em redes e a poluição.

Iniciado em 1980, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o projeto Tamar busca proteger esses animais marinhos em todo o território nacional.  A Fundação Pró-Tamar é a principal executora das ações do Plano Nacional de Ação para a Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil do ICMBio/MMA.

Protegendo áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso dos quelônios marinhos, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, o Tamar vem auxiliando  efetivamente na preservação ambiental desses animais.

FONTE: gazetaweb.globo

Um comentário:

  1. O problema desse país é o ser humano. Ao contrário de Midas, tudo o que gente sem educação toca, vira M&3D@.

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